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Politica Brasil
Quarta - 09 de Junho de 2004 às 10:56

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"Os trabalhadores do setor madeireiro de Mato Grosso amanheceram com uma espada na cabeça". Assim o presidente regional do PTB, deputado Ricarte de Freitas, definiu nesta terça-feira, 08, em pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados, o início das demissões de cerca de 11 mil trabalhadores de madeireiras em todo Mato Grosso. Segundo Ricarte, desde março do ano passado, não houve abertura para negociações com o governo federal. "Faltou sensibilidade aos órgãos ambientais", disse.

As demissões estão acontecendo porque o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) suspendeu todos os planos de manejo florestal para as empresas madeireiras. De setembro até hoje, segundo a Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), somente dois novos projetos de manejo foram aprovados pelo órgão. E nenhum plano que vinha sendo executado pelas madeireiras foi renovado. "Os prazos passaram e a solução não chegou", disse Ricarte.

O problema começou com a edição de um parecer da Procuradoria do Ibama que entendeu que todos os planos de manejo devessem prever uma reserva florestal obrigatória de 80% em todas as propriedades na Amazônia Legal. Além de não autorizar novos planos de manejo, os antigos – que obedeciam a uma reserva florestal de 50% – tiveram de se adequar ao parecer do Ibama. Preocupado com a situação, a Casa Civil do Palácio do Planalto elaborou novo parecer que assegurou a continuidade dos projetos antigos.

Com o conflito de pareceres, a questão foi encaminhada no final do ano passado para a Advocacia Geral da União (AGU), que até agora não se posicionou sobre a questão. "O ministro José Dirceu está atento para o problema mas, assim mesmo, a classe produtora não obteve resposta do governo", lembrou Ricarte. Depois de uma audiência com o deputado, José Dirceu chegou a cobrar uma resolução da AGU – que admitiu há duas semanas que o processo se encontrava paralisado.

De acordo com Ricarte, a classe produtora irá realizar uma grande manifestação em Cuiabá no próximo dia 21 de junho, com a ocupação pacífica de alguns órgãos federais. As 1,2 mil madeireiras do setor geram cerca de 35 mil empregos diretos e 150 mil indiretos. A madeira é o segundo item da pauta de exportações de Mato Grosso, gerando receita de US$ 140 milhões. O estado produz cerca de 4,5 milhões de metros cúbicos em tora, dos quais 30% por desmatamentos e 70% em áreas com planos de manejo florestal




Fonte: O Documento

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