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Politica Brasil
Quinta - 22 de Julho de 2004 às 12:57
Por: João Carlos Caldeira

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Nos últimos anos, o estado de Mato Grosso tem se destacado no cenário nacional, através do desenvolvimento do agronegócio, do crescimento da economia, da geração de empregos e da exportação. Já somos o 8º estado em volume de exportação do país, praticamente empatado com o 7º colocado (Pará).

Apesar dos bons números da economia e do desenvolvimento de dezenas de municípios; apesar do Índice de Desenvolvimento Humano-IDH não estar entre os piores do país (o estado ocupa o 15º, que o caracteriza como médio desenvolvimento humano), existe um outro Mato Grosso que não consegue acompanhar o crescimento e desenvolvimento das regiões produtoras.

Municípios como Jangada, Guiratinga, Nossa Senhora do Livramento, Dom Aquino, Mirassol D´oeste, Nova Xavantina, entre outros, são os patinhos feios, os primos pobres do estado.

São nessas cidades, onde o agronegócio ainda é um sonho, que estão a maioria dos 11,8% de analfabetos, dentre os 2,5 mil Mato-grossenses. São nessas cidades que estão a maioria das 247 mil famílias com renda mensal que varia entre 60 a 240 reais, classificadas como miseráveis, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE.

Com economias de crescimento lento, sem vocação definida, esses municípios sobrevivem e dependem dos empregos públicos gerados pela prefeitura (o maior empregador, quando não o único), do apoio dos governos federal e estadual e principalmente da previdência social, o INSS.

Na maioria desses municípios pobres, os recursos que os aposentados e pensionistas da Previdência Social recebem, superam os valores da folha de pagamento da prefeitura e do Fundo de Participação dos Municípios, o FPM. Os boliches, mercadinhos, farmácias e pequenas lojas, não sobreviveriam sem o dinheiro que circula até o 5º dia de cada mês, pagos pelo INSS aos beneficiários da Previdência.

Em Nossa Senhora do Livramento, distante apenas 37 Km da rica e poderosa capital do estado, 848 beneficiados do INSS injetam R$-340 mil reais mensalmente na economia da cidade, menos que os R$-200 mil da folha de pagamento da prefeitura e menos ainda que os R$-79 mil do FPM.

São os recursos da Previdência que garante o sustento da maioria das famílias desses municípios e de tudo que se comercializa na primeira semana de cada mês, permitindo a sobrevida da população, predominantemente rural e dependente de atividades decadentes, como a extração do ouro, diamante, madeira, da agricultura familiar ou da pecuária extensiva.

Portanto, se queremos ter um estado forte, uno e desenvolvido, precisamos encontrar fórmulas que equacionem o problema desses municípios, sem esconder a sujeira debaixo do tapete; sem fingir que não conhecemos esse lado feio dos dois Mato-Grossos que teima em coexistir.

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista, especialista em administração de turismo, hotelaria e lazer. E-mail: joaocmc@terra.com.br




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