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Cultura
Quinta - 27 de Maio de 2004 às 09:28
Por: Nelson Francisco

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História e cultura: do século 12 para os dias atuais, e da Europa para Poconé (a 100 km de Cuiabá), município de entrada para o Pantanal mato-grossense. Dia 13 de junho, no Clube Cidade Rosa (CCR), das 8 às 18 horas, a cidade será palco da cavalhada, uma festa que encena a luta entre mouros e cristãos, ocorrida na Idade Média. Cerca de 8 mil pessoas devem participar do evento, que será lançado, oficialmente, dia 8 de junho, às 8 horas, no Palácio Paiaguás. A batalha medieval integra a programação da festa de São Benedito, entre os dias 1º e 20 de junho.

Mais que uma tradição viva entre os pantaneiros (de 1956 a 1990 a tradição foi interrompida), a representação foi retomada em 1991 com peculiaridades regionais: nas provas hípicas ocorre a batalha dos cavalheiros no lombo do cavalo pantaneiro para encenar a história da cristã que se apaixona por um mouro, e torna-se rainha dos bárbaros. Revoltados, os cristãos roubam a princesa e ateiam fogo no castelo. A luta remonta ao tempo das Cruzadas, quando a Igreja Católica reagiu à expansão dos impérios bárbaros sob a Europa.

Representada, essa história européia incorporou-se ao folclore mato-grossense, e que envolve famílias tradicionais da cidade e toda a população do município. No Brasil, além de Poconé a Cavalhada só é encenada em Pirinópolis (GO). “Cada dia que passa aumenta o interesse dos jovens pela Cavalhada”, conta Salvador da Costa Marques, capitão do mastro do evento. Salvador é pai da rainha disputada por mouros e cristão, Tereza Raquel da Costa Marques, de 14 anos.

Adaptada com provas hípicas e habilidade dos cavaleiros, a cavalhada de Poconé ocorre em dois períodos: manhã e tarde. Pela manhã, são realizadas 22 carreiras entre os 24 cavaleiros - 12 mouros e 12 cristãos. E à tarde 15 carreiras, quando os mouros se rendem e pegam a bandeira branca e a colocam no centro da pista.

As provas acontecem com espadas, lanças e revólveres de brinquedo, onde os cavaleiros têm que arrancar com a espada a cabeça de um boneco representando Judas, com o cavalo correndo, além de acertar argolas, com a lança. Para cada competição há uma pontuação.

"Reviver a cavalhada é ao mesmo tempo fortalecer as nossas tradições, proporcionando aos visitantes, um espetáculo único em Mato Grosso", avalia Salvador. Os torneios medievais acirrados em arenas da Europa - Espanha, França e Portugal, ganharam destaque no Brasil, por meio da tradição e cultura mato-grossense.

Segundo historiadores, a cavalhada é uma tradição dos torneios da Idade Média, onde os aristocratas exibiam em espetáculos públicos, sua destreza e valentia. Na verdade, cavalhada representa a luta entre mouros e cristãos. O feito foi amplamente divulgado, como mostra de bravura e lealdade cristã, por trovadores que viajavam por toda a Europa.

A investida ficou conhecida como a "A Batalha de Carlos Magno e os 12 pares da França", um verdadeiro épico, cantado em trova, como forma de incentivar a população cristã contra as investidas dos exércitos islâmicos.




Fonte: Secom - MT

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