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Meio Ambiente
Quarta - 07 de Julho de 2004 às 10:55
Por: David Whitehouse

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Uma nova análise mostra que o Sol está mais ativo agora do que em qualquer outra época nos últimos mil anos.

Cientistas baseados no Instituto de Astronomia de Zurique usaram pedaços de gelo da Groenlândia para fazer um perfil da atividade da estrela no passado.

Eles dizem que no último século o número de manchas solares aumentou ao mesmo tempo em que o clima da Terra se torno

u aos poucos mais quente. Esta tendência está sendo amplificada por gases emitidos pela queima de combustíveis fósseis, afirmam os cientistas.

Pequena Idade do Gelo

Manchas solares vêm sendo monitoradas desde 1610, logo depois da invenção do telescópio. Elas são os mais antigos sinais observados por estudiosos da atividade do Sol.

A variação do número de manchas solares revelou os 11 ciclos de atividade do Sol, assim como outras mudanças de prazo mais longo.

Em especial, observou-se que entre por volta de 1645 e 1715 poucas manchas solares foram vistas na superfície do Sol.

Este período é chamado de Mínimo de Maunder, em memória do astrônomo inglês que o estudou.

O Mínimo de Maunder coincidiu com uma fase de prolongado clima frio a que se costuma referir como “Pequena Idade do Gelo”.

Cientistas acreditam que há uma ligação entre os dois eventos – mas o mecanismo exato como isto aconteceu permanece um mistério.

Outros períodos

Nos últimos milhares de anos, há evidência de outros períodos de frio como o estudado por Maunder, só que mais antigos.

Em uma tentativa de determinar o que aconteceu com as manchas solares durante estes períodos de frio, o cientista Sami Solanki e seus colegas analisaram concentração de uma forma, ou isótopo, de berílio em pedaços de gelo coletados na Groenlândia.

O isótopo é criado por raios cósmicos – partículas de alta energia que vêm das profundezas da galáxia.

O fluxo de raios cósmicos que alcança a superfície da Terra é modulado pela força do vento solar, as partículas que são emitidas da superfície do Sol.

E como a força do vento solar varia de acordo com o ciclo das manchas solares, a quantidade de berílio no gelo em um período do passado pode ser analisada para deduzir o estado do Sol e, de forma aproximada, o número de manchas solares.

Conferência

Solanki está apresentando um trabalho sobre a reconstrução da atividade solar no passado em uma conferência em Hamburgo, na Alemanha.

Ele diz que a reconstrução mostra o Mínimo de Maunder e outros períodos parecidos nos últimos mil anos.

Mas o detalhe mais marcante, segundo ele, é que, analisando os últimos 1.150 anos, vê-se que o Sol jamais esteve tão ativo quanto nos últimos 60 anos.

Nos últimas centenas de anos, tem havido um firme aumento no número de manchas solares, uma tendência que tem se acelerado no século passado, justamente na época em que a Terra tem se mostrado mais quente.

Efeito estufa

Os dados sugerem que a mudança da atividade solar está influenciando de alguma maneira o clima global, tornando-o mais quente.

Nos últimos 20 anos, porém, o número de manchas solares permaneceu mais ou menos constante, apesar de a temperatura da Terra ter continuado a subir.

Isto é atribuído ao efeito estufa, gerado por atividades humanas que exigem a queima de combustíveis fósseis.

O estudo mostra que o Sol teve uma considerável influência nas mudanças climáticas no passado, causando o aquecimento ou o esfriamento da Terra.

Agora a humanidade está amplificando a mais nova tentativa do Sol de aquecer a Terra.




Fonte: BBC Brasil

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