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Meio Ambiente
Quinta - 22 de Julho de 2004 às 09:01
Por: Alexandre Rodrigues

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Rio de Janeiro - Num pequeno laboratório de apenas 40 metros quadrados, pesquisadores da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) desenvolvem um trabalho que pode livrar o Brasil da importação de US$ 120 milhões anuais em hemoderivados.

Alvo do superfaturamento promovido durante mais de dez anos pela Máfia do Sangue - cujos integrantes teriam desviado cerca de R$ 2 bilhões das compras do Ministério da Saúde -, a conta pesada poderá ser eliminada se esses cientistas alcançarem seu objetivo: dominar a tecnologia para produzir biofármacos como os fatores de coagulação sanguínea, utilizados no tratamento da hemofilia.

O Brasil importa 90% dos medicamentos derivados do sangue que consome. Entre os que dependem mais desses itens estão os hemofílicos, que precisam de constantes doses dos fatores de coagulação VIII e IX.

Engenharia genética

Os medicamentos importados atualmente para atendê-los são obtidos do plasma de doadores, mas as pesquisas em curso no Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da Coppe/UFRJ querem produzi-los no Brasil com a ajuda da engenharia genética.

Coordenado pela professora do Programa de Engenharia Química da Coppe Leda Castilho, o laboratório tem como uma das principais linhas de pesquisa o desenvolvimento da produção do fator IX pela chamada tecnologia do DNA recombinante.

Pessoas sadias têm um gene que codifica essa proteína e a produz em nível suficiente para promover a coagulação do sangue quando necessário. O que os cientistas fazem no laboratório é copiá-lo e inseri-lo numa célula cultivada em ambiente controlado. Essa célula vai produzir a proteína, que será posteriormente purificada e industrializada.

Maior segurança

De acordo com Leda, a ciência obteve de hamsters uma linhagem de células capazes de sintetizar essa proteína humana de forma muito semelhante à de pessoas sadias. "Essa é a chave para produzirmos uma proteína de um organismo em outro", explica a professora.

A técnica é mais moderna e segura, já que os medicamentos que têm origem no plasma humano carregam o risco de contaminar os pacientes com doenças como a hepatite, a aids e infecções por bactérias e parasitas. Por esse motivo, muitos países já restringem o uso de hemoderivados.

Além do fator IX, o laboratório também estuda a produção do fator estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF). Ele é aplicado no tratamento da deficiência de glóbulos brancos, comum em pacientes submetidos a transplantes de medula óssea, a tratamentos quimioterápicos ou às drogas antiaids.




Fonte: Estadão.com

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