Sete de cada dez processos judiciais que estavam nos tribunais brasileiros no ano passado não tiveram a tramitação concluída porque não foram julgados, apontam dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgados nesta segunda-feira (29).
Dos 90 milhões de processos em andamento em 2011 em 90 tribunais - o único não analisado é o Supremo Tribunal Federal (STF) -, 63 milhões ficaram pendentes de solução (71%), de acordo com o CNJ.
Para o conselheiro do CNJ José Guilherme Vasi Werner, que apresentou os dados do levantamento "Justiça em Números", a chamada taxa de congestionamento dos processos (todas as ações que terminaram o ano sem conclusão) é "preocupante".
"O CNJ tem sempre incentivado mutirões, principalmente em juizados especiais, para possibilitar que a conciliação seja feita, e o estoque do Judiciário seja reduzido", afirmou o conselheiro. Segundo ele, o desafio agora é identificar quanto tempo cada tipo de processo demora para ser concluído nos tribunais.
Werner afirmou que a redução do estoque de processos é prejudicada pelo número de ações que chega todos os anos aos tribunais. Segundo ele, em 2011 houve aumento de 8,8% em novos processos, num total de 26 milhões de novas ações.
"O número é avassalador. Os casos novos têm apresentado uma majoração a cada ano. É importante para mostrar que a litigiosidade do brasileiro tem aumentado", afirmou o conselheiro do CNJ.
Conforme os dados apresentados, 11 tribunais de Justiça do país tiveram percentuais de congestionamento de processos acima dos 71% da média nacional: Pernambuco (84%), Amazonas (82%), Mato Grosso (81%), Piauí (81%), São Paulo (80%), Espírito Santo (78%), Rio de Janeiro (76%), Bahia (75%), Ceará (74%), Tocantins (72%) e Alagoas (72%).
Segundo o CNJ, em todo o país, cada juiz teve sob sua responsabilidade, em média, 4.594 processos em 2011.
No tribunal onde há maior carga de trabalho por magistrado, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o número foi de 12.596 processos. Em segundo lugar vem São Paulo, com 9.811 processos por magistrado.
Mais tarde, nesta segunda, o presidente do CNJ e do Supremo, Carlos Ayres Britto, afirmou que o Judiciário vive tempo de transparência. "Vivemos tempo de transparência, de visibilidade do poder, de reponsabilização pessoal, de abertura de todos os escrutínios do Judiciário."
A declaração foi feita no lançamento do seminário "Justiça em Números", evento que reúne juristas e magistrados até amanhã, em Brasília, para discutir formas de dar mais eficiência à Justiça, com base no levantamento.
Confira abaixo o ranking nacional considerando os que têm maior taxa de congestionamento e maior carga de trabalho de magistrados.
Taxa de congestionamento |
Carga de trabalho dos magistrados |
||
---|---|---|---|
Tribunal de Justiça |
% de processos não concluídos em 2011 |
Tribunal de Justiça |
Total de processos sob responsabilidade de cada juiz em 2011 |
Média nacional |
71% |
Média nacional |
4.594 |
Pernambuco |
84% |
Rio de Janeiro |
12.596 |
Amazonas |
82% |
São Paulo |
9.811 |
Mato Grosso |
81% |
Pernambuco |
7.264 |
Piauí |
81% |
Espírito Santo |
6.917 |
São Paulo |
80% |
Amazonas |
6.551 |
Espírito Santo |
78% |
Santa Catarina |
6.035 |
Rio de Janeiro |
76% |
Paraná |
5.738 |
Bahia |
75% |
Rio Grande do Sul |
5.530 |
Ceará |
74% |
Mato Grosso |
5.056 |
Tocantins |
72% |
Mato Grosso do Sul |
4.602 |
Alagoas |
72% |
Goiás |
4.189 |
Paraná |
71% |
Rio Grande do Norte |
4.184 |
Santa Catarina |
71% |
Minas Gerais |
3.950 |
Minas Gerais |
70% |
Alagoas |
3.913 |
Goiás |
70% |
Bahia |
3.908 |
Roraima |
69% |
Distrito Federal |
3.164 |
Pará |
66% |
Pará |
3.146 |
Paraíba |
62% |
Paraíba |
3.095 |
Mato Grosso do Sul |
59% |
Tocantins |
2.934 |
Rio Grande do Sul |
58% |
Rondônia |
2.834 |
Rio Grande do Norte |
56% |
Ceará |
2.750 |
Distrito Federal |
56% |
Sergipe |
2.592 |
Sergipe |
54% |
Roraima |
2.556 |
Maranhão |
49% |
Acre |
2.242 |
Rondônia |
46% |
Maranhão |
1.901 |
Acre |
31% |
Piauí |
1.498 |
Amapá |
20% |
Amapá |
1.38 |
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