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Cultura
Segunda - 05 de Abril de 2004 às 09:17
Por: Luis Carlos Merten

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São Paulo - Já faz parte do calendário cultural de São Paulo - há 30 anos, o Sesc organiza o Festival Melhores do Ano, para exibir os filmes preferidos do público e dos críticos no ano anterior. E, como tem ocorrido regularmente, o festival começa com uma pré-estréia de filme brasileiro para convidados. Hoje, será exibido Harmada, de Maurice Capoville, marcando o retorno do diretor de Bebel, Garota Propaganda, O Profeta da Fome e O Jogo da Vida.

A partir de amanhã e até 22, serão exibidos os melhores de 2003 - 32 filmes, entre nacionais e estrangeiros, escolhidos por 37 críticos e cerca de 215 freqüentadores do CineSesc. Com exceção justamente do melhor filme, houve rara unanimidade entre os nacionais escolhidos pelo público e pela crítica. Jorge Furtado foi o melhor diretor, para ambos (por seu filme O Homem Que Copiava), Lázaro Ramos foi o melhor ator (também por O Homem Que Copiava) e Simone Spoladore, a melhor atriz (por Desmundo). O divórcio ocorreu justamente na categoria principal - os críticos escolheram O Homem Que Copiava, o público, Amarelo Manga.

No quesito cinema estrangeiro, a polêmica é maior. Os melhores filmes do ano têm de ser escolhidos entre Ten, de Abbas Kiarostami, Kedma e Kippur - O Dia do Perdão, de Amos Gitai, O Filho, de Jean-Pierre e Luc Dardenne, Longe do Paraíso, de Todd Haynes e - claro - O Retorno do Rei, terceira parte de O Senhor dos Anéis, que Peter Jackson adaptou da saga cult de J.R.R. Tolkien.

São filmes que apontam para o cinema do futuro e revelam tendências - técnicas, estéticas e até comportamentais. Os planos-seqüências de Gitai, Kiarostami e dos irmãos Dardenne são tão importantes quanto o conceito que o cinemão expressa em O Senhor dos Anéis, lançando mão - veja-se o Gollum - da tecnologia digital de ponta. O caminho do cinema do futuro está na popularização da cultura clássica - será? São discussões interessantes, importantes mesmo, mas o público e os críticos, desta vez, se dividiram e só estiveram de acordo em dois quesitos. Um, tudo bem - o destaque para Julianne Moore como melhor atriz (por Longe do Paraíso). O outro é mais polêmico - o melhor filme do ano, para ambos, foi As Invasões Bárbaras, de Denys Arcand. E aí é de desanimar. Pode-se até entender os motivos pelos quais as pessoas gostam de As Invasões, mas, com o perdão de quem votou nele (ou votaria), Arcand é demagógico e manipulador e o seu filme não é melhor de coisa nenhuma.

Festival Sesc. Rua Augusta, 2.075, tel. 3082-0213. Até 22/4. Abertura hoje, para convidados, com a exibição de Harmada




Fonte: Estadão.com

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