Marinha se queixa a Lula de falta de verba

Brasília - O comandante da Marinha, almirante de esquadra Roberto de Guimarães Carvalho, aproveitou a cerimônia de aniversário da Batalha Naval do Riachuelo para mais uma vez se queixar das dificuldades financeiras que passa a Força. Na Ordem do Dia, com a presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante pediu a aprovação do programa de reaparelhamento da Marinha, que prevê a sua modernização.

Segundo ele, se a Marinha estiver pronta e aparelhada para a sua tarefa principal, que é o preparo do poder naval, poderá atender com maior eficiência tarefas subsidiárias, como ações na área social. "A recíproca, entretanto, não é verdadeira", advertiu o comandante. Segundo ele, a Marinha permanece disciplinada, dedicada e profissional mas extremamente preocupada não só com a situação social do seu pessoal, civis e militares, mas também com a acentuada "degradação material dos seus meios operativos sem que haja perspectivas claras de reversão do quadro atual".

O Comandante, citando frase de Rui Barbosa, alertou: "Esquadras não se improvisam". Ele disse que qualquer nação que pretenda ser livre, soberana e respeitada tem que, além de atender a uma longa série de necessidades, dispor de um poder militar que inspire credibilidade e que seja capaz não de agredir mas de dissuadir eventuais agressões à sua soberania e aos seus interesses. Ele disse que a Marinha está consciente das dificuldades econômicas do País, os eventuais reflexos nas suas dotações orçamentárias, especificamente nos últimos seis anos, mas procurou manifestar sua preocupação com o impacto dessa dificuldade de recursos no aparelhamento da Força.

"Dentro do que é possível fazer, a Marinha prossegue contribuindo com o desenvolvimento científico e tecnológico do País como, por exemplo, no programa nuclear; executando o programa antártico; ministrando o ensino profissional marítimo; cuidando da segurança da navegação; atuando nas operações de busca e salvamento; e participando de ações cívico-sociais, sendo marcante as operações de assistência médico-hospitalar na Amazônia, além de diversos programas sociais do governo", disse o comandante, citando as tarefas que a Marinha realiza e que não poderá cumprir com eficiência se não tiver bem aparelhada para a tarefa principal.