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MT terá quinzena cultural em Washington
Adido Cultural do Brasil nos Estados Unidos e diretor do Instituto Brasileiro de Cultura em Washington, o professor José Neistein iniciou ontem as articulações junto com o presidente da Assembléia Legislativa, deputado José Riva (PTB), e o Secretário de Estado de Cultura, João Carlos, para promover no próximo ano uma quinzena de artistas mato-grossenses nos EUA.
Ele ainda ressaltou que uma das formas para se divulgar a cultura no exterior pode ser por meio da produção de documentários sobre as artes mato-grossenses e que seria recomendável para o Estado estimular estudos para serem traduzidos no exterior.
“Vou a muitas universidades e poderia estar divulgando este material. Mesmo não sendo os originais, o mundo estaria conhecendo a arte local através destes documentários, que podem ter tanto alcance como os originais ”, destacou.
Durante sua palestra sobre “A Visão da Arte Brasileira no Exterior”, proferida na noite da última segunda-feira, na Assembléia, Neistein afirmou que Mato Grosso tem muito a contribuir no mundo artístico, por estar calcado em suas raízes, mas também ter potencial para transcende-las.
Para o professor, quando os artistas locais tiverem oportunidade de estudarem no exterior, o Estado terá “surpresas agradáveis”. “Essa vitalidade das raízes, junto com a vanguarda do exterior, podem trazer resultados surpreendentes”.
Da mesma forma, em uma análise nacional, o adido Cultural afirma que o Brasil tem muito a oferecer e declarou ser totalmente favorável ao dialogo entre a comunidade artística e intelectual brasileira com a do exterior. Ele ressalta acreditar que há espaço para toda a expressão brasileira, desde a rural, a urbana e a popular. “O Brasil é igualmente rico e criativo em todas as suas camadas, desde a vanguarda até o primitivismo”.
A palestra
O professor José Neistein iniciou sua palestra retornando aos primeiros decênios da colonização brasileira, lembrando que os primeiros registros do Brasil eram políticos e objetivos. “Era preciso dar a Portugal uma visão da nova terra. O registro era o mapeamento do litoral, depois do interior, feito por cartógrafos portugueses e holandeses”.
O primeiro registro grande e válido foi a carta de Pero Vaz Caminha. “Só que muito mais verbal do que visual”, acentua. Neistein ressalta que a imagem que foi se perpetuando no século XVI foi de um Brasil de dimensão exótica, de um paraíso indígena.
“Essa visão contaminou os europeus nos séculos XVI e XVII. Eles acreditavam que aqui encontrariam o El Dorado”, aponta, afirmando, porém, que era uma faca de dois gumes, pois se de um lado era elogiosa esta visão, por outro perpetuaria a imagem de um país sem problemas e fascinante por sua flora e fauna.
A partir do século XVII os holandeses começam a mostrar o lado paradisíaco junto com a população, mas ainda uma visão européia do Brasil. “Até o final do século XVII não há visão brasileira de dentro para fora. É essencialmente uma visão européia. O Brasil de dentro para fora começa com o Barroco, que tem uma visão global da vida, da relação do homem com Deus”.
Segundo Neistein, a participação do Brasil no Barroco fica distante do pitoresco, passa a ser uma visão universal, com características próprias por se diferir do Barroco Português. “O índio deixa de ser objeto de observação para ser protagonista de dentro para fora. Os produtos da terra e o índio passam a ser vistos, pela primeira vez, de corpo inteiro e de maneira natural”.
O professor continua que o Brasil se redescobriu através do Barroco no século XX, tendo contribuído antes com a visão neoclássica e romântica.
A maneira neoclássica começa a ser ensinada ao artista brasileiro em 1916, quando se cria no Rio de Janeiro a Academia Real de Belas Artes. O estilo colonial Português vai sendo substituído pelo neoclassicismo Francês, o Barroco pela modernidade francesa.
“Aconteceu que o próprio Brasil, suas elites sociais e artísticas, passaram a ver o Brasil com olhos mais franceses do que brasileiros. Mas, ao mesmo tempo, surge a literatura indigenista”, pondera, lembrando que a segunda geração de românticos, que voltam da Europa com qualidade técnica alta, vão tratar de temas brasileiros muito influenciados pela literatura. “O índio volta às telas”.
No século XX ocorre uma tomada de consciência em dois eixos. Primeiro em Pernambuco, como Gilberto Freire, que tem uma disposição para que o Brasil fosse visto com olhos nativistas. Segundo, na Semana de Artes Modernas, com Mário de Andrade. “Este nativismo de Gilberto Freire e Mário de Andrade iriam se espalhar por todo Brasil”.
Somente a partir da Bienal de São Paulo, em 1951, o Brasil começa a dialogar com a arte do mundo inteiro. “O Brasil foi se inserindo nos estilos da criatividade artística internacional”.
O professor José Neistein afirma que desde o começo de sua história o Brasil foi visto da perspectiva de como quis se mostrar. “A minha tese é que o Brasil, em seu diálogo com o mundo, aprendeu a ser legítimo em toda a gama artística. Nosso esforço é que esta resposta continue cada vez mais genuína”.
Visita
José Neistein veio conhecer Mato Grosso a convite do presidente da Assembléia Legislativa, deputado José Riva (PTB). Sua visita conta com a parceria da Assembléia Legislativa com a Secretaria de Estado de Cultura, Secretaria de Estado de Turismo, Associação Cuiabana de Belas Artes (ACUBÁ), Associação Mato-grossense de Artistas Plásticos (AMTAP), Associação Visual de Mato Grosso (AVIMT) e Fecmat.
José Neistein também é membro do Conselho Cultural da Biblioteca do Congresso dos EUA; crítico de arte e literário, tendo artigos costumeiramente publicados nos seguintes jornais: Washington Post – EUA, Jerusalém Post – Israel; professor nas universidades de Coimbra, Jerusalém, Washington e São Paulo; editor do anuário Latino-Americano da Biblioteca do Congresso dos EUA; professor visitante da Universidade da Pensilvânia; ex-professor das Universidades de Viena e Berlim; membro da Associação de Críticos de Artes de Paris; e têm vários livros e ensaios publicados na Europa, Estados Unidos e Brasil.
Ele ainda ressaltou que uma das formas para se divulgar a cultura no exterior pode ser por meio da produção de documentários sobre as artes mato-grossenses e que seria recomendável para o Estado estimular estudos para serem traduzidos no exterior.
“Vou a muitas universidades e poderia estar divulgando este material. Mesmo não sendo os originais, o mundo estaria conhecendo a arte local através destes documentários, que podem ter tanto alcance como os originais ”, destacou.
Durante sua palestra sobre “A Visão da Arte Brasileira no Exterior”, proferida na noite da última segunda-feira, na Assembléia, Neistein afirmou que Mato Grosso tem muito a contribuir no mundo artístico, por estar calcado em suas raízes, mas também ter potencial para transcende-las.
Para o professor, quando os artistas locais tiverem oportunidade de estudarem no exterior, o Estado terá “surpresas agradáveis”. “Essa vitalidade das raízes, junto com a vanguarda do exterior, podem trazer resultados surpreendentes”.
Da mesma forma, em uma análise nacional, o adido Cultural afirma que o Brasil tem muito a oferecer e declarou ser totalmente favorável ao dialogo entre a comunidade artística e intelectual brasileira com a do exterior. Ele ressalta acreditar que há espaço para toda a expressão brasileira, desde a rural, a urbana e a popular. “O Brasil é igualmente rico e criativo em todas as suas camadas, desde a vanguarda até o primitivismo”.
A palestra
O professor José Neistein iniciou sua palestra retornando aos primeiros decênios da colonização brasileira, lembrando que os primeiros registros do Brasil eram políticos e objetivos. “Era preciso dar a Portugal uma visão da nova terra. O registro era o mapeamento do litoral, depois do interior, feito por cartógrafos portugueses e holandeses”.
O primeiro registro grande e válido foi a carta de Pero Vaz Caminha. “Só que muito mais verbal do que visual”, acentua. Neistein ressalta que a imagem que foi se perpetuando no século XVI foi de um Brasil de dimensão exótica, de um paraíso indígena.
“Essa visão contaminou os europeus nos séculos XVI e XVII. Eles acreditavam que aqui encontrariam o El Dorado”, aponta, afirmando, porém, que era uma faca de dois gumes, pois se de um lado era elogiosa esta visão, por outro perpetuaria a imagem de um país sem problemas e fascinante por sua flora e fauna.
A partir do século XVII os holandeses começam a mostrar o lado paradisíaco junto com a população, mas ainda uma visão européia do Brasil. “Até o final do século XVII não há visão brasileira de dentro para fora. É essencialmente uma visão européia. O Brasil de dentro para fora começa com o Barroco, que tem uma visão global da vida, da relação do homem com Deus”.
Segundo Neistein, a participação do Brasil no Barroco fica distante do pitoresco, passa a ser uma visão universal, com características próprias por se diferir do Barroco Português. “O índio deixa de ser objeto de observação para ser protagonista de dentro para fora. Os produtos da terra e o índio passam a ser vistos, pela primeira vez, de corpo inteiro e de maneira natural”.
O professor continua que o Brasil se redescobriu através do Barroco no século XX, tendo contribuído antes com a visão neoclássica e romântica.
A maneira neoclássica começa a ser ensinada ao artista brasileiro em 1916, quando se cria no Rio de Janeiro a Academia Real de Belas Artes. O estilo colonial Português vai sendo substituído pelo neoclassicismo Francês, o Barroco pela modernidade francesa.
“Aconteceu que o próprio Brasil, suas elites sociais e artísticas, passaram a ver o Brasil com olhos mais franceses do que brasileiros. Mas, ao mesmo tempo, surge a literatura indigenista”, pondera, lembrando que a segunda geração de românticos, que voltam da Europa com qualidade técnica alta, vão tratar de temas brasileiros muito influenciados pela literatura. “O índio volta às telas”.
No século XX ocorre uma tomada de consciência em dois eixos. Primeiro em Pernambuco, como Gilberto Freire, que tem uma disposição para que o Brasil fosse visto com olhos nativistas. Segundo, na Semana de Artes Modernas, com Mário de Andrade. “Este nativismo de Gilberto Freire e Mário de Andrade iriam se espalhar por todo Brasil”.
Somente a partir da Bienal de São Paulo, em 1951, o Brasil começa a dialogar com a arte do mundo inteiro. “O Brasil foi se inserindo nos estilos da criatividade artística internacional”.
O professor José Neistein afirma que desde o começo de sua história o Brasil foi visto da perspectiva de como quis se mostrar. “A minha tese é que o Brasil, em seu diálogo com o mundo, aprendeu a ser legítimo em toda a gama artística. Nosso esforço é que esta resposta continue cada vez mais genuína”.
Visita
José Neistein veio conhecer Mato Grosso a convite do presidente da Assembléia Legislativa, deputado José Riva (PTB). Sua visita conta com a parceria da Assembléia Legislativa com a Secretaria de Estado de Cultura, Secretaria de Estado de Turismo, Associação Cuiabana de Belas Artes (ACUBÁ), Associação Mato-grossense de Artistas Plásticos (AMTAP), Associação Visual de Mato Grosso (AVIMT) e Fecmat.
José Neistein também é membro do Conselho Cultural da Biblioteca do Congresso dos EUA; crítico de arte e literário, tendo artigos costumeiramente publicados nos seguintes jornais: Washington Post – EUA, Jerusalém Post – Israel; professor nas universidades de Coimbra, Jerusalém, Washington e São Paulo; editor do anuário Latino-Americano da Biblioteca do Congresso dos EUA; professor visitante da Universidade da Pensilvânia; ex-professor das Universidades de Viena e Berlim; membro da Associação de Críticos de Artes de Paris; e têm vários livros e ensaios publicados na Europa, Estados Unidos e Brasil.
Fonte:
24 Horas News
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/377244/visualizar/
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