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Politica Brasil
Segunda - 12 de Julho de 2004 às 08:07
Por: Onofre Ribeiro

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A comunicação dos governos estaduais com o interior do estado tem sido sistematicamente ineficiente. Gostaria de puxar o assunto em virtude da recente mudança do secretário estadual de Comunicação Social do Governo de Mato Grosso.

Entre 1990 e 1994 o secretário Paulo Leite concentrou todos os esforços só na capital porque a base eleitoral do então governador Jaime Campos era Várzea Grande-Cuiabá. Fez escola. Desde então, só uma vez, quebrou-se essa cultura no primeiro governo Dante de Oliveira.

O governador foi a Cochabamba, na Bolívia, assistir à assinatura do acordo do gás entre o Brasil e a Bolívia. Fui como seu convidado. Na volta falamos sobre a comunicação no governo. Insisti muito com ele sobre a necessidade dos secretários de comunicação terem a coragem de sujar os pés na poeira do interior do estado. Ele irritou-se e admitiu o fato. Falamos sobre o assunto em outras conversas.

Algum tempo depois ele nomeou para a Secretaria de Comunicação o então chefe da Casa Civil, hoje senador Antero Paes de Barros, que, orientado pelo governador, convidou-me para construir uma política de comunicação com o interior. Viajamos para as cidades-pólos de Barra do Garças, Rondonópolis, Cáceres, Pontes e Lacerda, Diamantino, Tangará da Serra, Juína, Juara, Sinop, Alta Floresta, Colíder, Peixoto de Azevedo, além de Cuiabá e de Várzea Grande.

Convocou-se previamente todos os veículos de comunicação da região para um encontro de trabalho. Expusemos a tese da interiorização. Ouvimos críticas de todos os tamanhos pelo isolamento histórico, e ouvimos sugestões muito boas. O secretário pediu que cada um dos dirigentes dos veículos da imprensa enviasse a sua tabela de preços para a agência DMD Associados, que atendia ao Governo.

A partir daí começou-se a produzir mídia oficial direcionada ao interior e a regiões, em especial relativa a obras ou realizações na área.

Pasmem: o custo mensal da mídia em todo o interior de Mato Grosso, em junho/outubro de 1998: RS$ 100 mil, para um resultado fantástico que deu volume e identidade ao governo em toda a extensão do território.

O governador Dante de Oliveira foi reeleito, mas a comunicação social do governo voltou a concentrar-se na capital por razões inexplicáveis.

Como em épocas anteriores, permanece a conduta dos secretários de comunicação de não sujarem os pés na poeira do interior. Seria de todo desejável que de novo se fizesse alguma coisa como aquela experiência conduzida pelo secretário Antero Paes de Barros, neste momento em que Mato Grosso está sofrendo graves crises de identidade e mudando o seu perfil econômico.



Só para se ter uma idéia: Mato Grosso tem hoje cerca de 80 emissoras de rádio no interior, cerca de 40 emissoras de televisão e cerca de 30 jornais. Todos facilmente alcançáveis pela Internet.

É burrice continuar alimentando essa política de discriminação do interior. Ou, no mínimo, vai além: é ignorância mesmo! Até porque, é uma mídia participativa e formadora da opinião local. E mais: no interior também se vota. Ah! E se paga impostos também.

Fica o registro!

*Onofre Ribeiro é Jornalista em Cuiabá.




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