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Um desafio para o universo cósmico de Tomie
São Paulo - Tomie Ohtake está com 90 anos e só agora realizou seu primeiro site specific, ela diz, uma obra criada para um local específico. Foi um desafio proposto pelo professor e colecionador Miguel Chaia. Na parede de uma das salas do instituto que leva o seu nome, Tomie Ohtake fez, anteontem, uma pintura, um grande círculo magenta. Subiu em um andaime e com uma esponja foi colocando a tinta que ela preparou durante a manhã de terça-feira.
Chegou à tinta acrílica, que dilui com água. Várias pessoas estavam ao seu lado, ou melhor, do piso olhavam temerosos a ação da artista. Mas Tomie pintou, tranqüilamente. Além disso, ela também fez uma colagem circular com papéis prateados, brilhantes para refletir o círculo magenta.
Na verdade, esse trabalho acompanha as 38 obras (pinturas sobre tela e gravuras) feitas entre 1976 e 2000 por Tomie e que pertencem à coleção de Miguel Chaia. Tudo isso estará na exposição Tomie Ohtake na Visão de Miguel Chaia, que será inaugurada hoje à noite, para convidados, no Instituto Tomie Ohtake. É um percurso por várias fases da produção da artista culminando numa obra bem fresca, um site specific. "Fiz o pedido para Tomie para que essa fosse uma exposição viva", diz o colecionador.
Sociólogo e professor da PUC-SP, Chaia conta que na década de 70 o que chamou sua atenção na obra de Tomie foi o impacto visual. No recorte apresentado nessa exposição, percebemos uma produção que caminhou de estruturas feitas de uma geometria - não a baseada em linha reta, mas uma geometria de curvas - até a abstração mais de "superfícies tumultuadas", com manchas de cores.
Ao longo da mostra, montada de forma cronológica, é possível perceber que as formas curvadas e arredondadas de pinturas anteriores se "liquefazem".
"Tomie percebeu que não é mais possível controlar o mundo. Há espaço para o acaso", analisa Chaia. Isso fortemente o marcou, ela perceber a falta de controle que nos rodeia.
Como ele afirma, foi a partir de 1986 que Tomie começou a realizar uma pintura mais orgânica. Em texto escrito por Chaia para o acalentado livro Tomie Ohtake, publicado pelo Instituto Tomie Ohtake em 2001, a pintura da artista nascida em Kyoto, no Japão, e radicada no Brasil desde 1936, remete a um "mundo cósmico". Síntese entre geometria e informalismo, raciocínio construtivo e sensibilidade gestual fazem surgir na pintura de Tomie "sutis tensões", "dimensões cósmicas".
De um plano liso, com figuras curvadas que remetem até a uma "sensualidade", Tomie passa por um momento de transição, em meados da década de 80, e depois solta as formas pela tela, fazem elas flutuarem em cores, seguindo o raciocínio do colecionador. "Se nas pinturas da década de 70 e início de 80, as formas gozavam de uma certa estabilidade, agora se encontram desestabilizadas (...) agora elas navegam no denso espaço", escreve Chaia para essa atual exposição.
Mas Tomie não é muito de comentar esses caminhos. Aos 90 anos, e em intensa atividade - a artista conta que durante três vezes por semana pinta e que nos outros dias faz esculturas, gravuras e estuda -, ela diz que agora o que aparece muito em suas obras são os círculos. Na verdade, porque gosta do movimento de fazê-los.
O círculo que criou especialmente para a parede da sala onde estão várias de suas obras, de quase três décadas de carreira, "não é o sol nem a cor (magenta) é de fruta". "Não posso explicar o que é." Ela prefere dizer, em poucas palavras, mas sorrindo, que sua abstração vem lá do Japão. "Lá é tudo muito sintetizado. O ambiente da casa é abstrato, o jeito de ser, abstrato. Simples."
Chegou à tinta acrílica, que dilui com água. Várias pessoas estavam ao seu lado, ou melhor, do piso olhavam temerosos a ação da artista. Mas Tomie pintou, tranqüilamente. Além disso, ela também fez uma colagem circular com papéis prateados, brilhantes para refletir o círculo magenta.
Na verdade, esse trabalho acompanha as 38 obras (pinturas sobre tela e gravuras) feitas entre 1976 e 2000 por Tomie e que pertencem à coleção de Miguel Chaia. Tudo isso estará na exposição Tomie Ohtake na Visão de Miguel Chaia, que será inaugurada hoje à noite, para convidados, no Instituto Tomie Ohtake. É um percurso por várias fases da produção da artista culminando numa obra bem fresca, um site specific. "Fiz o pedido para Tomie para que essa fosse uma exposição viva", diz o colecionador.
Sociólogo e professor da PUC-SP, Chaia conta que na década de 70 o que chamou sua atenção na obra de Tomie foi o impacto visual. No recorte apresentado nessa exposição, percebemos uma produção que caminhou de estruturas feitas de uma geometria - não a baseada em linha reta, mas uma geometria de curvas - até a abstração mais de "superfícies tumultuadas", com manchas de cores.
Ao longo da mostra, montada de forma cronológica, é possível perceber que as formas curvadas e arredondadas de pinturas anteriores se "liquefazem".
"Tomie percebeu que não é mais possível controlar o mundo. Há espaço para o acaso", analisa Chaia. Isso fortemente o marcou, ela perceber a falta de controle que nos rodeia.
Como ele afirma, foi a partir de 1986 que Tomie começou a realizar uma pintura mais orgânica. Em texto escrito por Chaia para o acalentado livro Tomie Ohtake, publicado pelo Instituto Tomie Ohtake em 2001, a pintura da artista nascida em Kyoto, no Japão, e radicada no Brasil desde 1936, remete a um "mundo cósmico". Síntese entre geometria e informalismo, raciocínio construtivo e sensibilidade gestual fazem surgir na pintura de Tomie "sutis tensões", "dimensões cósmicas".
De um plano liso, com figuras curvadas que remetem até a uma "sensualidade", Tomie passa por um momento de transição, em meados da década de 80, e depois solta as formas pela tela, fazem elas flutuarem em cores, seguindo o raciocínio do colecionador. "Se nas pinturas da década de 70 e início de 80, as formas gozavam de uma certa estabilidade, agora se encontram desestabilizadas (...) agora elas navegam no denso espaço", escreve Chaia para essa atual exposição.
Mas Tomie não é muito de comentar esses caminhos. Aos 90 anos, e em intensa atividade - a artista conta que durante três vezes por semana pinta e que nos outros dias faz esculturas, gravuras e estuda -, ela diz que agora o que aparece muito em suas obras são os círculos. Na verdade, porque gosta do movimento de fazê-los.
O círculo que criou especialmente para a parede da sala onde estão várias de suas obras, de quase três décadas de carreira, "não é o sol nem a cor (magenta) é de fruta". "Não posso explicar o que é." Ela prefere dizer, em poucas palavras, mas sorrindo, que sua abstração vem lá do Japão. "Lá é tudo muito sintetizado. O ambiente da casa é abstrato, o jeito de ser, abstrato. Simples."
Fonte:
Estadão.com
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/377735/visualizar/
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