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Politica Brasil
Terça - 11 de Maio de 2004 às 17:56
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Controvérsias e mais controvérsias. O governo Lula cedeu à pressão do PMDB, fez ouvidos moucos aos contrários e empossou o ex-senador Carlos Bezerra na presidência do INSS, mesmo estando ele envolto em denúncias. Mentirosas, acredito, já que o PT não seria irresponsável de indicar pessoas inidôneas para tomar conta do dinheiro da aposentadoria dos nossos velhinhos.

Desde o início dos acertos do PMDB com o PT, o ex-senador tenta emplacar seu nome em um cargo federal para auxiliar o governo nesta luta histórica pelo “espetáculo de crescimento”. Falou-se em outros órgãos, como os Correios, mas a sua indicação só veio a calhar para a presidência do INSS, provavelmente porque o PT não queria errar. Não seria este o motivo da demora na nomeação? Mesmo sob constantes ataques e constrangimentos, “à torto e à esquerda”, o ex-senador mostrou-se de uma infinita determinação patriótica para servir à nação, sujeitando-se a todo tipo de denúncias na imprensa nacional, já que o INSS tornou-se um órgão sensível após o episódio Georgina. Qualquer um menos determinado desistiria de assumir o cargo. Durante a cerimônia de posse Carlos Bezerra afirmou, ao ser questionado sobre as denúncias de corrupção que “se tivessem alguma dúvida contra o meu nome, o governo ético do presidente Lula não me nomearia”. Ok, falou e disse!

Carlos Bezerra, ex-deputado, ex-senador e ex-governador, já há algumas eleições cultiva o hábito de dar abraços em adversários políticos. Do MDB histórico, como se vangloria ao vento, vem nas últimas eleições se comportando como um político sem rumo, que não sabe em que lado está, perdendo o seu referencial político junto ao eleitor. Votar-se-ia nele para substituir quem? Manteve-se no PMDB e orgulha-se disso, embora não se saiba em qual lado está o que significa ser PMDB. Como nas dúvidas de “ser ou não ser” de Hamlet, “to be or not to be”, the PMDB is the question! O partido há tempos deixou de tomar partido.

É óbvio que nessas suas desventuras políticas o ex-senador leva consigo seus aliados do momento, desde o experiente ex-governador Julio Campos, que em 98 depois de meses liderando as pesquisas de intenção de voto, aceitou o apoio de Carlos Bezerra e perdeu gloriosamente, até Antero Paes de Barros e Dante de Oliveira. Todos receberam singelos abraços de afogado. Sem dúvida ele não foi o único culpado dessas derrotas, claro, mas quem duvida da sua influência na perda do discurso?

Quem será o próximo a receber seu tão afagante abraço? Comenta-se que para conseguir emplacar seu nome na presidência do INSS fez parte da cesta de negociações, entre outras coisas, o apoio do PMDB ao PT nas eleições municipais de Cuiabá.

Caso seja verdade, boas nadadas a Alexandre César!

Adriana Vandoni Curvo é professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública pela FGV/RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br




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