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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Quinta - 30 de Setembro de 2004 às 11:39
Por: João Carlos Caldeira

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A greve dos bancários, uma das mais organizadas categorias de trabalhadores do país, não está somente conseguindo mobilizar e chamar atenção para suas reivindicações, mas também passando por uma prova de fogo.

Há vários anos que a categoria não mostrava tanta força. Em Mato Grosso, outras greves da categoria não conseguiram mobilizar e fechar tantas agências como agora.A categoria reivindica um aumento de 25%, enquanto que a Federação Nacional dos Bancos oferece apenas 8,5% .

Grande parte dos bancos privados conseguiram liminar na justiça e retomaram o atendimento normal ao público. A Justiça determinou ainda que ao menos 30% das agências (inclusive as do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), mantivessem o atendimento normal.

O presidente do Sindicato dos Empregados nos Estabelecimentos bancários de Mato Grosso, Eduardo Alencar, está conseguindo manter o movimento, utilizando até mesmo o MST. Nas agências que abriram suas portas ao público, integrantes do MST fizeram uma fila gigantesca para depositar R$-0,01 em diversas contas, para tumultuar o atendimento.

A prova de fogo que me refiro está ligado a alto índice de automatização bancária, a internet e aos concorrentes das agências bancárias tradicionais: as loterias, as cooperativas de crédito e os Bancos Postais.

Não sei você amigo (a) leitor (a), mas eu estou conseguindo sobreviver bem sem o atendimento bancário. Tenho pago minhas contas pela internet, recebo os créditos eletronicamente, e faço depósitos e saques nos caixas eletrônicos.

Mesmo quem não tem acesso a internet está se virando com as agências dos Correios, das Lotéricas e das Cooperativas de crédito, que não aderiram ao movimento.

Já dizia meu pai: ¨Filho, não falte ao trabalho para que o patrão não perceba que você pode não fazer falta¨.

O nível de informatização das agências, através da internet e dos caixas eletrônicos, permite ao cliente realizar quase todas as operações sem a necessidade física de funcionários.

Como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, alguns aposentados, pensionistas e beneficiários de programas sociais do governo que não possuem cartão magnético estão impossibilitados de receberem seus benefícios. Alguns desempregados recentes, também não conseguem sacar o FGTS e dar entrada no seguro desemprego.

Talvez o tiro possa saia pela culatra! A greve será um teste para os banco observarem se ainda ha espaço para mais demissões através do aumento do atendimento eletrônico e do corte de pessoal em determinados locais.

Além disso, os clientes que ainda resistiam a informatização, terão que usar a tecnologia durante a greve e passarão a conhecer outros postos de atendimentos, nas Lotéricas, nos Correios e nas Cooperativas de crédito, diminuindo a dependência do atendimento bancário das agências.

O direito de greve é constitucional e a reivindicação de reajuste pode até ser justa, mas bancários, se cuidem!

João Carlos Caldeira
Empresário, jornalista, professor universitário.
E-mail: joaocmc@terra.com.br




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