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Politica Brasil
Domingo - 11 de Abril de 2004 às 16:30

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A senadora mato-grossense Serys Slhessarenko (PT) defendeu a realização imediata da reforma agrária no Brasil. Na opinião da senadora, é preciso fazer avançar o processo e não se perder mais tempo com discussões sobre a existência ou não de vocação para se trabalhar a terra.

“O problema é que nunca se fez a reforma agrária e ainda agora está sendo feita de forma extremamente lenta. Nós temos que fazer avançar o processo. Não podemos ficar discutindo as ocupações, porque os sem-terra são pessoas com vocação para trabalhar na terra, em especial os que integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)”, argumentou a senadora.

Na opinião de Serys, a superconcentração da posse da terra, que se originou no descobrimento do Brasil e continuou ao longo da história do país, é a verdadeira origem do problema, e não a suposta falta de vocação dos que estão reivindicando a reforma agrária. Para ela, não há falta de vocação, mas sim de terra, e é por isso que muitos brasileiros continuam ainda como empregados nas fazendas, muitas vezes na situação de trabalho escravo ou semi-escravo.

“Chega de discursos e projetos. Nós precisamos é de reforma agrária concretamente e política agrícola sim”, disse ela, em resposta ao senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que afirmou, em aparte, haver enorme consciência de que o uso da terra implica a existência de sistema logístico e processos produtivos adequados para que a reforma agrária produza os resultados esperados e seja auto-sustentável.

O senador por Pernambuco lembrou a ocorrência de 40 invasões de terras nos últimos dias. Em sua avaliação, torna-se impossível para o poder público dar solução para tantas invasões em tão pouco tempo. Ele também argumentou que o Nordeste apresenta situação peculiar por ter recursos naturais de menos para população demais. Segundo o senador, 80% de seu Estado é de região semi-árida, imprestável, portanto, para a reforma agrária.

Judiciário - No mesmo discurso, Serys Slhessarenko também defendeu pontos polêmicos da reforma do Judiciário, cuja votação foi concluída na terça-feira na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e vai agora a exame do Plenário. Para ela, o controle externo do Judiciário e o fim do nepotismo (proibição para nomeação de parentes) são avanços importantes da reforma.

No caso do controle externo, Serys disse que não se pode comparar a situação do Judiciário com a do Legislativo, “que já é controlado pelo voto”, para se opor à instituição do sistema. “O controle popular é o maior controle que existe. Tem que acabar com essa comparação. Nós não poderíamos continuar com o Judiciário sem controle. Os integrantes do poder acabam se tornando semideuses”, justificou.

Serys também defendeu a ampliação da proibição de nomeação de parentes para os outros poderes.




Fonte: Folha do Estado

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