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Politica Brasil
Segunda - 09 de Agosto de 2004 às 10:19
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Escrevi um artigo no início da gestão Lula, na época envolto em denúncias de aparelhamento do Estado com membros do PT. Considerei na época normal o preenchimento dos cargos com os militantes do PT. Tinham vencido as eleições, puxa, que levassem! Hoje tenho minhas dúvidas sobre o que escrevi, tal o grau do aparelhamento. A ocorrência até em áreas vitais, substituindo técnicos antigos por membros do PT sem quaisquer experiências paralisam a administração pública. Exemplos aparecem toda hora na TV.

Na verdade o PT perdeu a oportunidade de ter mais cautela e de despolitizar a administração das instituições que gerenciam este país. Abriu a porteira de aparelhamentos partidários pós-eleições, em todos os setores. Daqui a dois anos corremos o risco de termos novas substituições em massa de funcionários, atrasando ainda mais o serviço público, e a cada novo presidente, tudo de novo.

Mas este artigo quero falar do Banco do Brasil, esta centenária instituição nacional de fomento. Ao colocar seus caixas de campanha para dirigir o BB, o PT repete os tucanos quando colocaram na diretoria do Banco o tão mal-afamado Ricardo Sérgio de Oliveira, caixa de campanha dos tucanos. O que poderíamos esperar dos diretores atuais? Pois é, deram um “empréstimozinho” de R$ 21.600.000,00 (vinte e um milhões e uns quebrados de 600 mil reais) para informatizar os diretórios municipais do PT. “Isso é normal”, declarou José Genoíno, presidente do PT. É irritante este novo conceito petista de moralidade e ética.

Imaginemos um desastre! Daqui há dois anos Garotinho vence a eleição! Eu, particularmente, consideraria um desastre para o país. Pois bem, teria os mesmos direitos, já consolidados no posicionamento dos antecessores, de aparelhamentos semelhantes com o mesmo modus operandi. Deus nos salve, aleluia! Dá arrepios só de imaginar algum companheiro da igreja do secretário da “insegurança” do Rio de Janeiro decidindo onde aplicar o capital do Banco. Como diria Chico Buarque, literalmente, ergueriam, aos montes, “estranhas catedrais”.

Quem teria segurança como acionista do Banco do Brasil? O que acham, hoje, os correntistas deste banco quando pagam um spread bancário altíssimo, cobrado, segundo declaram seus executivos, devido à enorme inadimplência no país. O que acham desta instituição nacional aplicar seus lucros, obtidos com o suor dos brasileiros, no auxílio da compra da sede do PT em São Paulo.

Pois é, não custa relembrar, compraram R$ 70.000,00 em entradas de shows de Zezé di Camargo e Luciano a R$ 250,00 por cabeça. Alimentariam aproximadamente 600 famílias por um mês, com a cesta básica em torno de R$ 130,00. Foi gasto em uma única noite no show da dupla goiana. Alguém viu o Fome Zero por aí? É de rir de raiva, mas eu vi! Quando entrei no site do BB, eu vi! Vi um link para as doações ao programa.

Onde estão os funcionários deste banco e seus líderes! Onde está o seu poder de mobilização, nacional, para preservar nossa centenária instituição de aparelhamentos como o ocorrido no governo anterior e ocorre neste? A continuar assim, em um momento qualquer, se algum “irresponsávelzinho” assumir a presidência, o banco poderá ter dificuldades. Seus funcionários ainda devem se lembrar que o governo passado fez planos para retirar o “do” do “Banco do Brasil”. Na época suspeitou-se que seria para facilitar sua posterior privatização. Se continuar assim é bom fazer logo, antes que acabe.

Adriana Vandoni Curvo é economista, professora universitária e consultora, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas - RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br




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