Repórter News - reporternews.com.br
Pilhéria
No palácio de Hur, a alguns passos do busto da Deusa da Justiça, e outros tantos do Planalto, reuniram-se vários cérebros em parlamento, cada um daqueles biótipos pregavam um caminho salvador, gritavam palavras de ordem, e gesticulavam feito Silvério dos Reis.
Um, mais exaltado, e ligado às hostes dos cavaleiros pelegos, dizia estar possuído de um espírito superior, que lhe ditava as palavras: barnabé, barnabé, conta os dias que virá a revolta das finanças internacionais, que lhe esmagará a cabeça, saboreando-lhe o fígado – alinhe-se a eles, barnabé, os banqueiros, e poderás tu, ainda que poltrão, descansar em paz.
A platéia, em vassalagem, de maioria de mais ou menos 326 dérmicos pálidos, que não arrostara o povo nas ruas, aplaudia efusivamente. Dizia um dos “par” aos pares:”o povo deve entender as razões dos ricos, dos endinheirados de Wall Street, e esquecer a retórica, discurso de campanha, como já dizia o chefe – bravatas”. Mais tímido, um aliado que passava, perguntou-lhe: mas e as ruas, os aposentados, os funcionários públicos? Estes não estão a encapelarem-se? Respondeu-lhe: que é isso, companheiro, estás a temer o quê? Os militares? Estes já estão de fora do projeto reformador que aqui se discute. Podemos falar grosso, e mais grosso ainda, pois, os outros, que tomemos por adversários, não nos incomodarão, usam togas, canetas não se teme, não furam como as baionetas, e as vestes talhares são pretas - “nem é verde oliva”, exclamou. Ainda em sôfrego com o próprio destino, o passante acudiu com a cabeça.
De outra banda, fazendo coro com os Juízes e servidores públicos, um grupelho tentando convencer os indecisos. A nossa causa é nobre, cavalheiros, devemos informar à opinião pública que o chefe deles deferiu as indicações dos “correligionários” em cobiçados cargos. Devemos denunciar a venda do serviço público aos banqueiros internacionais, ao FMI, e outros. Um indeciso que ouviu as grunhidelas, perguntou: qual a sua moeda de troca? Tens altos cargos para oferecer? Como resposta um abissal silêncio.
E veio a votação do fatigoso projeto de emenda constitucional. Tergiversou o presidente da assembléia: o chefe venceu por 326 votos. O chefe? Perguntou o Dr. PRONA. Emendando: e quem é o chefe de vocês, senão os banqueiros? Um reacionário, antes líder operário, de improviso, acudiu - vê-se que não se pode dar muito tempo aos discursos dele, somente o necessário para dizer: “meu nome é ENÉIAS”. Aliado deste último, o Colares, gaúcho, negro, cabelos grisalhos, sábio, advertiu: esta reforma é o fim, o completo aniquilamento do serviço público. O tempo, diz, na autoridade de seus cabelos brancos, é o senhor da razão. Aguardemos, então. Com estas palavras, encerrou, sendo aplaudido pelos únicos aliados do funcionalismo pelas bandas de Mato Grosso: Wilson Santos, Celcita Pinheiro, Telma de Oliveira, e Antero de Barros. A estes, o nosso: muito obrigado.
GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é Juiz de Direito, membro da Academia Mato-grossense de Magistrados, e escreve as terças no Diário gabn@globo.com
Um, mais exaltado, e ligado às hostes dos cavaleiros pelegos, dizia estar possuído de um espírito superior, que lhe ditava as palavras: barnabé, barnabé, conta os dias que virá a revolta das finanças internacionais, que lhe esmagará a cabeça, saboreando-lhe o fígado – alinhe-se a eles, barnabé, os banqueiros, e poderás tu, ainda que poltrão, descansar em paz.
A platéia, em vassalagem, de maioria de mais ou menos 326 dérmicos pálidos, que não arrostara o povo nas ruas, aplaudia efusivamente. Dizia um dos “par” aos pares:”o povo deve entender as razões dos ricos, dos endinheirados de Wall Street, e esquecer a retórica, discurso de campanha, como já dizia o chefe – bravatas”. Mais tímido, um aliado que passava, perguntou-lhe: mas e as ruas, os aposentados, os funcionários públicos? Estes não estão a encapelarem-se? Respondeu-lhe: que é isso, companheiro, estás a temer o quê? Os militares? Estes já estão de fora do projeto reformador que aqui se discute. Podemos falar grosso, e mais grosso ainda, pois, os outros, que tomemos por adversários, não nos incomodarão, usam togas, canetas não se teme, não furam como as baionetas, e as vestes talhares são pretas - “nem é verde oliva”, exclamou. Ainda em sôfrego com o próprio destino, o passante acudiu com a cabeça.
De outra banda, fazendo coro com os Juízes e servidores públicos, um grupelho tentando convencer os indecisos. A nossa causa é nobre, cavalheiros, devemos informar à opinião pública que o chefe deles deferiu as indicações dos “correligionários” em cobiçados cargos. Devemos denunciar a venda do serviço público aos banqueiros internacionais, ao FMI, e outros. Um indeciso que ouviu as grunhidelas, perguntou: qual a sua moeda de troca? Tens altos cargos para oferecer? Como resposta um abissal silêncio.
E veio a votação do fatigoso projeto de emenda constitucional. Tergiversou o presidente da assembléia: o chefe venceu por 326 votos. O chefe? Perguntou o Dr. PRONA. Emendando: e quem é o chefe de vocês, senão os banqueiros? Um reacionário, antes líder operário, de improviso, acudiu - vê-se que não se pode dar muito tempo aos discursos dele, somente o necessário para dizer: “meu nome é ENÉIAS”. Aliado deste último, o Colares, gaúcho, negro, cabelos grisalhos, sábio, advertiu: esta reforma é o fim, o completo aniquilamento do serviço público. O tempo, diz, na autoridade de seus cabelos brancos, é o senhor da razão. Aguardemos, então. Com estas palavras, encerrou, sendo aplaudido pelos únicos aliados do funcionalismo pelas bandas de Mato Grosso: Wilson Santos, Celcita Pinheiro, Telma de Oliveira, e Antero de Barros. A estes, o nosso: muito obrigado.
GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é Juiz de Direito, membro da Academia Mato-grossense de Magistrados, e escreve as terças no Diário gabn@globo.com
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/383509/visualizar/
Comentários