Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Segunda - 18 de Outubro de 2004 às 16:51

    Imprimir


As gravações de conversas telefônicas entre uma testemunha mantida em sigilo pela Polícia de São Paulo e dois funcionários de Júlio José de Campos, ex-governador de Mato Grosso, ex-senador e atual conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) , são mais indícios contra o político, investigado como suposto mandante de dois assassinatos cometidos em São Paulo. Ao realizar as ligações, a testemunha se passou por interessada em adquirir uma imensa área de terras rica em pedras preciosas, como diamantes e turmalinas, nos municípios de Juína e Aripuanã (noroeste de Mato Grosso).

Os telefonemas foram dados para a secretária Nauriá Alves de Oliveira e para o sargento da reserva da PM de Mato Grosso, Delci Baleeiro de Souza. Nauriá é funcionária da emissora de TV pertencente a Campos, em Cuiabá, enquanto Delci trabalha como segurança do político, sendo que ambos tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça paulista e permanecem foragidos.

A advogada Patrícia Quessada Milan entrou com pedido de habeas corpus em favor da dupla, mas ele ainda não foi julgado. Nos telefonemas, Nauriá e Delci, que figuram como titulares da empresa Agropastoril Cedro Bom, com sede em Cuiabá e proprietária da gleba rica em jazidas de pedras preciosas, afirmam que Campos é o dono das terras. Com as declarações, indiretamente, a secretária e o segurança atribuem para si a condição de laranjas do político.

A gravação dessas conversas faz parte dos inquéritos policiais que apuram as execuções a tiros do empresário Antônio Ribeiro Filho e do geólogo húngaro Nicolau Ladislau Haraly. O primeiro foi morto em 5 de agosto, na Praia das Pitangueiras, em Guarujá. O assassinato do segundo ocorreu em 20 de julho, no Morumbi, na zona sul da capital paulista.

Outra importante prova dos inquéritos é o depoimento do contador Carlos Alberto Almeida, de Cuiabá. Ele disse que alterou o contrato social da Agropastoril Cedro Bom a pedido do ex-governador. Com a mudança do documento, que ainda contou com a falsificação de assinaturas, Nauriá e Delci passaram a ser os novos sócios da empresa no lugar de Ribeiro e Haraly.

Com base nesses indícios contra Campos, a Polícia Civil de São Paulo obteve junto ao SJT (Superior Tribunal de Justiça) a quebra do sigilo telefônico do ex-governador e também irá requerer a quebra do sigilo bancário do suspeito de ser o mentor intelectual dos homicídios. Os requerimentos são apreciados pelo STJ, porque Campos tem foro privilegiado em razão de ser conselheiro do TCE.

Os crimes são apurados por delegados de Guarujá e do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), sob a coordenação de João Jorge Guerra Cortez, delegado seccional de Santos. Eles já realizaram diligências em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, para onde poderão retornar, conforme o interesse das investigações.

Se por um lado os delegados ainda reúnem indícios contra o ex-governador e outras pessoas eventualmente ligadas à autoria intelectual dos crimes, na outra ponta das investigações eles já prenderam três acusados de executar os homicídios: o policial militar Nelson Barbosa de Oliveira e os policiais civis Eduardo Minare Higa e Ezaquiel Leite Furtado, todos de Mato Grosso do Sul.




Fonte: A Tribuna

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/371378/visualizar/