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Polícia Brasil
Quinta - 20 de Maio de 2004 às 12:14
Por: José Ribamar Trindade

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A morte do tenente Érick da Silva Cunha, de 27 anos, da Polícia Militar, encontrado morto com um tiro na fronte direita, dentro da casa dele, no Jardim Universitário, em Cuiabá por volta das 5 horas da madrugada do último domingo(16), trouxe à tona uma prática criminosa, sórdida e diabólica, que se tornou comum nos últimos anos dentro da PM. Nunca, no entanto, alguém teve coragem de oficializá-la: o complô. A última vítima é o coronel Victor Hugo Mettelo, comandante geral da PM. Uma carta anônima, dessas que superlotam as redações de jornais, rádios e televisões, acusa Metello de perseguir o tenente Érick.

Antes de tudo, no entanto, a reportagem conversou com uma psicóloga para que ela explicasse o fenômeno suicídio. Com a exigência apenas de não ser identificada, a profissional releva que suicídios são inevitáveis. Geralmente as vítimas, segundo ela, são portadores de profundas depressões. Na maioria dos casos as vítimas já têm antecedentes na família.

Horas antes de se suicidar, segunda ainda a reportagem apurou, o tenente Érick, ainda na noite de sábado (15), e início da madrugada de domingo, depois de beber muito em uma festa, tomou conhecimento que sua namorada, a aspirante PM Bianca teria se envolvido em um grave acidente de trânsito, do qual teria saído em estado grave. O tenente também teria feito algumas ligações telefônicas para alguns amigo. Nelas, se despediu, e afirmando que iria se matar. O acidente realmente aconteceu, mas Bianca sobreviveu.

“Se essa pessoa realmente se suicidou, é porque ela tinha tendência para isso. Não posso afirmar os motivos, mas com certeza era vítima de uma profunda depressão. Liás, só a família pode ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu, ou vinha acontecendo, possivelmente há muitos anos”, explica a psicóloga.

Quando foi encontrado morto, o tenente, segundo a delegada Ana Paula Farias, da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), al´me do revólver, prendia, entre o colo e as pernas, um quadro com uma foto de Bianca. “O suicídio está comprovado. Até porque, na casa onde ele estava morto, não havia indícios de arrombamento e de outro tipo de violência”, afirma a delegada Ana Paula.

A parir daí, no entanto, uma carta anônima tenta fazer ligações entre a morte do tenente Érick e um incidente entre o militar e o filho do coronel Metello, registrado há quase um ano e o tenente Érick. O coronel Jorge Roberto Ferreira, chefe do Estado Maior da PM e corregedor geral da mesma instituição, confirma o fato, mas garante que tudo está sendo apurado.

Diz o corregedor, que na época o caso foi parar na Polícia Civil, e depois foi aberto Inquérito Policial Militar (IPM) pela Corregedoria. “Nada foi escondido, como também nada estava escondido. O que aconteceu estava sendo apurado, mas agora estão tentando ligar um caso ao outro, o que ao meu ver não tem nenhum cabimento”, comenta o coronel Jorge.

O coronel Jorge diz ainda, que a carta anônima denuncia que o coronel Metello vinha perseguindo o tenente Érick, transferindo-o para uma cidade do interior do Estado. O corregedor garante que quase todos os tenentes que já passaram pela PM fizeram uma espécie de estágio no interior. Alguns, segundo o coronel, até pedem para trabalhar fora do eixo Cuiabá-Várzea Grande, por ser mais sossegado e por ter mais chances de se habilitar como oficial.

“Transferências para o interior são rotina. Alguns tenentes até pedem para ir. Acontece que dentro do estatuto da PM e de todos os órgãos estaduais e federais, existem itens que disponibilizam o funcionário público a trabalhar em qualquer lugar do Estado ou do País. O que não representa e nunca representou nenhuma perseguição. Tanto é verdade, que policiais federais que têm família em Recife, em Pernambuco, são designados a trabalhar em Cuiabá, Cáceres e outras regiões de Mato Grosso”, exemplifica o coronel Jorge.

Em contato com alguns tenentes e capitães da PM, para confirmar ou não as transferências para o interior, a reportagem confirmou que mais de 95% deles já foram transferidos normalmente para outras cidades, mas que voltaram quando houve necessidade de seus serviços na Capital.




Fonte: 24 Horas News

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