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Politica Brasil
Sexta - 30 de Julho de 2004 às 10:45
Por: Serys Slhessarenko

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Nos últimos sete meses dediquei parte de minha atuação como representante de Mato Grosso, no Senado, à realização do Amazontech, evento de conhecimento e negócios sustentáveis promovido pela Embrapa e o Sebrae na Amazônia Legal e que, neste ano de 2004, será realizado em Cuiabá, a partir do próximo dia 16 de agosto.

Além de audiências em vários ministérios e empresas estatais a que compareci acompanhada de seus organizadores, tenho utilizado os recursos disponíveis de mídia para divulgar o Amazontech, na expectativa de vê-lo transformado no mais inquieto, ousado e importante fórum de debates sobre a Amazônia e sobre o modelo de desenvolvimento que desejamos para a região.

Ao receber, dias atrás, autoridades do governo brasileiro e embaixadores dos países amazônicos em torno de Rosália Arteaga, escritora de enorme talento que o Equador nos empresta para conduzir, em Brasília, a Secretaria Geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (O.T.C.A), pude constatar o quanto temos em comum nesta árdua caminhada.

Estou convencida de que uma providencia urgente é a criação de alternativas de comunicação que possibilitem, a quem vive na Amazônia e mesmo fora dela, o acesso a uma informação democrática e comprometida com o interesse dos povos que a compõem. A informação e a mobilização da população são condições essenciais para a construção e materialização, na Amazônia, de um modelo próprio de desenvolvimento sustentável de interesse público.

Penso que o Amazontech dará uma contribuição decisiva ao desenvolvimento da Amazônia sempre que o seu trabalho de organização e realização definir a informação como uma de suas prioridades. Uma informação diferenciada, descolada dos interesses que determinam na maioria das vezes o comportamento dos meios de comunicação locais e que aponte para um processo produtivo de massa crítica e de estimulo à reflexão dos temas relevantes da agenda amazônica, tais como a questão indígena, o reconhecimento da sabedoria dos povos tradicionais, do seu modelo agrícola, e do impacto que ali causarão obras de infra-estrutura como novas hidrelétricas, a conclusão e interiorização da BR-163, etc.

Outro aspecto importante para consolidar o Amazontech será a compreensão, pelos seus organizadores e participantes, do papel político que o evento pode vir a desempenhar como instrumento de persuasão na adoção de políticas públicas de Educação, Ciência e Inovação Tecnológica que impulsionem o desenvolvimento da região.

A propósito, retiro do consistente Plano de Desenvolvimento da Universidade Federal do Pará 2001/2010, a constatação de que “Amazônia é impelida a defrontar-se com a necessidade de urgente e inadiáveis adaptações econômicas, sociais e ambientais; reengenharias institucionais, da gestão pública e das mentalidades, em cujo epicentro a Educação de qualidade e a produção do conhecimento cientifico tornam-se as únicas alavancas seguras de toda e qualquer auto-sustentabilidade pretendida . A Amazônia jamais sairá de sua condição de subdesenvolvimento se não se criarem mecanismos educacionais e científicos de qualidade, que promovam e garantam os ajustes na interface educação/ciência/tecnologia e desenvolvimento”.

Quero, aproveitando a oportunidade, reafirmar o meu compromisso público de lutar pelo fortalecimento da Embrapa como instituição fundamental para o desenvolvimento da Amazônia, inclusive iniciando rapidamente uma mobilização para que sua presença em meu estado, o Mato Grosso, hoje resumida a um escritório de representação, esteja à altura das possibilidades que representamos para o desenvolvimento do País.

Tenho esperanças de que a Embrapa, uma referencia planetária na produção de conhecimento no setor agrícola, e uma das organizadoras do Amazontech, possa assumir papel de maior destaque na sua organização e no processo de mobilização da população e do desenvolvimento da Amazônia.

As nossas utopias e o nosso compromisso precisam estar à altura do imenso desafio de pensar e construir uma Amazônia que dignifique permanentemente a condição de vida de seu povo. A informação é o passo mais importante nesse rumo.

* Serys Slhessarenko, professora aposentada da UFMT, mestre em Educação, é senadora do PT de Mato Grosso




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