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Politica Brasil
Quinta - 06 de Maio de 2004 às 12:55
Por: Onofre Ribeiro

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Confesso que vinha acompanhando com grande interesse a ingenuidade geral em torno do lançamento do secretário de Obras da Prefeitura de Cuiabá, como candidato a prefeito da capital pelo PMDB.

As manobras nasceram sem o aval do presidente do Diretório Regional do PMDB em Mato Grosso, ex-senador Carlos Bezerra. Na realidade, o aval do presidente do diretório seria muito mais do que um simples aval. O PMDB em Mato Grosso não existe além da figura de Carlos Bezerra, detentor da carta-patente, da escritura de propriedade, da marca, do balcão de negócios e dos destinos do rescaldo daquele que já foi o maior partido de oposição no período militar.

Com as negociações, aparentemente nascidas na intenção do secretário de Transportes, Luiz Antonio Pagot, de criar uma opção diferente do ex-chefe da Casa Civil do governo, deputado Carlos Brito, e do deputado estadual Sérgio Ricardo, ambos do PPS, fiquei me perguntando: consultaram o presidente Carlos Bezerra?

Quando vi que o prefeito de Cuiabá, Roberto França, com longa experiência política encampar a candidatura Marcelo de Oliveira, imaginei: claro que Carlos Bezerra foi consultado. Não foi!

Nesta terça-feira pela manhã cruzei com o vereador Totó Parente que anunciou-me a sua candidatura para aquela tarde. Mas a essa altura os sinais da entrada de Carlos Bezerra no processo já apareciam desde o final da semana passada. Levou para o lixo quaisquer opções anteriores envolvendo o seu partido. Ainda mais agora que é presidente do INSS e teve que negociar para assumir o cargo, diante da profunda rejeição do seu nome nas hostes do PT e do próprio PMDB mais orgânico.

Nessas negociações consta que entrou a promessa de uma candidatura pura do PMDB a prefeito de Cuiabá para dividir votos e ajudar na montagem de um segundo turno para o candidato do PT. A nomeação para o INSS passou por aí, na medida em que o PT tem projetos para prefeituras de capitais. Mas o fenômeno Waldomiro Diniz tragou o governo do PT e diminui suas chances até mesmo em Cuiabá a níveis mínimos.

Nesse segundo turno, o PMDB apoiará o candidato do PT em pagamento do acordo feito com o presidente do diretório regional, Carlos Bezerra.

Com toda essa série de equívocos, principalmente do prefeito Roberto França que escutou o canto da sereia e ajudou a enfraquecer a candidatura do deputado Sergio Ricardo, do seu partido e do PPS. Do Palácio Paiaguás vieram claros sinais de fumaça de que pouco importa uma candidatura do PPS, até porque o governador não tem o mínimo interesse nela e muito pouco no partido.

O resultado da confusão no PMDB não deverá provocar mudanças importantes na eleição em Cuiabá. Mas serviu para mostrar que qualquer conversa, entendimento, intenção ou candidatura precisa ser pedida em procissão com velas acesas ao presidente Carlos Bezerra, dono do PMDB que, a rigor, deveria se chamar PMCB.

* Onofre Ribeiro é Jornalista em Cuiabá.




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