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Politica Brasil
Quarta - 29 de Setembro de 2004 às 16:37

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O ministro da Comunicação de Governo e Gestão Luiz Gushiken subiu ao 11º andar do Corporate Financial Center. O escritório, 600 metros quadrados no edifício comercial mais suntuoso e moderno de Brasília, que ele freqüenta duas ou três vezes por semana para criar um plano estratégico de desenvolvimento do País. “Estamos decidindo agora qual o Brasil que deixaremos para nossos descendentes”, disse Gushiken. “Vamos apontar a direção para cada setor e sugerir os melhores caminhos a este e aos futuros governos.” Na seara do ministro há um grande pacote de metas sendo amarrado para oito diferentes setores da vida nacional. A idéia é lançá-lo no início de novembro para, na seqüência, submetê-lo a seis meses de debates junto a empresários, cientistas e à sociedade organizada.

Gushiken batizou seu projeto de Brasil em Três Tempos. “No primeiro vamos traçar as metas até 2007, quando termina este governo”, explica. “O segundo tempo são as metas sociais e econômicas que o País se comprometeu com a ONU a atingir até 2015. Por fim, há os objetivos a serem atingidos até 2022, quando completamos 200 anos de independência.”

Há um núcleo fixo de 15 economistas estudando a Agenda Gushiken sob a coordenação do presidente do Ipea, Glauco Arbix. Neste momento, eles fazem simulações sobre como viabilizar o crescimento (com baixa inflação) com duas diferentes taxas. Na primeira hipótese, se o Brasil crescer a taxas entre 5% e 6% ao ano por 15 anos, precisará aumentar a taxa de poupança interna dos atuais 18% para 22% do PIB. Se a opção for crescer a taxas chinesas para resolver de vez as mazelas sociais, entre 7% e 8% até 2022, precisará dar um jeito de atingir taxas de poupança de 28% do PIB ao ano. Essa discussão faz lembrar as palavras do falecido Mário Henrique Simonsen, quando lhe perguntaram o que tinha achado do II Plano Nacional de Desenvolvimento.

“Não leio ficção”, respondeu o economista mais brilhante da sua geração. Em qualquer hipótese, a conclusão já atingida pelo grupo de Gushiken é que este e os próximos quatro governos – isso mesmo – terão que promover violentos cortes dos gastos públicos e mudanças profundas na estrutura do Estado. “Nosso maior desafio é construir com os empresários e a sociedade um projeto estratégico nacional, que esteja acima deste e dos próximos governos”, diz Gushiken. “Todos os planos anteriores falharam porque foram esquecidos quando mudou o governo.” Algum motivo houve para que isso ocorresse, mas o ministro, de 54 anos, ainda acredita que o PT pode domar o tigre do tempo, esse terrível devorador de ambições.

Não tem experiência direta em questões de planejamento nacional de curto ou longo prazo, e isso talvez explique a aura de irrealidade que atravessa as paredes do Corporate Financial Center. Como secretário de Comunicação de Governo, o ex-militante trotskista tem desfraldado a bandeira da mordaça contra a imprensa, mas como secretário de Gestão Estratégica prefere os debates heterodoxos. Para traçar as metas de longo prazo, Gushiken autorizou sua equipe a beber na fonte do professor e ex-senador de MT Roberto Campos, arquiinimigo da esquerda brasileira mas autor do bem-sucedido Plano de Metas de JK.

Para costurar o primeiro pacote estratégico, ele está mobilizando nada menos do que 120 pessoas em tempo integral. Entusiasmou o vice-presidente do BNDES, Darc Costa, e lhe arrancou R$ 2,4 milhões, a fundo perdido, apenas para a primeira parte do projeto. Em Brasília, reclusos no discreto escritório do edifício Corporate, ficam quatro consultores e 15 assistentes, sob o comando do coronel do Exército Oswaldo Oliva Neto, irmão de Mercadante. Há dez diferentes núcleos de estudos espalhados por todo o País. O Ipea toca em Brasília e no Rio os pacotes econômico e social. A ESG se prontificou em preparar uma proposta de nova divisão territorial do Brasil.

Na agenda do Ministro para ser implantados ainda neste Governo esta a divisão geográfica,criando mais estados a partir da divisão de fatias dos estados de Mato Grosso, Bahia (região Oeste), Amazonas e Pará facilitando a ocupação populacional em regiões de baixa densidade de habitantes.




Fonte: Dinheiro

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