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Meio Ambiente
Sábado - 21 de Agosto de 2004 às 11:32
Por: NEUSA BAPTISTA

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A produção do biodiesel em Mato Grosso foi o tema da palestra "Biodiesel", proferida nesta sexta-feira (21.08) pelo coordenador de Programas de Projetos Especiais da Fapemat (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso), Alexandre Golemo, no estande do Governo do Estado, durante o Amazontech 2004.

Na palestra, foi apresentado o Programa de Biocombustíveis de Mato Grosso (Probiomat), elaborado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Secitec) em 2003 e que está em fase de implantação no Estado. O programa, que prevê o plantio de oleaginosas e a produção experimental de biodiesel, está sendo desenvolvido no assentamento "14 de Agosto", no município de Campo Verde, onde foram plantados girassol e nabo forrageiro em março deste ano. As sementes já foram colhidas e estocadas e serão testadas e qualificadas em breve para o início da produção do óleo. O Probiomat contará com um repasse de R$ 400 mil da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

PROBIOMAT - O Probiomat está entre os programas brasileiros aprovados pelo Governo Federal, inseridos na Rede Nacional de Biocombustíveis, que reúne os estados de Mato Grosso do Sul e Bahia, entre outros. Com a sinalização do Governo Federal em emitir uma portaria fixando a obrigatoriedade do uso de 2% de biodiesel - com aumento progressivo para 10% até 2010 e 20% até 2020 - em todo o diesel consumido no País, as perspectivas são as melhores.

Golemo lembrou também que o Brasil é assinante do Protocolo de Kyoto, tratado que prevê a redução da emissão de poluentes na atmosfera pelos países industrializados. Caso seja ratificado pela Rússia, o protocolo se tornará lei e o uso do biocombustível será uma das medidas tomadas para a diminuição dos poluentes.

PROJETOS - Em 2003, Mato Grosso consumiu um bilhão e oitocentos milhões de litros de diesel. O Brasil consome anualmente 40 bilhões de litros. Com o acréscimo de 2% a ser aprovado pelo Governo representará um volume de 800 milhões de litros de biodiesel.

Golemo destacou que um dos objetivos do Probiomat é a geração de emprego e renda, conforme a política do Governo Federal. Por isso, segundo ele, é de grande importância a parceria com assentamentos rurais e a possibilidade de regionalização das culturas, isto é, o plantio de espécies características de cada região, o que diminui os custos de produção.

Outro objetivo importante é o da diminuição da emissão de poluentes, em especial do gás carbônico: caso o acréscimo seja de 2%, a redução é de 10 a 15%; com acréscimo de 5%, a redução é de 36%.

BIODIESEL - O biodiesel é o substituto natural do diesel que pode ser obtido à partir de óleos vegetais de plantas como a mamona, a soja, o algodão, o amendoim, o girassol e de gorduras animais. Golemo destacou que já estão sendo feitos contatos com empresas que desejem ser parceiras do programa. Uma delas é a Rede Cemat, com quem está sendo feito contato para a instalação de geradores de energia elétrica estacionários com o uso de biodiesel em comunidades onde essa energia ainda não chegou. Outros futuros parceiros do programa são a Prefeitura Municipal de Cuiabá e as empresas Mitsubishi e Real Norte.

Os subprodutos do biodiesel também têm grande valor no mercado. O principal deles é a glicerina, utilizada principalmente na produção de cosméticos, e cuja tonelada pode chegar a custar US$ 1,2 mil.

ECOMAT - A Ecológica Mato Grosso (Ecomat), única empresa na América Latina a produzir biodiesel em larga escala, possui uma capacidade instalada de produção de um milhão e trezentos mil litros de biodiesel por mês. "Já existem contatos da Alemanha e dos EUA que demonstram interesse em comprar o biodiesel da Ecomat", disse o representante da empresa, Giovani Kostetzer. Ele chamou a atenção para o consumo do óleo também como alimento, que no Brasil corresponde a oito litros por pessoa por ano e, nos EUA, maior consumidor mundial, 45 litros por pessoa por ano.

Durante a palestra, o professor da UFMT, Aluízio Borba, apresentou o resultado de suas pesquisas com o girassol, que é o quarto óleo mais consumido no mundo, representando 9,1% de todo o óleo consumido no mundo. Ele observou que o investimento no esmagamento de sementes é uma excelente alternativa para os pequenos produtores, pois a prensa custa o mesmo que um carro popular e o girassol pode ser plantado na safrinha.

AMAZÔNIA - Falando sobre a produção de biodiesel na Amazônia, o pesquisador citou dados do município de Palmas, que produziu 1887 kg de grãos por hectare e 636 kg de óleo por hectare em 2002. No município de Campo Novo do Parecis, a produção de grãos de girassol chegou a 3.356 kg por hectare e 1.378 kg de óleo por hectare; o município de Campo Verde produziu 2.750 kg de grãos e 1.198 kg de óleo por hectare e o de Juscimeira produziu respectivamente 2.732 kg e 1.264 kg por hectare.

Além do uso para a fabricação do biodiesel, o girassol pode ser utilizado também para a alimentação animal e o consumo humano, em forma de amêndoas torradas. A torta ou farelo também pode ser usado na alimentação de animais. O óleo de girassol também é usado na fabricação de cosméticos e de tintas e vernizes em substituição ao óleo de linhaça.




Fonte: Assessoria/Amazontech

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