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Meio Ambiente
Sexta - 25 de Junho de 2004 às 19:18
Por: Evanildo da Silveria

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São Paulo - Todos os anos, mais de 20 mil animais silvestres são apreendidos de traficantes e criadores ilegais. A maioria é devolvida à natureza. Por falta de legislação e normas, muitas vezes a soltura ou reintrodução dos bichos é feita fora de seus habitats ou de forma inadequada. Agora, o Ibama está elaborando uma instrução normativa com regras para a soltura de animais silvestres, que deverá entrar em vigor em agosto.

A criação das regras começou em março, no Rio, com o Seminário de Reintrodução de Fauna: Possibilidades e Conseqüências, no qual o Ibama reuniu vários profissionais da área. "O principal resultado do encontro foi um documento, com sugestões de normas, que estamos avaliando", explica a bióloga Juciara Elise Pelles, da Coordenação de Gestão do Uso de Espécies da Fauna (Coefa) do Ibama.

Regras são necessárias, porque a soltura de animais sem cuidados e estudos prévios pode causar impactos ambientais. Animais soltos podem introduzir doenças nos habitats, prejudicando as espécies nativas. Os recém-chegados podem também competir por espaço e comida com os habitantes naturais do lugar.

Há vários exemplos de problemas causados por solturas feitas sem cuidados. Um deles pode ser visto na Floresta da Tijuca, no Rio. "O mico Callithrix jachus, originário do Nordeste, foi solto lá há alguns anos", diz Juciara. "Sem inimigos naturais, se adaptou muito bem, mas hoje compete com a fauna local, prejudicando sua sobrevivência."

O caso do lagarto teiú (Tupinambis merianae) em Fernando de Noronha é outro exemplo do impacto que a introdução de um animal num habitat diferente do seu pode causar.

Há alguns anos alguém teve uma idéia que parecia brilhante. Levar para o arquipélago o teiú, do Nordeste continental, para combater a praga dos ratos, que, por sua vez, já tinham sido introduzidos de forma involuntária, talvez a bordo de barcos de mantimentos.

Em pouco tempo, percebeu-se que a idéia havia se transformado em desastre ecológico. Ao levar o teiú, sem estudar seus hábitos - nem os do rato -, outras espécies foram prejudicadas, principalmente de aves.

O motivo é simples. O lagarto tem hábitos diurnos e os ratos, noturnos. Provavelmente, as duas espécies nunca se encontraram e hoje ambas vão muito bem. Mas ovos e filhotes de aves passaram a ser o prato principal do cardápio do teiú.




Fonte: Estadão.com

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