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Meio Ambiente
Sexta - 07 de Fevereiro de 2014 às 23:47
Por: Thiago Reis

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O Brasil registrou no ano passado o menor número de focos de incêndio desde 2000, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ao longo de 2013, foram detectados por satélites 115 mil pontos de calor. O número é 40% menor que o verificado em 2012 (194 mil).

Para o pesquisador Alberto Setzer, responsável no Inpe pelo monitoramento de queimadas no país, três fatores podem explicar o dado: o alto índice de chuvas, a situação econômica desfavorável e uma maior fiscalização.

"O ano de 2013 foi bem mais chuvoso que 2012 e outros anos. Quando há uma maior precipitação, ficam diminuídas as condições para uso e propagação do fogo", diz. "Além disso, a gente tem observado que, em anos que a situação econômica é favorável, quando há crescimento, seja pela exportação de soja ou de alguma outra atividade em alta, o número de queimadas e o desmatamento tendem a crescer, já que pessoas tentam aumentar a produção para se beneficiar. Não foi o caso do ano passado, quando todos estavam um pouco com o 'pé atrás'."

Segundo o pesquisador, um maior cerco das autoridades também foi fundamental. "Obviamente, quando as instituições estaduais e federais ligadas ao meio ambiente estão mais ativas no controle, cai o uso do fogo, já que ele é indevido, ilegal. E houve mais campanhas educativas e uma fiscalização mais intensa [em 2013]", afirma.

O Pará foi o campeão de focos de incêndio: 20.542. Logo atrás, ficou Mato Grosso, com 17.823. O Maranhão, que em 2012 encabeçava a lista, diminuiu quase pela metade os registros: de 31.594 para 16.191 no ano passado.

2014

As altas temperaturas registradas neste ano devem favorecer novamente um aumento na estatística. Foram registrados em janeiro 2.634 focos, um aumento de quase 30% em relação ao mesmo mês do ano passado (2.049). Parte dos incêndios ocorreu em Mato Grosso (315), no Pará (251) e no Maranhão (195). Janeiro, no entanto, não costuma ser o mês que mais registra ocorrências. Historicamente, agosto, setembro e outubro concentram a maioria dos focos.

Para Setzer, as queimadas devem aumentar em 2014, em parte devido ao chamado "ciclo do fogo". "Quando se queima muito durante um ano, a matéria orgânica da superfície [do solo] se reduz. E a recomposição não é imediata. Em 2013, o número foi muito baixo, então em 2014 a gente terá uma situação oposta, já que haverá mais fontes disponíveis de combustão, sem contar que o ano está mais seco e quente", destaca.

Sob risco

Um em cada cinco municípios brasileiros (1.034 ao todo) tem atualmente alguma faixa de seu território em situação crítica para queimadas. "Isso significa que, se houver o início de uma queimada, ela pode sair do controle, já que a vegetação está mais seca e a umidade relativa do ar, muito baixa", diz Setzer.

Os satélites do Inpe conseguem diagnosticar todos os focos de incêndio que tenham pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura.

Quase todas as queimadas hoje são causadas pelo homem, seja de forma proposital ou acidental. As razões variam desde limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos e colheita manual de cana-de-açúcar até balões de São João, disputas por terras e protestos sociais.

Segundo o Inpe, as queimadas destroem a fauna e a flora nativas, causam empobrecimento do solo e reduzem a penetração de água no subsolo, além de gerar poluição atmosférica com prejuízos à saúde de milhões de pessoas e à aviação. Denúncias de incêndios criminosos podem ser feitas ao Corpo de Bombeiros, às prefeituras, às secretarias estaduais do Meio Ambiente e ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

NÚMERO DE FOCOS DE INCÊNDIO EM 2013 (POR ESTADO):

Pará - 20.542

Mato Grosso - 17.823

Maranhão - 16.191

Tocantins - 9.786

Bahia - 7.313

Piauí - 6.561

Minas Gerais - 5.382

Amazonas - 5.118

Rondônia - 3.662

Mato Grosso do Sul - 3.565

Acre - 3.242

Goiás - 3.002

Ceará - 2.898

São Paulo - 2.055

Paraná - 1.905

Santa Catarina - 1.046

Roraima - 994

Amapá - 975

Rio Grande do Sul - 944

Pernambuco - 729

Rio de Janeiro - 405

Paraíba - 322

Rio Grande do Norte - 268

Espírito Santo - 261

Alagoas - 208

Sergipe - 185

Distrito Federal - 102





Fonte: Do G1

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