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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Terça - 25 de Maio de 2004 às 11:46

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O mundo está cada vez mais voltado para a questão da segurança, enquanto milhões de pessoas continuam a morrer de fome, alertou hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante palestra a estudantes na Universidade de Pequim, onde inaugurou o Núcleo de Cultura Brasileira.

O presidente reiterou sua intenção de mobilizar líderes internacionais para a criação de um Fundo Mundial de Combate à Fome e à Pobreza e disse que esse problema tende a deixar de ser social e se tornar político.

"É necessário equilibrar a agenda internacional, hoje concentrada quase que exclusivamente em temas relativos à segurança. Não se pode relegar a segundo plano os flagelos da insegurança alimentar e da pobreza, que afligem a maior parte da humanidade", disse o presidente para uma atenta platéia de cerca de 200 estudantes.

"A redução da fome e da pobreza requer uma mudança de atitude por parte dos governos. A fome, até agora um problema social, deve transformar-se em problema político." Lula afirmou ainda que pretende convidar todos os chefes de Estado para estarem presentes na abertura da Assembléia Geral da Organizações das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para debater o tema, em 20 de setembro.

"Espero mobilizar os líderes mundiais para a importância da canalização de recursos financeiros adicionais para reduzir a fome e a pobreza. Esse encontro deverá produzir alternativas capazes de enfrentar o problema", acrescentou.

Durante a conferência "Política Externa Brasileira no Século 21 e o Papel da Parceria Estratégica Sino-Brasileira", o presidente destacou os principais pontos da política externa do país, que inclui o fortalecimento do Mercosul e das relações com países do hemisfério sul, como a África e a China.

Lula disse que, "neste esforço de maximizar as possibilidades da geografia econômica sul-americana e facilitar conexões com outras regiões do globo", a participação de investimentos chineses no Brasil é fundamental.

O presidente também ressaltou que o fortalecimento do comércio internacional é uma das formas mais eficazes de gerar riqueza e combater as desigualdades. "O comércio internacional é um instrumento valioso para atingir esse objetivo."

Para ampliar a busca de novos mercados, o presidente ressaltou a importância de se buscar, nas instâncias internacionais, a diminuição das barreiras comerciais que dificultam as exportações dos países em desenvolvimento.

"Nossa atuação nas negociações multilaterais tem buscado efetiva abertura de mercados para os produtos agrícolas e regras mais equitativas que preservem a independência das políticas nacionais de desenvolvimento", disse. "Nosso principal objetivo é a eliminação dos vultosos subsídios concedidos pelos países desenvolvidos."

O presidente brasileiro aproveitou para, mais uma vez, condenar ações militares sem a aprovação da ONU, como a realizada pelos EUA no Iraque, e defendeu um papel mais significativo para o Brasil e para a China no Conselho de Segurança do órgão.

"Brasil e China são países com capacidade de contribuir para a estabilidade global. Podem e devem ajudar na promoção de um 'novo pacto' nas Nações Unidas, que recoloque a organização no centro dos debates sobre a paz e a segurança internacionais, tornando-a mais representativa e democrática", afirmou.

Parceria Brasil-China

Lula classificou a parceria entre Brasil e China como extremamente estratégica dentro da linha de política externa que o Brasil vem adotando. "(É) uma parceria baseada no vigor das relações econômico-comerciais, que muito podem contribuir para o desenvolvimento harmônico de nossas economias."

Como exemplo, o presidente afirmou que as parcerias comerciais entre os dois países podem promover a recuperação e expansão do sistema ferroviário brasileiro, o que possibilitaria que as exportações brasileiras chegassem à China em maior volume e com menores custos.

"Outros setores onde a parceria é promissora são nos software e energia, em particular a exploração conjunta de poços de petróleo e minas de urânio", observou.

"Considero que o vigor da economia chinesa oferece uma oportunidade de crescimento e de cooperação econômica inéditos entre os países do sul. Estou seguro que a China tem percepção semelhante sobre a economia brasileira."

Antes da palestra, o presidente inaugurou na Universidade de Pequim um "Centro de Estudos Brasileiros", o primeiro que promoverá o intercâmbio entre as duas culturas com o ensino do português falado no Brasil. Outras universidades chinesas oferecem apenas o português falado em Portugal.




Fonte: Terra

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