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A invasão da América pelos Beatles num documentário fascinante
No começo de 1964 os Beatles já tinham dominado a Europa e se encontravam no final de uma temporada de 19 shows no Olympia de Paris, com Trini Lopez e Sylvie Vartan, quando receberam um telefonema da América: ''I wanna hold your hand'' estava em primeiro lugar no hit parade. Eles deixavam de ser um fenômeno europeu para iniciar a conquista da América e do mundo. No dia cinco eles voltaram para a Inglaterra e, no dia sete partiram para Nova York, onde uma monstruosa campanha publicitária estava em marcha para recebê-los.
Dois irmãos cineastas, Albert e David Maysles os esperavam com a incumbência de documentar a visita a convite da TV Granada britânica, que os convidou na bucha, quando faltavam duas horas para os Beatles chegarem. Maysles não tinha idéia de que estava fazendo história quando registrou a apoteótica chegada do grupo a Nova York com milhares de fãs histéricas anunciando que a América nunca seria a mesma. A Beatlemania havia chegado.
Os Beatles eram jovens deslumbrados com tudo que lhes acontecia, daí receberam com carinho e entusiasmo aqueles dois caras que desejavam acompanhar passo a passo sua primeira visita à América. Graças a isso, nasceu um documento precioso, lançado inicialmente em video, depois em DVD e agora reformatado como "The first US visit" (EMI) com cenas inéditas e um making of narrado por Albert Maysles, já velhinho, mas ainda cheio de entusiasmo. Maysles adotava um estilo inovador para a época, com a câmera no ombro, captação do som por sistema sem fio, com uma tecnologia adaptada por ele e pelo irmão. Graças a isso é possível ter imagens bem dinâmicas, que seguem os Beatles por corredores de hotel, mesmo com iluminação deficiente. Mayles diz que não se incomodou com detalhes para manter a espontaneidade e nisso o documentário dá um banho.
Os quatro e o empresário Brian Epstein estavam acostumados com o sistema britânico que era a BBC e pouca coisa mais, daí quando caíram na América, com centenas de jornalistas, emissoras de rádio e de televisão, ficaram embasbacados, autênticos caipiras numa cidade grande. Os Beatles ganharam rádios portáteis e já foram ouvindo suas músicas entre o aeroporto e o hotel, com um locutor dizendo que eles estariam ao vivo lendo suas poesias no dia seguinte. "Vamos é? A gente não escreve poesia," rebate Paul.
Milhares de jovens se despediram deles em Londres e outros milhares os receberam em Nova York no aeroporto J.F. Kennedy, onde deram uma coletiva partindo para a gozação. Diante da pergunta "vocês usam perucas?", a resposta foi: "Sim, somos todos carecas...surdos e mudos também." Outra: por que as pessoas compram seus discos? Lá vai: "Porque gostam, acho? Se soubéssemos o porquê viraríamos empresários."
O locutor que mais se destacou foi Murray Kaufman, conhecido como Murray the K, da rádio WINS, que gostava e tocar música negra da Motown que os Beatles adoravam e ele se entregou tanto à banda que ficou conhecido como o quinto Beatle. No documentário, ele é visto quase o tempo todo e, quando não estava com eles, até transmitindo o programa pelo telefone do Hotel Plaza, estava no estúdio em linha direta, com os Beatles pedindo músicas como "Pride and joy", com Marvin Gaye. A ingenuidade dos Beatles fez a alegria de grandes empresas americanas.
No filme, vê-se os Beatles encenando comerciais, um para a Coca Cola, outro para a Marlboro, os rádios transistor tinham adesivos da Pepsi e eles mostraram latas de refrigerante para a câmera várias vezes. A presença dos Beatles curou o bode em que a América se encontrava pelo assassinato, menos de três meses antes, do presidente John Kennedy.
Quando Ed Sullivan os apresentou na noite de 7 de fevereiro, 73 milhões de americanos estavam diante dos aparelhos de TV para ouvir os Beatles cantarem "All my loving", "Till there was you", "She loves you", "I want to hold your hand", mostradas na íntegra. Eles fariam mais duas apresentações no Ed Sullivan, todas mostradas na íntegra com as canções "From me to you", "This boy", "All my loving" (direto de Miami) e "Twist and shout", "Please, please me" e "I want to hold your hand" (gravado em Nova York e exibido depois).
Os Beatles fizeram dois shows no Carnegie Hall novaiorquino, não mostrados no documentário, e um no Coliseu de Washington em condições inacreditáveis para nossos dias. Eles mesmo plugaram os instrumentos e tinham que ficar mudando de lado porque estavam no meio de uma espécie de ringue de boxe cercados de gente por todos os lados, a bateria num queijo que rodava e Ringo descia para girar o troço, que engasgava. Plugada no sistema de som local, totalmente precário, a banda apresenta "I saw her standing there", "She loves you" e "I wanna be your man", esta cantada por Ringo com o pedestal do microfone entre as pernas atrapalhando.
As cenas em Miami são incríveis, mas não mostram coisas engraçadas que aconteceram como a trombada que Ringo deu com um iate emprestado. Eles tiveram que ir de Nova York a Washington de trem porque era inverno e não havia teto, o rendeu ótimos momentos, com o assédio tranqüilo de fãs e muitas brincadeiras com a imprensa. David, o irmão de Albert, mostrou-lhes o fone de ouvido em que podiam ouvir a própria voz quando falavam no microfone e todos ficaram absolutamente entusiasmados. O documentário dos irmãos Maysles é um fascínio a cada minuto.
Dois irmãos cineastas, Albert e David Maysles os esperavam com a incumbência de documentar a visita a convite da TV Granada britânica, que os convidou na bucha, quando faltavam duas horas para os Beatles chegarem. Maysles não tinha idéia de que estava fazendo história quando registrou a apoteótica chegada do grupo a Nova York com milhares de fãs histéricas anunciando que a América nunca seria a mesma. A Beatlemania havia chegado.
Os Beatles eram jovens deslumbrados com tudo que lhes acontecia, daí receberam com carinho e entusiasmo aqueles dois caras que desejavam acompanhar passo a passo sua primeira visita à América. Graças a isso, nasceu um documento precioso, lançado inicialmente em video, depois em DVD e agora reformatado como "The first US visit" (EMI) com cenas inéditas e um making of narrado por Albert Maysles, já velhinho, mas ainda cheio de entusiasmo. Maysles adotava um estilo inovador para a época, com a câmera no ombro, captação do som por sistema sem fio, com uma tecnologia adaptada por ele e pelo irmão. Graças a isso é possível ter imagens bem dinâmicas, que seguem os Beatles por corredores de hotel, mesmo com iluminação deficiente. Mayles diz que não se incomodou com detalhes para manter a espontaneidade e nisso o documentário dá um banho.
Os quatro e o empresário Brian Epstein estavam acostumados com o sistema britânico que era a BBC e pouca coisa mais, daí quando caíram na América, com centenas de jornalistas, emissoras de rádio e de televisão, ficaram embasbacados, autênticos caipiras numa cidade grande. Os Beatles ganharam rádios portáteis e já foram ouvindo suas músicas entre o aeroporto e o hotel, com um locutor dizendo que eles estariam ao vivo lendo suas poesias no dia seguinte. "Vamos é? A gente não escreve poesia," rebate Paul.
Milhares de jovens se despediram deles em Londres e outros milhares os receberam em Nova York no aeroporto J.F. Kennedy, onde deram uma coletiva partindo para a gozação. Diante da pergunta "vocês usam perucas?", a resposta foi: "Sim, somos todos carecas...surdos e mudos também." Outra: por que as pessoas compram seus discos? Lá vai: "Porque gostam, acho? Se soubéssemos o porquê viraríamos empresários."
O locutor que mais se destacou foi Murray Kaufman, conhecido como Murray the K, da rádio WINS, que gostava e tocar música negra da Motown que os Beatles adoravam e ele se entregou tanto à banda que ficou conhecido como o quinto Beatle. No documentário, ele é visto quase o tempo todo e, quando não estava com eles, até transmitindo o programa pelo telefone do Hotel Plaza, estava no estúdio em linha direta, com os Beatles pedindo músicas como "Pride and joy", com Marvin Gaye. A ingenuidade dos Beatles fez a alegria de grandes empresas americanas.
No filme, vê-se os Beatles encenando comerciais, um para a Coca Cola, outro para a Marlboro, os rádios transistor tinham adesivos da Pepsi e eles mostraram latas de refrigerante para a câmera várias vezes. A presença dos Beatles curou o bode em que a América se encontrava pelo assassinato, menos de três meses antes, do presidente John Kennedy.
Quando Ed Sullivan os apresentou na noite de 7 de fevereiro, 73 milhões de americanos estavam diante dos aparelhos de TV para ouvir os Beatles cantarem "All my loving", "Till there was you", "She loves you", "I want to hold your hand", mostradas na íntegra. Eles fariam mais duas apresentações no Ed Sullivan, todas mostradas na íntegra com as canções "From me to you", "This boy", "All my loving" (direto de Miami) e "Twist and shout", "Please, please me" e "I want to hold your hand" (gravado em Nova York e exibido depois).
Os Beatles fizeram dois shows no Carnegie Hall novaiorquino, não mostrados no documentário, e um no Coliseu de Washington em condições inacreditáveis para nossos dias. Eles mesmo plugaram os instrumentos e tinham que ficar mudando de lado porque estavam no meio de uma espécie de ringue de boxe cercados de gente por todos os lados, a bateria num queijo que rodava e Ringo descia para girar o troço, que engasgava. Plugada no sistema de som local, totalmente precário, a banda apresenta "I saw her standing there", "She loves you" e "I wanna be your man", esta cantada por Ringo com o pedestal do microfone entre as pernas atrapalhando.
As cenas em Miami são incríveis, mas não mostram coisas engraçadas que aconteceram como a trombada que Ringo deu com um iate emprestado. Eles tiveram que ir de Nova York a Washington de trem porque era inverno e não havia teto, o rendeu ótimos momentos, com o assédio tranqüilo de fãs e muitas brincadeiras com a imprensa. David, o irmão de Albert, mostrou-lhes o fone de ouvido em que podiam ouvir a própria voz quando falavam no microfone e todos ficaram absolutamente entusiasmados. O documentário dos irmãos Maysles é um fascínio a cada minuto.
Fonte:
Globo Online
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/387564/visualizar/
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