Mauro Mendes usa mulher chorando e tenta conter “sangria” de votos

Últimos capítulos de uma novela que promete ser emocionante e que só deve mesmo ter um desfecho conhecido quando as urnas começarem a ser apuradas pouco tempo depois das 17 horas de domingo, 28. Na corrida por final feliz, o candidato Mauro Mendes, do PSB, tenta a todo custo conter uma “sangria” de votos que jorra de sua campanha por conta do entreveiro que criou ao censurar o beijo entre seu adversário Ludio Cabral e a esposa, a psicóloga Ana Regina, durante intervalo do debate ocorrido segunda-feira, 22, na TV Record. A ponto de apelar para um emocionalismo excessivo: usou a própria mulher, Virgínia Mendes,  chorando numa cama de hospital. 

 

No programa eleitoral desta sexta-feira, 26, o penúltimo a ser apresentado nesta campanha eleitoral, a campanha de Mendes parece ter jogado as ultimas fichas para tentar conter o derrame eleitoral causado pela história do beijo e da mulher mais bonita. Principalmente depois que a campanha de Lúdio colocou no ar em seu programa eleitoral os bastidores da conversa que travou com seu adversário, após o debate.  Na ocasião, Lúdio pediu a Mendes que respeitasse a sua família.  “Eu apenas disse que a minha mulher é mais bonita” – defendeu-se Mendes ao argumentar com o empresário João Dorileo Leal, dono do grupo,  o entrevero.

 

A campanha de Mendes tentou transformou a mulher do candidato como protagonista para revirar o estrago: apresentou uma Virgínia Mendes abatida na cama de hospital, num apelo dramático, com cateterde soro  no braço. No papel de vítima, a mulher de Mauro questionou os motivos de a campanha de Lúdio estar no ataque contra sua família. Ela falou do problema renal que sofreu, que está  sendo vítima de maldades e, defendeu o marido. “Estive a beira da morte e ele ficou do meu lado” - disse.

 

“Eu não tenho problema para beijar meu marido” – disse a mulher de Mendes, caindo em plantos. Ela lembrou que a perseguição tem sido uma constante na vida de Mauro Mendes. “Ele quer ser prefeito para fazer o bem” – disse, proclamando pertencer a uma família justa. E apelou: “Não aguento mais isso”. Em seguida, várias mulheres tentam reverter a questão dizendo que está com Mauro Mendes na campanha. 

 

Levantamentos internos feito nas duas campanhas mostram que a história do beijo foi um golpe duro. E  Mendes perde votos a rodo, segundo revelou uma fonte da própria campanha. A questão consumiu horas da organização eleitoral socialista, procurando uma forte de conter a crítica ao beijo e a declaração atabalhoada do candidato ao se dirigir ao seu adversário e postular a condição e que sua esposa é mais bonita. 

 

O tema vem sendo explorado a exaustão pelo campanha de Lúdio, aproveitando-se da indignação feminina contra a atitude de Mendes. Mulheres como Rosarinha Bastos, advogada que atua na defesa de crianças e adolescentes, tem rodado com frequência nos intervalos das emissoras de televisão. Outras mulheres têm se revezado na crítica ao comportamento de Mauro Mendes. O ex-presidente Lula, no comício de quarta-feira, não deixou por menos e proclamou o “beijaço” no comício. 

 

A provocação de Mendes fez com que a sua campanha  explorasse, no penúltimo programa eleitoral, o tema “mulher”, aproveitando para empurrar as propostas relativas ao Outubro Rosa, movimento popular comemorado em todo o mundo, visando a prevenção ao câncer de mama. Na temática, usou a própria esposa para falar sobre as boas intenções do marido candidato. Ainda na quinta-feira, Mendes fez questão de propagar a suspensão de sua agenda de trabalho para cuidar de um suposto caso de saúde da esposa. O assunto “cuidar da esposa” foi usado pelo candidato nas inserções na televisão já nesta sexta-feira, 26. 

 

Os efeitos do beijo que foi parar na beleza de Virgínia Mendes foram deteriorantes. Nas redes sociais, a crítica ao comportamento de Mendes – explorado, bem explorado, diga-se de passagem, por Cabral – caiu  como uma bomba. Partidários da candidatura do petista fizeram questão de postar fotos dizendo que a própria esposa era mais bonita, com o símbolo de Cabral e o numero 13 na estrela. Nunca um beijo foi tão decantado em versos, poesias e trovas numa campanhaeleitoral. 

 

 Da parte de Mendes, defesas tímidas do tipo “parabéns Mauro por valorizar a sua mulher” – o que recebeu duras respostas como “parabéns por desvalorizar a mulher dos outros”. 

 

O pedido de desculpas de Mendes não surtiu efeito. Principalmente porque o socialista ainda carrega o estigma de magnata rico e poderoso. Para os adversários, Mendes revelou uma faceta fatal a qualquer político, qual seja, a arrogância e a prepotência. 

 

O candidato socialista terá a última chance de reverter o quadro nesta sexta-feira, durante debate na TV Centro América.  No entanto, há um temor que o assunto voltar ao tona. Assessores de campanha de Mendes se debatiam na quinta-feira, 26, quanto a questão, analisando todos os ângulos para ver o que poderia ser feito. Tanto no campo da defesa como para tentar conter a questão.