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Politica Brasil
Domingo - 06 de Junho de 2004 às 10:54
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Cuiabá vive uma intensa e nervosa fase do jogo político. Alianças e coligações, já visando às eleições de 2006, se traduzem em rejeições a este ou aquele candidato. Obrigatoriamente terão que ser resolvidos até o dia 30 deste mês, mas ao que tudo indica, muitas águas, poluídas ou límpidas, ainda vamos ver passar.

O processo político fica mais embaraçoso pelo fato de não existirem ideologias ou "partidos", mas sim agremiações políticas. Em um sistema personalista como o nosso, onde a cada eleição é possível criar um novo rei, e aniquilar a nobreza do momento, o risco de se criar cobra no próprio canteiro torna-se imensurável. Desde 1500 Maquiavel já dizia que "ao criar o poder de outro pode estar se arruinando, pois o poder só se origina na astúcia ou na força. Ambas são suspeitas a quem se torna poderoso".

Isso é muito bem entendido pelos políticos mais experientes, mas, mesmo assim, Mato Grosso passou nas últimas eleições por uma acentuada cessão do poder a neo-reis. Salve-os! Mas que venham os que têm conteúdo e não os populistas.

Antigamente nesta época já tínhamos condições de saber quem seria o próximo prefeito e até antever seu substituto. O atual prefeito chega ao final do seu segundo mandato com um índice de aprovação razoável, um grande feito, mas não aproveitado habilmente para viabilizar alguém de sua inteira confiança (se é que existe isto em política), para dar respaldo ao seu futuro projeto político. Este erro pode tornar cara a sua próxima disputa.

Exatamente por causa da próxima disputa é que podemos deduzir que a rejeição ao candidato do PPS não está apenas no seu perfil meramente retórico. Pode estar passando também pela intenção de neutralizar os projetos políticos do atual prefeito, que por sua vez teme, quase que notadamente, o apoio que deve dar ao candidato do seu partido, seu "escolhido". Enquanto isto o PFL mantém a candidatura de Jorge Pires devido em muito a uma aversão ao nome de Sérgio Ricardo.

Complicado? E muito. Do outro lado, ou melhor, em busca de um lado, o PSB, que no começo do ano chegou a declarar que se conseguisse R$ 500 mil lançaria candidato próprio. Nesse exato momento foi dado o primeiro "lance" de negociações. Apoiou o candidato do PPS, pulou para o PSDB, voltou ao PPS e, quando tudo parecia definido com o emplacamento de uma vice na chapa do PSDB, voltou tudo à estaca zero. Veio o veto da executiva nacional do PSB a qualquer coligação com o PSDB. Caramba! O lance não deu certo!

Outro diferencial destas eleições é a possível formação de um forte grupo composto pelos, antes desdenhados, PP, PTB e PL. Nesta aliança existem pelo menos dois pontos pacíficos. O primeiro é a escolha do candidato com melhor potencial dentro dos três partidos, no caso tendo sido escolhido o engenheiro Robério Garcia. Segundo ponto é a existência de um tal documento onde os líderes dos três partidos repudiam qualquer apoio ao candidato do PSDB Wilson Santos. Caso consigam se manter coesos poderão estar gerando uma nova força política no Estado. Já se comenta isto em círculos reduzidos, pois a votação destes líderes nas últimas eleições dá base para estas suposições.

A política é linda, instigante, hilariante, sinistra e outros adjetivos menos edificantes, mas, para resolver o imbróglio que se formou em Cuiabá, nada de cientistas políticos, ou estrategistas. O melhor seria consultar um oráculo.

Adriana Vandoni Curvo




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