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Politica Brasil
Segunda - 24 de Maio de 2004 às 07:43
Por: Edivaldo de Sá

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Ainda estou lendo o livro do colega José Carrara que aborda o conflito entre o Poder Judiciário e a Imprensa, que me foi presenteado por um amigo juiz de direito. A idéia do autor me parece ser a de tentar estreitar o laço institucional entre esses dois poderes, muito diferentes, mas que agem diretamente sobre a vida de todos nós cidadãos.

Mas não é sobre o livro especificamente que quero falar, e sim sobre o judiciário, e que mesmo com um livro tentando explicar os meandros da justiça, fica difícil de o povo entender na prática porque certas coisas acontecem e ai afloram o sentimento da certeza da impunidade ou da demora da punição àqueles que cometem algum tipo de crime.

Vou citar aqui três casos, muito diferentes, apenas para que se possa ter uma leve noção daquilo que quero comentar.

Li uma reportagem publicada num jornal de circulação estadual, em que o filho do agricultor Valdivino Luiz, Valtenir Luiz Pereira, de certa forma critica a justiça, que até hoje ainda não mandou prender o assassino confesso de seu pai, prefeito José Rezende da Guia, de Juscimeira. Como explicar ao povo que um assassino confesso, pode estar em liberdade e ainda administrando um município, decidindo o destino de milhares de pessoas.

Assisto também a luta de vereadores, eleitos para fiscalizar os atos do executivo, do município de Arenápolis, e agora do povo, de dar um basta da administração desastrosa do prefeito local, que já foi inclusive cassado pela maioria absoluta de seus vereadores, por ter cometido improbidades administrativas. Se não bastasse isso, pesam contra o alcaide diversas Ações Civis Publicas, patrocinadas pelo Ministério Publico do Estado, a quem rendo elogios pela atuação.

Uma dessas ações tramita desde o ano passado, depois que uma operação comandada pelo Delegado Regional Wilson Leite, culminou com a prisão de um de seus principais assessores e uma comparsa, o terceiro deles acaba de ser preso depois de quase um ano e de documentos que supostamente comprovariam a existência de um esquema de desvio de recursos públicos, mas que passados quase seis meses ainda não se tem uma decisão. Depois disso o MP já pediu e teve atendido ao pedido, afastando a Secretaria Municipal de Educação, por desvio de recursos do Fundef.

Novamente o MP pediu o afastamento do prefeito, por causa das 53 irregularidades graves e insanáveis que constam no parecer técnico emitido pelo TCE e mantido pela Câmara Municipal, onde algumas delas comprovariam as denuncias apuradas na primeira ACP ainda em tramitação, dentre tantas outras, abreviando, para não me alongar. Ora, como pode um prefeito continuar administrando, com tantas denuncias de improbidades administrativas cometidas e até prisão de seus principais assessores, sem que se dê um basta nos possíveis prejuízos que ele vem dando ao erário publico.

Por ultimo, no inicio deste mês, o Prefeito Rodolmildo Rodrigues Silva, de Nortelândia, foi cassado pela justiça, por ter usado um coração como logomarca de sua administração, a mesma que teria sido usada ainda no seu primeiro mandato de 97/2000. O fato caracteriza crime sim, onde o MP entendeu ser promoção pessoal. Mas o coração seria o motivo pelo qual o prefeito que não tem nenhuma denuncia por corrupção e faz a melhor administração da história de seus 50 anos de emancipação, tenha perdido seu cargo.

Neste município e no vizinho de Arenápolis, o comentário que se faz em todas as rodas políticas ou não, é como pode ter afastado um prefeito só por causa de um coração e ainda se mantém no cargo um por assassinato e outro por improbidades administrativas, incluindo desvio de recursos públicos.

A revista Veja de 05 de Maio, apresentou uma reportagem intitulada “O Tostão contra o Milhão” narrando a absolvição do Governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, acusado de desviar cerca de 40 milhões de reais e a cassação do Senador João Capiberibe, do Amapá, que junto com sua mulher a Deputada Federal Janete Capiberibe, teriam comprado dois votos, a R$ 26 reais cada. Como entender e explicar essas decisões para o eleitor-cidadão.

Poderia citar tantos outros casos em diferentes áreas, mas acho que esses bastam. E por mais que eu leia e entenda o livro do meu colega, como explicar isso para o povo, que com certeza não entenderão como funcionam os meandros da Justiça Brasileira, os tramites processuais, o direito a ampla defesa e etc.

A Impresa Brasileira é apenas porta voz do sentimento do seu povo, mesmo tendo alguns programas ou jornais sensacionalistas, onde seus condutores esbravejam contra o judiciário, assunto, aliás, abordado no livro, mas que também encontra dificuldades em entender como isso tudo pode acontecer.

Pelo jeito o conflito Imprensa e Judiciário ainda persistirá por muito tempo, porque a Imprensa continuará abordando esses assuntos e talvez alguém ainda escreva um novo livro, que pode levar o seguinte titulo: CONFLITO entre A IMPRENSA, O POVO e o JUDICIÀRIO.

*Edivaldo de Sá é Radialista Profissional, Jornalista, Editor Chefe do site www.reporternews.com.br e Assessor de Imprensa. E-mail: edivaldodesa@reporternews.com.br




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