Unemat participa de SBPC Indígena

A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), por meio do Projeto 3º Grau Indígena, em conjunto com o Conselho Indigenista Missionário e o Departamento de Antropologia da UFMT coordenam entre os dias 19 e 21 de julho a reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) voltada para a Ciência Indígena.

O evento conta com a participação de 100 professores indígenas, graduandos da Unemat no projeto 3º Grau Indígena, representando 35 etnias de todo o país.

Expressões da cultura, identidade, vivências e realidade desses povos serão discutidas em conferências, mesas-redondas, oficinas e grupos de trabalhos com base em temáticas como Discriminação e Intolerância Racial, Economia, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Cosmologia e Espiritualidade Indígena, Identidade Étnica; Saúde; Legislação, Terra, Hidrovia e Monocultura, incluindo abordagens sobre Política Afirmativas para Povos Indígenas e a Imagem do Índio na Mídia Nacional.

Tratando-se de educação específica e diferenciada para povos indígenas, os participantes da reunião discutirão a Elaboração de Currículo, Projeto Político Pedagógico e Produção de Material Didático nas escolas indígenas; Experiências com Escolas Diferenciadas, além do trabalho das organizações Indígenas e a atuação do Movimento de Professores Indígenas no Estado de Mato Grosso.

Entre as discussões serão abordados projetos de formação e qualificação para professores indígenas, em conferência a ser realizada no dia 20/07. Na ocasião, a experiência pioneira na América Latina, desenvolvida pela Unemat na oferta de ensino superior específico para professores indígenas, por meio do Projeto 3º Grau indígena, será apresentada.

MOTIVAÇÃO - A proposta da SBPC Indígena é, segundo Elias Januário, coordenador do 3º Grau Indígena e um dos coordenadores do evento, dar visibilidade ao conhecimento e ao saber indígena dentro da perspectiva de um valor científico. “O que a gente quer é que o saber indígena, o conhecimento dos índios, possa está sendo visto e discutido dentro de um evento como a SBPC com o mesmo valor que tem o saber e o conhecimento dos não-índios”, afirma Januário indicando o propósito de incorporar, a partir desta edição, a SBPC Indígena as demais reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência dentro da categoria Sênior.

Destaca-se entre os objetivos, a participação efetiva de representantes indígenas na reunião. Segundo Januário 80% da programação é dirigida pelos índios que ministram conferências, coordenam mesas e apresentam trabalhos.

“Os não índios estão apenas assessorando, coordenando algumas mesas, mas quem são os autores e sujeitos de todo esse processo serão os índios”, elenca Januário.

A expectativa segundo a coordenação é de que 250 índios participem do evento, entre lideranças e professores indígenas de todo o país e acadêmicos do Projeto 3º Grau indígena. A SBPC conta também com a participação de pesquisadores, indigenistas e representações de instituições e entidades envolvidas com questões indígenas.

PIONEIRISMO - O Estado de Mato Grosso abriga em seu território mais de 39 povos indígenas contando com uma população de mais de 30 mil pessoas. No cenário educacional tornou-se pioneiro na América Latina na oferta do 3º Grau Indígena, desenvolvendo pela Universidade do Estado de Mato Grosso, cursos nas áreas de Línguas, Artes e Literatura, Ciências Matemática e da Natureza, e Ciências Sociais, que atende 200 professores de 33 etnias de 11 estados brasileiros.

A experiência que teve início em 2001 tem como base a formação em serviço. Os cursos são divididos em Etapas de Estudos Presencias, no Campus da Unemat em Barra do Bugres, e de Etapas de Estudos Cooperados de Ensino e Pesquisa desenvolvidas pelos acadêmicos nas comunidades de origem.

O Projeto 3º Grau Indígena é realizado por meio de uma parceria entre a Unemat a Secretaria de Educação do Estado (Seduc), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Prefeitura de Barra do Bugres.