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Cultura
Segunda - 19 de Abril de 2004 às 13:39

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São Paulo - Foram cinco as noites de Caetano Veloso no Carnegie Hall, em Nova York, na semana passada. Para o crítico do jornal New York Times, Jon Pareles, não foi o suficiente. Em texto intitulado "Um cantor brasileiro revela algumas raízes americanas", Pareles escreve que com seu novo trabalho, A Foreign Sound, os americanos têm a chance de captar o estilo poético do cantor, sua voz suave e sua ousadia ao combinar estilos, pois as canções são todas em inglês.

Caetano foi convidado para participar da série Perspectivas, que lhe rendeu dois shows, na sexta-feira e no sábado, e apresentações especiais com músicos brasileiros ligados a ele de alguma forma. Na quarta-feira, foi a vez da Banda Afroreggae, cujo primeiro CD foi produzido pelo cantor; quinta-feira Mart’nália, filha do sambista Martinho da Vila e de Anália da Vila, apresentou seu repertório; e, no domingo, Caetano encerrou sua passagem em Nova York com uma aparição no show de Virgínia Rodrigues, cantora baiana descoberta por ele. O programa incluía ainda a presença do poeta Augusto de Campos, que não compareceu, por problemas de saúde.

O ponto alto da programação, no entanto, foram os dois shows de Caetano, em que ele apresentou canções de seus trabalhos antigos e também de seu A Foreign Sound, composto de 23 músicas americanas. Seguindo uma seqüência temática, no primeiro show, Caetano começou com Não tem tradução, de Noel Rosa. Depois, cantou a sua Baby, que mostra a influência das gírias americanas no Brasil, seguida por Diana, de Paul Anka, de onde ele tirou o verso "Baby, I love you."

Para Pareles, Diferentemente é um samba novo e gostoso de ouvir. A letra menciona Osama, Condoleezza e tem a frase, em inglês, "When you look at me I don´t know who I am" (Quando você olha para mim, eu não sei quem sou). O tema relacionando a estrangeiros continuou com a mistura de Manhattan, de Rodgers e Hart, com Manhatã, do próprio Caetano, prevendo a ilha tomada por indianos. Na seqüência, ele cantou O Estrangeiro, com The Carioca, uma fantasia do filme de Fred Astaire Voando para o Rio.

Tendo feito seu tributo à música norte-americana, Caetano convidou David Byrne, a quem ele chamou de "meu cantor americano preferido" para dividir o palco. Mais uma vez, Caetano cantou Manhattan com Manhatã. Ele também cantou The Revolution, de Byrne, que revelou tê-la feita a partir de Manhatã. Mas Caetano cantou mais de suas próprias músicas. Diferentes como são, ficou claro que Caetano e Byrne se entendem e que gostaram de cantar juntos, com a justaposição de Terra, do brasileiro, a Heaven, do americano.




Fonte: Estadão.com

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