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Politica Brasil
Quinta - 06 de Maio de 2004 às 12:50
Por: João Carlos Caldeira

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Num dos raros e interessantes momentos na programação das televisões brasileiras, a Rede Globo vem apresentando uma série de reportagens especiais, sob o nome de ¨Mapa do emprego¨, todas as Terças-feiras, no Jornal da Globo.

O objetivo da produção do telejornal é mostrar ao público quais as cidades ou regiões do país onde existe carência de trabalhadores ou ao menos, onde é mais fácil conseguir uma vaga no mercado do trabalho.

Na última Terça-feira, o estado de Mato Grosso foi destaque, mais especificamente as cidades de Rondonópolis e Sorriso. A reportagem durou mais de cinco minutos (o que convenhamos, é uma eternidade na televisão) e mostrou onde estão as vagas no mercado formal de trabalho, todas é claro, ligadas ao agronegócio. Segundo a reportagem, quatro em cada dez vagas oferecidas no agronegócio brasileiro, estão em Mato Grosso. Operadores de colheitadeiras, motoristas, trabalhadores na indústria de esmagamento de soja ou na indústria de embalagens, vendedores de implementos agrícolas e até pilotos de avião, foram mostrados pela poderosa Rede Globo.

Para quem está desempregado e encontra dificuldades para entrar no mercado de trabalho, pode parecer um certo exagero jornalístico, ou então uma estratégia da rede de televisão para conquistar a simpatia do presidente da república ou do PT.

No entanto, alguns números de nossa economia, parecem dar legitimidade à reportagem. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - Caged, do Ministério do Trabalho, no primeiro trimestre deste ano, houve um saldo positivo de 3.729 contratações. Somente no Sistema Nacional de Emprego - Sine de Cuiabá, havia 349 postos de trabalhos vagos na última Sexta-feira.

Onde estão os desempregados que não preencheram as 349 vagas de Cuiabá? Será que não existe desemprego em nosso estado? É claro que existe e essas e tantas outras vagas não foram preenchidas por falta de qualificação e ensino.

Para se trabalhar em qualquer atividade é necessário no mínimo, 2º grau completo e curso de informática. Acha que estou exagerando, então vamos lá: Operador de colheitadeira – as máquinas são controladas por computador de bordo, satélite, sensores e sem instrução e informática não dá. Motorista de carreta que transporta soja ou algodão – os veículos são monitorados por satélites e rastreadores, além dos equipamentos sofisticados da cabine do cavalo (caminhão). Vigilante ou segurança – se não tiverem boa instrução e curso de informática, não conseguem operar as câmeras, portões e equipamentos de segurança. Vendedor de insumos agrícolas – se não tiverem o segundo grau e um curso de informática, como vão trabalhar com o computador do balcão ou atender os empreendedores e empresários do agronegócio?

O investimento na educação e na qualificação da mão de obra é fundamental para que Mato Grosso possa continuar crescendo como nos últimos anos, e se o estado não fizer, os empresários terão que fazer, sob pena de inviabilizarem seus negócios.

Existe o problema do desemprego estrutural de alguns municípios que vivem a margem da explosão do agronegócio, como Alto Paraguai, Barão de Melgaço, Rosário D´Oeste entre outros. Nestes casos não basta educação e qualificação, é preciso investimentos sociais e vontade política.

Respondendo a pergunta que fazia no título deste artigo, os desempregados de Mato Grosso estão abrigados nos porões da ignorância educacional, da falta de habilidade técnica e qualificação profissional, pois não conseguem atender a nova demanda e realidade de um estado que cresce e desenvolve seu agronegócio como nenhum outro, mas não consegue eliminar com a mesma competência e rapidez, suas injustiças sociais.

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista, pós-graduado em administração de turismo, hotelaria e lazer. E-mail: joaocmc@terra.com.br




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