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Politica Brasil
Sábado - 16 de Outubro de 2004 às 17:08

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O Superior Tribunal de Justiça (STJ), atendeu a representação feita pela Polícia Civil de São Paulo e quebrou o sigilo telefônico do ex-governador de Mato Grosso Júlio José de Campos, apontado como suposto mandante da morte de um empresário e um geólogo. Os crimes teriam sido cometido por um policial militar de Mato Grosso do Sul (MS), que encontra-se preso.

Conforme o jornal A Tribuna Digital, a Polícia paulista agora só aguarda a oficialização da Corte Suprema sobre a representação de quebra de sigilo bancário, que também está no STJ. Segundo ainda informações do jornal, a advogada Patrícia Quessada Milan, de Cuiabá, teria ingressado com habeas corpus em favor de Nauriá Alves de Oliveira e do ex-policial militar e segurança Delci Balleiro da Silva, ambos funcionários de Campos.

Os dois foragidos constam como novos sócios da empresa Agropastoril Cedro Bom, dona de fazenda que teria jazidas de pedras preciosas e pertencia às vítimas, o empresário Antônio Ribeiro Filho e o geólogo húngaro Nicolau Ladislau Haraly, mortos a tiros, respectivamente, em Guarujá e em São Paulo.

O empresário executado segundo as investigações da Polícia, teria sido representante do governo de Júlio Campos em São Paulo na década de 80. Três policiais de Mato Grosso do Sul estão presos por envolvimento no crime, o PM Nelson Barbosa de Oliveira, apontado como autor dos assassinatos, o policial civil da ativa Eduardo Minare Higa e o policial civil aposentado Ezequiel Liete Furtado.

Além deles há um quarto suspeito foragido- o funcionário da Secretaria de Receita e Controle em Campo Grande Alberto Aparecido Rodrigues Nogueira, o Betão. A polícia também procura uma quinta envolvida, uma mulher que teria se hospedado com os policiais no município de Guaraju, onde Antônio Ribeiro Filho foi morto. O geólogo foi morto em São Paulo, capital, no bairro do Morumbi.

Querem se entregar

Os advogados do sub-tenente da reserva da Polícia Militar Delci Baleeiro Souza e da secretária Nauriá de Oliveira informaram à polícia que os dois foragidos querem se apresentar. Os dois são acusados de atuar como “laranjas” numa transferência ilegal de terras do empresário Antônio Ribeiro Filho, assasinado no Guarujá-SP. O mentor intelectual, conforme apontam as investigações da Polícia Civil de São Paulo, seria o ex-governador e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Júlio Campos.

Nauriá é secretária da TV Brasil Oeste, em Cuiabá, propriedade de Campos. Já Delci é segurança do ex-governador há mais de 20 anos, o que reforça as suspeitas da polícia. Os dois tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça de São Paulo. Um dos advogados dos acusados procurou há poucos minutos o delegado titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em Cuiabá, João Bosco de Barros, para protocolar ofício assegurando a apresentação de Nauriá e Delci.

O delegado, no entanto, disse que não quer interferir no caso, sob a investigação da justiça paulista. Bosco informou ainda que irá comunicar a Diretoria Geral da Polícia Civil de Mato Grosso sobre o documento e pedir uma orientação se acata ou não a sinalização dos foragidos.

Entenda o caso

O empresário Antônio Ribeiro Filho e o geólogo húngaro Nicolau Ladislau Haraly, ambos assassinados, eram sócios da Agropastoril Cedro Bom. Com sede em Cuiabá, a empresa é proprietária de uma área com 87 mil hectares no município de Aripuanã — onde haveria jazidas de diamantes e turmalinas, entre outras pedras — e de outra com 11.700 hectares na cidade de Juína. Tamanha riqueza, segundo as investigações da polícia, teriam motivados os crimes.

Durante as investigações dos homicídios, a polícia descobriu que houve uma alteração no contrato social da Agropastoril Cedro Bom, figurando como novos titulares a secretária Nauriá Alves de Oliveira e o sargento da reserva da Polícia Militar do Mato Grosso, Delci Baleeiro Souza. Ambos possuem vínculos de subordinação com o ex-governador e ex-senador.

Segundo o delegado seccional de Santos, João Jorge Guerra Cortez, em depoimento prestado na capital mato-grossense, o contador Carlos Almeida, dono de um escritório de contabilidade, revelou que recebeu determinação do ex-senador para alterar o contrato social da Agropastoril Cedro Bom.

A descoberta da falcatrua e a intenção das vítimas em denunciá-la teriam funcionado como um decreto da morte delas próprias. Em 20 de julho, no Morumbi, na Zona Sul da Capital, o geólogo foi assassinado na garagem de sua casa. O homicídio de Ribeiro ocorreu na manhã de 5 de agosto, quando ele passeava com o seu cão no calçadão da Praia das Pitangueiras, em Guarujá.

Os projéteis recolhidos nos corpos das vítimas são de pistola calibre 380 e foram confrontados entre si. A perícia acusou que eles foram disparados pela mesma arma. Depois, uma testemunha reconheceu por meio de foto o policial militar Nelson Barbosa de Oliveira, de Mato Grosso do Sul, como o matador do geólogo. O mesmo acusado esteve em Guarujá por ocasião da morte do empresário.

Ribeiro residia com a esposa em um luxuoso flat e o policial militar ficou hospedado em um hotel situado na frente, junto com Alberto Aparecido Rodrigues Nogueira, o Betão, e uma mulher. No flat, por ocasião do homicídio, estavam hospedados o agente policial da ativa Eduardo Minare Higa e o agente aposentado Ezaquiel Leite Furtado, ambos da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

Ainda em 5 de agosto, à noite, Furtado e Higa foram capturados por investigadores de Guarujá. Os agentes estavam no Aeroporto de Congonhas na iminência de embarcar em um vôo com destino a Campo Grande. Ambos tiveram a prisão decretada pela Justiça e encontram-se recolhidos no Presídio da Polícia Civil de São Paulo, na Capital.

A captura do policial militar Oliveira, que também teve a prisão decretada pela Justiça, ocorreu em Ponta Porã (MS), em 10 de setembro. Recolhido no Comando Geral da PM daquele estado, o acusado deverá ser trazido para São Paulo. Ele já foi interrogado em Campo Grande por Guerra, mas invocou o direito constitucional de nada responder às cerca de 100 perguntas que lhe foram feitas.

Apontado como pistoleiro de aluguel, registrando passagem pelo homicídio de um policial militar em Mato Grosso do Sul, Betão permanece foragido. Também é ignorado o paradeiro da mulher que o acompanhou até Guarujá, cujo nome ainda é mantido em sigilo pela polícia. A prisão da dupla é importante para apurar a provável participação de mais pessoas nas execuções.




Fonte: 24 Horas News

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