Colider pode dar um exemplo, ou não!

Estive neste final de semana em Colider, a 730 km de Cuiabá, para proferir uma palestra sobre “Cenários para o Norte de Mato Grosso”, a convite da Associação Comercial e Industrial. Foi um encontro muito proveitoso com cerca de 400 pessoas, a maioria jovem para um debate sobre quais caminhos apontam o futuro da região.

Na verdade, a região norte de Mato Grosso vem de um passado do mais autêntico pioneirismo na ocupação da Amazônia a partir de 1973, atendendo à política de segurança nacional do governo brasileiro. Colíder, em particular, nasceu de um projeto de colonização de pequenas propriedades marcado desde o início por dificuldades fundiárias que ainda não estão de todo resolvidas.

Mas o maior agravante mesmo foi o gradual empobrecimento do município e a sucessiva falta de visão dos seus administradores em relação à posição estratégica do município dentro da região norte do estado.

Neste momento, é visível a subida da agricultura e do agronegócio na direção Norte. Já estabeleceu um fortíssimo ponto de apoio em Sinop e tende a subir rapidamente na direção do Sul do Pará. Na verdade, em pequena escala já chegou lá. Colider possui 62% do seu território de terras planas de elevada qualidade, prontas para a agricultura de soja, de algodão, de milho, de sorgo e de arroz.

Contudo, há que se destacar aqui um fato preocupante. A condução política do município está se comportando como sempre se comportou. Mas antes não havia o risco de uma invasão econômica que deve ocorrer, no máximo dentro de três anos, e depois muito mais forte quando se pavimentar a rodovia BR-163, a Cuiabá-Santarém ao longo dos próximos quatro anos. Colider está um pouco à esquerda do eixo da rodovia no sentido Sul-Norte.

Tem tudo para ser um dos mais importantes pólos econômicos do Norte de Mato Grosso em, no máximo, dentro de cinco anos. Porém, as suas forças políticas ainda não perceberam ou, não demonstram ter percebido, que é preciso juntar já neste momento todas as lideranças atuais num grande bloco suprapartidário.

Para quê e por que? - perguntaria o leitor ou o habitante de Colider. Ora, a tendência da economia agrícola de larga escala é mudar completamente os panoramas sociais, econômicos, financeiros, urbanos e políticos do município a partir do momento em que chegar. E aí, surgirão novas lideranças políticas com novos pontos de vistas e, com certeza, os valores culturais e econômicos atuais serão varridos da paisagem de Colider.

Se isto será bom ou ruim só o tempo dirá. Mas imagino que seja absolutamente necessário que as atuais lideranças se organizem e participem do processo não só municipal como incluan o município na política regional em busca da formação de uma nova realidade no Norte do Estado. Estas eleições precisam, sem sobra de dúvida, dar início a essa articulação das forças locais, num projeto suprapartidário, para o bem do município e da região no futuro dos próximos 4 ou 5 anos.

Exemplos não faltam: os municípios onde as forças políticas brigam entre si e se dividem, estão cada vez mais pobres, mais desorientadas e longes do crescimento.

Seria uma pena se em Colider esse mesmo erro se repetisse. Existem boas lideranças e o município promete um futuro muito grande, mas isso dependerá muito dessa união suprapartidária.

*Onofre Ribeiro é Jornalista em Cuiabá.