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Politica Brasil
Sábado - 24 de Abril de 2004 às 15:44
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Semanas atrás vi um comentarista político dizendo que o atual governo sofria de crise de identidade. Estava certo. Eles não se encontram, não captaram de que lado estão, se do antigo de contestadores ou se estão do lado da legalidade, do fazer cumprir, do lado que deve pacificar conflitos para a manutenção da ordem.

Não sou psiquiatra para tratar desse povo todo, nem acho que exista alguém capaz de tratar tão entranhado mal, mas, como observadora, acho que descobri o que provoca essa crise de identidade. É a logorréia, que é o mesmo que incontinência verbal.

O que está mesmo assolando este governo é o fato da maioria do primeiro escalão ou time titular, como gosta de falar o presidente, sofrer de logorréia. Para explicar o que significa isso ao presidente eu diria que “quem muito fala, muito erra”.

Esse mal que, teoricamente não deveria ser contagioso está me saindo mais devastador que o “assembleísmo”, que julguei, seria o grande mal deste governo. Está contaminando até os que eram tidos como sensatos e comedidos. Até Márcio Tomaz Bastos foi capaz de dizer que jogar uma galinha na prefeita de São Paulo era o mesmo que jogar um veado em um homem (!). Será que eram com argumentos desse tipo que ele defendia seus clientes? O presidente deveria ter-lhe dito: “Companheiro Tomazf, em boca fechada não entra mosfca”.

Lula escolheu a dedo seus colaboradores. Compôs um ministério que compulsivamente fala como se tivessem pouco tempo para dar a vazão a um grande número de idéias que passam por suas cabeças e que estiveram guardadas durante anos. Só que essas idéias devem ter ficado tanto tempo guardadas que viraram uma profusão de frases sem sentido ou sem valor, dizendo coisas de pouco conteúdo ou sem qualquer conteúdo. Não digo que são totalmente inúteis porque vez ou outra surte efeito devastador. Mas, como diria Valfrido Canavieira, personagem de Chico Anísio, "Palavras são palavras nada mais que palavras!"

A confusão é tão grande que, quando ainda existia o Fome Zero -lembram-se dele?, eles quiseram vincular planejamento familiar com o recebimento do benefício. Nesse momento estavam tentando conter o alto índice de natalidade. Agora eles querem reajustar minimamente o salário mínimo e ao mesmo tempo conceder um adicional maior ao salário família, ou seja, incentivando a natalidade. Que coisa mais doida! Só espero que o presidente quando for anunciar isso à população diga também que “quem pariu Mateusf que o crie”!

Vou continuar persistente nessa minha tentativa de entender a cabeça desses logorréicos. Como aprendi com o presidente Lula, em uma das suas “sábias” comparações: “ler é como andar de esteira, é uma questão de hábito”. Quem sabe com o tempo eu me habitue e passe a entendê-los.

Adriana Vandoni Curvo é, professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública FGV/RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br




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