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Cultura
Sexta - 02 de Julho de 2004 às 14:45
Por: Lauro Lisboa Garcia

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São Paulo - A era do rock começou com a explosão infernal de Rock Around the Clock, com Bill Haley and His Comets, que tomou o mundo de assalto na trilha do filme Sementes de Violência (Blackboard Jungle). Era o ano de 1955 e o fenômeno pegou o Brasil de surpresa. Como não havia nenhum novo ídolo preparado para se lançar no rock, o jeito foi aproveitar os veteranos para pegar a onda. Foi assim que, em novembro daquele ano, Nora Ney gravou Ronda das Horas, que, apesar do título em português, era cantada no original. O primeiro rock composto na língua pátria de que se tem notícia foi Rock and Roll em Copacabana, de Miguel Gustavo, gravado por Cauby Peixoto em 1957.

O documentário A História do Rock Brasileiro, cuja primeira parte estréia hoje na TV Senac, com reprise no domingo na Cultura, passa batido por esses detalhes. Tem mais: a Cultura está anunciando o produto como algo comemorativo dos 50 anos de rock no Brasil. Só que o primeiro programa da série - que cobre os anos 50, 60 e parte dos 70 - começa com um enorme 1955 estampado na tela.

Limitando-se a emparelhar depoimentos de quem fez rock ou foi influenciado por ele e o incorporou, o programa o coloca numa bolha de música. Sabe-se pelo programa que os instrumentos e equipamentos de som e televisão eram sofríveis. Mas na década de maior efervescência cultural e das maiores transformações sociais no mundo, o rock fica boiando como se nada tivesse a ver com os fatos políticos, com a sexualidade, a moda e outros componentes comportamentais da juventude.

Da ousadia dos Secos & Molhados de Ney Matogrosso, mexendo com a ambigüidade sexual no auge da ditadura militar, nem sombra. De Roberto Carlos, o maior fenômeno do pop brasileiro, que começou no rock, há apenas parcas referências. Sérgio Murilo, que dividiu o reinado com Celly Campello nos primeiros anos, perdeu o trono para Roberto. "Roberto Carlos, Tim Maia, Raul Seixas e eu seríamos os Beatles brasileiros se Raul tivesse condições de vir da Bahia", afirma Erasmo Carlos. De Raul há imagens históricas, embora de qualidade precária. O último bloco do primeiro programa é todo dedicado a ele. Há também bastante informação sobre os Mutantes. E uma justa ênfase ao genial e influente guitarrista Lanny Gordin, hoje esquecido.

Embora a série seja limitada, tem momentos interessantes, e algumas frases de efeito, para quem gosta de música pop. Nas próximas duas semanas, nos mesmos canais e horários, serão exibidas as outras partes, que abrangem os anos 70 e 80 (parte 2) e 90 e 2000 (parte 3). Com tão poucos programas musicais na tevê aberta, vale a iniciativa.

História do Rock Brasileiro - Hoje, às 22 horas. TV Senac (DirectTV, canal 211, Net/Sky, canal 3 e Tecsat, canal 10). Domingo, às 15h30, na TV Cultura.




Fonte: Estadão.com

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