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Internacional
Sábado - 29 de Maio de 2004 às 15:41
Por: Manuel Fuentes

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O México anunciou na III Cúpula UE-América Latina que, em julho, pedirá para entrar no Mercosul como membro associado, decisão que reforça o anseio expressado pelos países latino-americanos na reunião de Guadalajara de obter avanços na integração regional.

A decisão foi adotada hoje, sábado, na reunião bilateral entre os presidentes do México, Vicente Fox, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, na III Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Européia, América Latina e Caribe, que foi realizada na cidade de Guadalajara.

Segundo fontes oficiais mexicanas, o México primeiro assinará um tratado de livre comércio com o Mercado Comum do Sul (formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), que permitirá, posteriormente, que o país ingresse como membro de pleno direito neste acordo alfandegário.

Embora a decisão política tenha sido adotada ontem, o anúncio formal será feito durante a assembléia do Mercosul, no dia 8 de julho, em Buenos Aires.

Fox ressaltou que a entrada do México no acordo alfandegário "implica uma extraordinária vinculação que trará importantes benefícios políticos e econômicos para os mexicanos".

"A entrada neste mecanismo nos permitirá mobilizar a América Latina para o progresso e para a promoção de metas sociais e formação do capital humano", ressaltou o presidente do México.

O secretário executivo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), José Luis Machinea, disse à EFE que "um acordo de livre comércio entre o México e o Mercosul parece uma extraordinária notícia para a região e, especialmente, para o Mercosul".

Apesar de afirmar não conhecer os detalhes, Machinea acrescentou que "o que os países da região têm que fazer é, pelo menos, fechar acordos de livre comércio entre eles".

José Luis Machinea foi ministro da Economia da Argentina e assumiu a secretaria da Cepal em dezembro do ano passado.

"A idéia é impulsionar um processo de integração regional, não apenas de intercâmbio de bens e serviços", afirmou à EFE o porta-voz do presidente Vicente Fox, Agustín Gutiérrez Canet.

De acordo com o porta-voz, se o México entrar no bloco como membro pleno de direito, terá que ajustar sua tarifa externa comum a do Mercosul.

"O México se reserva o direito de ficar como Estado associado e de ingressar como membro de pleno direito", disse o porta-voz.

No entanto, o secretário executivo da Cepal considera que seria inadequado que o México desse o segundo passo.

"Isto teria que ficar em um acordo de livre comércio", opinou Machinea, afirmando que, caso contrário, aconteceria o mesmo problema observado entre o Chile, que tinha seis por cento de tarifa, e o Mercosul, que tinha uma tarifa muito mais alta", explicou.

Junto à Bolívia, o Chile é membro associado do Mercosul e a principal razão pela qual não entra definitivamente é que sua tarifa externa comum é notavelmente mais baixa que a do Mercosul, que o permitiu impulsionar os intercâmbios comerciais com outros países.

O secretário executivo da Cepal considerou ainda que a decisão do México "não teria porque afetar" a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que está prevista para entrar em vigor no final do ano que vem.

Para ele, "como há muitos acordos bilaterais", o que o México fez é uma medida "defensiva" adequada.

"O que se deveria fazer do ponto de vista defensivo até que a Alca saia é fazer acordos dentro da região; o mínimo que a região deveria fazer é um acordo Mercosul-Comunidade Andina de Nações, Mercosul-México", aconselhou.

"Quando for neste caminho, teremos uma boa notícia", disse Machinea.

O México recebeu do governo argentino- que exerce a presidência semestral do Mercosul- um convite formal para que Fox assista, como observador, à reunião de chefes de Estado do bloco. A reunião será realizada em Buenos Aires, em 8 de julho, e, na ocasião, o México fará o pedido formal para ingressar como membro associado do Mercosul.

O investimento mexicano no Mercado Comum do Sul é de 8 bilhões de dólares, 40 por cento do total investido na América Latina.




Fonte: Agência EFE

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