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Cultura
Quarta - 05 de Maio de 2004 às 12:00
Por: Naiara Martins

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Candido Mariano da Silva Rondon nasceu no distrito de Mimoso, município de Santo Antonio de Leverger, em Mato Grosso, no dia 05 de maio de 1865. Órfão desde os dois anos, viveu com os avós até os sete, quando mudou-se para Cuiabá onde passou a viver com o tio Manoel, em Cuiabá. Aos 16 anos foi diplomado professor primário (ensino fundamental) pelo Liceu Cuiabano.

Tempo depois ingressou na carreira militar como soldado do 3º Regimento de Artilharia a Cavalo. Interessado na carreira militar, mudou-se para o Rio de Janeiro onde, em 1883, matriculou-se na Escola Militar. Em 1890, recebeu o diploma de bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais da Escola Superior de Guerra do Brasil.

Formado, foi nomeado professor de Astronomia e Mecânica da Escola Militar, cargo do qual afastou-se em 1892. Ainda em 1892, em 1º de fevereiro, casou-se com D. Francisca Xavier, com quem teve sete filhos, e foi nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso. Foi então designado para a Comissão de Construção da linha telegráfica que ligaria Mato Grosso e Goiás.

O novo governo republicano estava preocupado com o grande isolamento das regiões mais ocidentais do país, particularmente nas fronteiras com o Paraguai e Bolívia, por isso decidira construir linhas telegráficas que melhorassem as comunicações com o centro-oeste e o longínquo norte.

Rondon foi o mais importante dos sertanista que desbravaram estes rincões, abrindo caminhos, lançando linhas telegráficas, registrando sua topografia, descobrindo rios, estudando a flora e a fauna, mas, principalmente, estabelecendo relações respeitosas e desmistificando a imagem de violentos, assassinos e até antropófagos, que se construíra em torno dos primitivos habitantes destas terras: os índios.

Rondon costumava utilizar o lema: “Morrer se necessário for, matar nunca”. Prova de sua relação pacífica com os aborígines. Entre outras nações indígenas, Rondon manteve contatos com os Bororo, Nhambiquara, Urupá, Jaru, Karipuna, Ariqueme, Boca Negra, Pacaás Novo, Macuporé, Guaraya, Macurape, e outras.

O DESBRAVADOR - Entre os anos de 1892 e 1898 ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e o Araguaia, e uma estrada de Cuiabá a Goiás. Entre 1900 e 1906 dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras de Paraguai e Bolívia. Em uma de suas expedições, 1906, encontrou as ruínas do Real Forte do Príncipe da Beira, a maior relíquia histórica de Rondônia.

Em 1907, no posto de major do Corpo de Engenheiros Militares, foi nomeado chefe da comissão que deveria construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Madeira, a primeira a alcançar a região amazônica, e que foi denominada "Comissão Rondon". Desenvolvendo seus trabalhos de 1907 a 1915.

Os trabalhos exploratórios da Comissão Rondon, quando foram estudados e catalogados exemplares pertencentes a geografia, biologia (fauna e flora) e antropologia, dividiram-se em três expedições:

A primeira realizada nos últimos meses de 1907, reconheceu 1.781 km entre Cuiabá e o rio Juruena; a seguinte, ocorrida em 1908, envolveu 127 membros. Foi encerrada às margens de um rio denominado 12 de outubro, extremo norte de Mato Grosso (data de encerramento da expedição), tendo reconhecido 1.653 km entre o rio Juruena e a Serra do Norte. A terceira expedição, que mobilizou 42 homens, foi realizada de maio a dezembro 1909, vindo da serra do Norte ao rio Madeira, atravessando toda a atual Rondônia.

Candido Mariano assumiu em 1910, a direção do Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Inaugurando em outubro de 1911, a estação telegráfica de Vilhena, na fronteira dos atuais estados de Mato Grosso e Rondônia. Em junho de 1912 inaugurou nova estação telegráfica, a 80 km de Vilhena, que recebeu seu nome.

De maio de 1913 a maio de 1914 participou da denominada expedição Roosevelt-Rondon, junto com o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Theodore Roosevelt.

Durante o ano de 1914 a Comissão Rondon construiu em oito meses, no espaço físico de Rondônia, 372 km de linhas e cinco estações telegráficas: Pimenta Bueno, Presidente Hermes, Presidente Pena (mais tarde Vila de Rondônia, atualmente Ji Paraná), Jaru e Ariquemes ( 200km de Porto Velho). Sua grande missão de levar a comunicação até o extremo do Estado, foi concluída em janeiro de 1915, quando inaugurou a estação telegráfica de Santo Antonio do Madeira.

Em 5 de maio de 1955, data de seu aniversário de 90 anos, recebeu o título de Marechal do Exército Brasileiro concedido pelo Congresso Nacional. Em mais uma forma de prestar homenagens àquele que viabilizou o romper das distâncias, em 17 de fevereiro de 1956, o Território Federal do Guaporé teve seu nome alterado para Território Federal de Rondônia. Em 1957 foi indicado para o prêmio Nobel da Paz, pelo Explorer's Club, de New York.

Uma vida ,de dedicação a República e as causas nobres que envolveram seu estado, Rondon prestou serviços de todas as origens a terra mato-grossense. Na proteção e reconhecimento de fronteiras, além da construção de 7 mil Km de linhas telegráficas, o Marechal percorreu 17.316 Km por terra e água, permeando as fronteiras com a Guiana Francesa, Holandesa, Inglesa, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Argentina e Uruguai. Utilizando-se das mais variadas formas de locomoção, foram trilhados 1.071 Km em lombo de cavalos, 10.702 Km em embarcações fluviais, 2.917 Km em automóvel e 1.896 Km em meios ferroviários.

Seu vasto conhecimento sobre fauna e flora, botânica, geografia, geologia e cartografia, permitiram a elaboração da primeira Carta Geográfica de Mato Grosso, entregue por Rondon, em 1952, ao então governador do Estado, o bispo D. Aquino Corrêa. Hoje a carta faz parte do acervo pertencente ao Arquivo Histórico do Exército, no Palácio Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Candido Mariano da Silva Rondon, foi homenageado pelo Senado e Câmara Federal, quando foi elevado ao Posto de Marechal; recebendo em 1963 a honraria de Patrono das Comunicações.

Rondon faleceu em 19 de janeiro de 1958, aos 92 anos, no Rio de Janeiro.




Fonte: Secom - MT

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