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Politica Brasil
Sexta - 28 de Maio de 2004 às 17:20
Por: Ramon Montegaudo

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O general Luiz Gonzaga Schroeder Lessa, um dos maiores especialistas mundiais sobre a Amazônia, afirmou ontem (28), durante painel na VIII Conferência Nacional da Unale, em João Pessoa (PA), que a conclusão da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém (PA), deve ser encarada como “prioridade nacional”.

“É uma grande incoerência que o governo Federal não priorize as obras desta que é a única via de escoamento no centro do País capaz de atender a toda a demanda dos Estados produtores. O porto de Santarém foi modernizado para que, só para enfeite?”, indagou Lessa.

Segundo ele, a verdadeira pressão que tem dificultado o reinício das obras não é de cunho ambiental, mas sim econômico. “Esse discurso sobre meio ambiente é muito bonito, mas a pressão verdadeira não é feita por ambientalistas, e sim por grupos econômicos bem articulados, que não querem ver o Brasil disputando com competitividade e vantagem os mercados internacionais de grãos e carne”, afirmou.

O general, que serviu por mais de dez anos na Amazônia e é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, cobrou empenho dos governos estaduais na defesa da causa.

“Precisa haver pressão de Mato Grosso, do Pará e de todos os Estados do Centro-Oeste e do Norte. Ações isoladas não resolverão o problema”, destacou.

Soberania em cheque Durante sua palestra, Lessa apresentou dados e estatísticas contundentes sobre a região Amazônica – 7 milhões de km quadrados, maior banco genético do mundo, 23 mil km navegáveis, 16% da água doce do planeta - e fez diversos alertas. Ele criticou, por exemplo, a falta de uma política racional de exploração da região, que poderia elevar o PIB brasileiro em R$ 1,23 trilhão/ano sem destruí-la.

“A Amazônia está isolada e engessada e o governo a está inviabilizando para as gerações futuras. Precisamos transformar esse imenso potencial em poder efetivo”, criticou. Lessa citou alguns dos fatores responsáveis por esse isolamento: a ausência de uma política racional em relação aos corredores ecológicos, às Áreas de Proteção Ambientais, às terras indígenas e riquezas do sub-solo.

O general ainda condenou a falta de uma postura incisiva da diplomacia brasileira na defesa da região. “A maior prova disso é o discurso de que a Amazônia é um patrimônio da humanidade. Isso é uma ingerência discriminatória que está minando a soberania nacional. Até porque em geopolítica, soberania relativa não existe”, afirmou.

Ele apresentou algumas citações preocupantes, proferidas por líderes norte-americanos e europeus, e um trecho de um relatório do Pentágono, “vazado” a setores da imprensa e publicado pelo jornal “The Observer”, em fevereiro deste ano: “O acesso a reservas de água doce, como a da Amazônia brasileira, há de ser um dos principais campos de batalha num futuro próximo”.

Ao final de sua apresentação, Lessa foi aplaudido de pé por mais de dois minutos e aceitou o convite de deputados mato-grossenses para participar, em breve, do lançamento do livro “Amazônia, das Ameaças Históricas à Ocupação do Cerrado“, editado pela PubliAL, editora da Assembléia Legislativa, e que faz parte da séria desenvolvimento socioeconômico.




Fonte: Se cretaria de imprensa

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