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Saúde
Quinta - 14 de Outubro de 2004 às 23:10

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Um protótipo de uma vacina contra a forma mais grave de malária apresentou resultados "promissores" durante uma experiência feita com crianças pequenas em Moçambique, segundo um estudo que será publicado na edição de sábado da revista britânica Lancet.

A malária mata a cada ano no mundo mais de um milhão de pessoas, 90% delas na África. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é a principal causa de morte entre crianças menores de cinco anos no continente.

"Nossos resultados demonstram que o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a malária é viável", disseram o doutor Pedro Alonso e outros cientistas que participaram do teste organizado pela GSK Biologicals, uma unidade do grupo farmacêutico britânico GlaxoSmithKline, e pelo Centro de Pesquisas em Saúde do Distrito de Manhica (CISM), em Maputo, sul de Moçambique.

O caminho continua sendo "longo e caótico" antes de podermos chegar, talvez em 2010, à comercialização de uma vacina "segura, eficaz e utilizável em grande escala" contra a malária, advertiram os especialistas franceses Philippe Van de Perre e Jean-Pierre Dedet (Universidade de Montpellier), que destacaram "os resultados promissores" num artigo publicado na The Lancet.

Já testada em adultos de Gâmbia, a eficácia da vacina-protótipo RTS,S/AS02A, que ataca o parasita Plasmodium falciparum antes de se multiplicar no fígado e infectar os glóbulos vermelhos, foi alvo de um novo teste em cerca de duas mil crianças com idades entre 1 e 4 anos, em Moçambique, entre abril de 2003 e maio de 2004.

Segundo os autores do teste, a vacina se revelou "segura e bem tolerada", além de capaz de provocar uma reação imunológica.

Durante este teste, as crianças foram divididas em dois grupos equivalentes. Um recebeu três doses da vacina-protótipo e o outro, vacinas contra outras doenças (grupo de controle). Tanto os pacientes quanto os médicos não sabiam quem recebeu a vacina testada.

O acompanhamento completo, durante seis meses, de um primeiro contingente de 1.490 crianças mostrou uma eficácia de cerca de 30% para a vacina-protótipo: 123 "primeiros episódios clínicos" de malária foram registrados entre as crianças que receberam três injeções da vacina, contra 159 (ou seja mais 36) do grupo de controle.

Algo mais inesperado, segundo os especialistas, foi que a freqüência das graves crises de malária caiu 58% e até mais entre os menores de dois anos.

Ao fim de seis meses de acompanhamento, a taxa de infecção continuava pequena entre as crianças vacinadas contra a malária (12%), em relação às grupo de controle (19%). Bastante elevado, depois das três injeções, o número de anticorpos dirigidos contra o parasita tinha caído 75% seis meses depois, mas continuava havendo uma proteção.

Em outro teste feito com 400 crianças, a taxa de eficácia da vacina para impedir a primeira infecção foi estimada em 45%.

De 30 vacinas-protótipo contra a malária testadas atualmente em humanos, duas estão mais adiantadas do que as outras, entre elas a da GSK Biologicals.




Fonte: AFP

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