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Governo encurta o horizonte político
BRASÍLIA - Com um ano e três meses de poder, o PT começa a refazer as contas. A blindagem ética arranhada com o escândalo Waldomiro Diniz, a falta de agilidade na máquina administrativa e, principalmente, a demora na retomada do crescimento econômico fizeram o partido pisar no freio. O entusiasmo com o êxito avassalador nas eleições municipais de outubro dá sinais nítidos de queda. Em meio à crise, o discurso torna-se cauteloso quando o assunto é a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. O próprio presidente, que no ano passado chegou a considerar quatro anos um período muito curto para fazer todas as mudanças que o Brasil clamava, encurtou o horizonte de seu projeto político.
- Os ministros devem entrar numa fase paz e amor e esperar para responder as críticas depois de quatro anos de governo, para que as pessoas comparem o que fizemos com o que os outros fizeram - disse Lula, no discurso em Três Lagoas (MG), na sexta-feira, quando prestigiou a inauguração de de uma termelétrica.
Dentro do partido, ninguém mais fala em oito anos de poder. Hoje, todas as atenções se concentram nas eleições para prefeito, marcadas para outubro. O artífice dessa montagem política no Partido dos Trabalhadores é o presidente nacional da legenda, José Genoino (SP). No ano passado, ele estabelecia como meta mínima dobrar o número de prefeituras comandadas pelo partido - 183.
O foco principal será a reeleição dos sete prefeitos de capitais - Belo Horizonte, São Paulo, Recife, Belém, Goiânia, Aracaju e Porto Alegre. Na tarde de quinta-feira, Genoino confirmou ao Jornal do Brasil a intenção de reeleger os administradores nessas capitais e aumentar o número de prefeituras no interior dos Estados. A meta, contudo, é mais modesta e evita fixar qualquer percentual.
- Eu nunca fixei números de prefeituras, isso é coisa para adivinho. Mas com certeza vamos priorizar nossa ação nos grandes centros, onde o PT é mais forte - garantiu Genoino.
É justamente nos grandes centros que o PT pode enfrentar as maiores dificuldades. O PMDB, amigo no plano federal, está disposto a acabar com a hegemonia petista em Porto Alegre. Em São Paulo, a prefeita Marta Suplicy apareceu num decepcionante terceiro lugar na pesquisa Datafolha divulgada na semana passada. Marta estava atrás dos adversários Paulo Maluf (PP) e José Serra (PSDB). No Rio, a situação é ainda pior: a candidatura de Jorge Bittar insiste em não decolar nas pesquisas de opinião.
O partido ainda vai ser obrigado a lutar contra um inimigo perigoso: nas capitais, o nível de informação da população é claramente maior. A falta de emprego e a crise política tendem a reduzir o poder de influência do governo federal na disputa. No Sudeste, por exemplo, onde o PT tem dois prefeitos de capital - Fernando Pimentel (Belo Horizonte) e Marta Suplicy (SP) -, a aprovação ao governo Lula é de apenas 49%.
- Não há a menor possibilidade de a disputa eleitoral nas capitais não ser nacionalizada. Isso dificulta a nossa vida se os resultados econômicos demorarem a aparecer - confirmou um petista de primeira hora que trabalhou 22 anos para ver Lula na Presidência.
O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) tem a receita para fugir da crise e perseguir a vitória nas urnas. Para ele, o governo precisa aumentar a execução orçamentária, investir em infra-estrutura, gerar empregos e colocar seus programas para funcionar - leia-se Fome Zero, Reforma Agrária e política industrial. Pinheiro considera um erro o esforço concentrado do Planalto para diminuir o impacto do caso Waldomiro. Alega que as pesquisas mostram que a confiança no partido e no governo pouco foi alterada com o episódio envolvendo o ex-assessor da Casa Civil.
- Poderíamos estar, desde fevereiro, colocando o Brasil para crescer, mas fomos obrigados a concentrar os esforços dando explicações. Governo funcionando é muito melhor do que fitas aparecendo na televisão - avalia o deputado petista.
As eleições de outubro, na avaliação de Pinheiro, são essenciais para o futuro político do PT. O baiano classifica esta eleição de ''três em um'': a disputa em si, com a necessidade de ampliar o número de prefeitos e vereadores; o primeiro julgamento da população sobre administração Lula; e uma prévia para o evento principal, as eleições presidenciais de 2006.
- Um maior número de prefeitos e vereadores eleitos aumenta o poderio político nos demais níveis administrativos - justifica Pinheiro.
Há quem considere prematuro fazer diagnósticos - pessimistas ou otimistas - sobre as próximas eleições presidenciais. Um petista com bom trânsito no Congresso lembra que, em dezembro, os ufanistas davam como certa a reeleição de Lula. Apesar do primeiro ano difícil, de cintos apertados, a aprovação das reformas da Previdência e tributária deixaram os governistas eufóricos. As previsões eram infladas de otimismo: em 2004, começaria o tão esperado espetáculo do crescimento, o desemprego recuaria, os juros cairiam. Aliado à falta de um adversário com peso suficiente no plano nacional, o quadro apontava para uma vitória tranqüila de Lula.
- Veio o caso Waldomiro e, em menos de três meses, tudo virou - confirmou o petista.
Escorado nos números, o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, se mantém otimista. Líder nas pesquisas de opinião, ele acredita que a imagem ética do PT não está arranhada. Argumenta que a exoneração de Waldomiro Diniz e as investigações conduzidas pela comissão de sindicância, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público descartaram a contaminação do governo no escândalo de corrupção do ex-assessor.
Quanto à retomada da economia, Déda garante que será gradual, mas ocorrerá como o governo previu. Com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a redução na taxa de juros, os empregos naturalmente vão aparecer, avalia.
O prefeito também considera prematuro prever qualquer cenário político para 2006 neste momento. Brinca que mora numa região na qual costuma-se dizer que ''não se pode colocar o carro na frente dos bois''. Não quer traçar prognósticos nem para sua reeleição nem para a do companheiro Lula.
- Quem sofre de véspera é peru. E quem ganha eleição de véspera é político burro - ensina Déda.
- Os ministros devem entrar numa fase paz e amor e esperar para responder as críticas depois de quatro anos de governo, para que as pessoas comparem o que fizemos com o que os outros fizeram - disse Lula, no discurso em Três Lagoas (MG), na sexta-feira, quando prestigiou a inauguração de de uma termelétrica.
Dentro do partido, ninguém mais fala em oito anos de poder. Hoje, todas as atenções se concentram nas eleições para prefeito, marcadas para outubro. O artífice dessa montagem política no Partido dos Trabalhadores é o presidente nacional da legenda, José Genoino (SP). No ano passado, ele estabelecia como meta mínima dobrar o número de prefeituras comandadas pelo partido - 183.
O foco principal será a reeleição dos sete prefeitos de capitais - Belo Horizonte, São Paulo, Recife, Belém, Goiânia, Aracaju e Porto Alegre. Na tarde de quinta-feira, Genoino confirmou ao Jornal do Brasil a intenção de reeleger os administradores nessas capitais e aumentar o número de prefeituras no interior dos Estados. A meta, contudo, é mais modesta e evita fixar qualquer percentual.
- Eu nunca fixei números de prefeituras, isso é coisa para adivinho. Mas com certeza vamos priorizar nossa ação nos grandes centros, onde o PT é mais forte - garantiu Genoino.
É justamente nos grandes centros que o PT pode enfrentar as maiores dificuldades. O PMDB, amigo no plano federal, está disposto a acabar com a hegemonia petista em Porto Alegre. Em São Paulo, a prefeita Marta Suplicy apareceu num decepcionante terceiro lugar na pesquisa Datafolha divulgada na semana passada. Marta estava atrás dos adversários Paulo Maluf (PP) e José Serra (PSDB). No Rio, a situação é ainda pior: a candidatura de Jorge Bittar insiste em não decolar nas pesquisas de opinião.
O partido ainda vai ser obrigado a lutar contra um inimigo perigoso: nas capitais, o nível de informação da população é claramente maior. A falta de emprego e a crise política tendem a reduzir o poder de influência do governo federal na disputa. No Sudeste, por exemplo, onde o PT tem dois prefeitos de capital - Fernando Pimentel (Belo Horizonte) e Marta Suplicy (SP) -, a aprovação ao governo Lula é de apenas 49%.
- Não há a menor possibilidade de a disputa eleitoral nas capitais não ser nacionalizada. Isso dificulta a nossa vida se os resultados econômicos demorarem a aparecer - confirmou um petista de primeira hora que trabalhou 22 anos para ver Lula na Presidência.
O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) tem a receita para fugir da crise e perseguir a vitória nas urnas. Para ele, o governo precisa aumentar a execução orçamentária, investir em infra-estrutura, gerar empregos e colocar seus programas para funcionar - leia-se Fome Zero, Reforma Agrária e política industrial. Pinheiro considera um erro o esforço concentrado do Planalto para diminuir o impacto do caso Waldomiro. Alega que as pesquisas mostram que a confiança no partido e no governo pouco foi alterada com o episódio envolvendo o ex-assessor da Casa Civil.
- Poderíamos estar, desde fevereiro, colocando o Brasil para crescer, mas fomos obrigados a concentrar os esforços dando explicações. Governo funcionando é muito melhor do que fitas aparecendo na televisão - avalia o deputado petista.
As eleições de outubro, na avaliação de Pinheiro, são essenciais para o futuro político do PT. O baiano classifica esta eleição de ''três em um'': a disputa em si, com a necessidade de ampliar o número de prefeitos e vereadores; o primeiro julgamento da população sobre administração Lula; e uma prévia para o evento principal, as eleições presidenciais de 2006.
- Um maior número de prefeitos e vereadores eleitos aumenta o poderio político nos demais níveis administrativos - justifica Pinheiro.
Há quem considere prematuro fazer diagnósticos - pessimistas ou otimistas - sobre as próximas eleições presidenciais. Um petista com bom trânsito no Congresso lembra que, em dezembro, os ufanistas davam como certa a reeleição de Lula. Apesar do primeiro ano difícil, de cintos apertados, a aprovação das reformas da Previdência e tributária deixaram os governistas eufóricos. As previsões eram infladas de otimismo: em 2004, começaria o tão esperado espetáculo do crescimento, o desemprego recuaria, os juros cairiam. Aliado à falta de um adversário com peso suficiente no plano nacional, o quadro apontava para uma vitória tranqüila de Lula.
- Veio o caso Waldomiro e, em menos de três meses, tudo virou - confirmou o petista.
Escorado nos números, o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, se mantém otimista. Líder nas pesquisas de opinião, ele acredita que a imagem ética do PT não está arranhada. Argumenta que a exoneração de Waldomiro Diniz e as investigações conduzidas pela comissão de sindicância, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público descartaram a contaminação do governo no escândalo de corrupção do ex-assessor.
Quanto à retomada da economia, Déda garante que será gradual, mas ocorrerá como o governo previu. Com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a redução na taxa de juros, os empregos naturalmente vão aparecer, avalia.
O prefeito também considera prematuro prever qualquer cenário político para 2006 neste momento. Brinca que mora numa região na qual costuma-se dizer que ''não se pode colocar o carro na frente dos bois''. Não quer traçar prognósticos nem para sua reeleição nem para a do companheiro Lula.
- Quem sofre de véspera é peru. E quem ganha eleição de véspera é político burro - ensina Déda.
Fonte:
JB Online
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/387073/visualizar/
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