UFMT faz pesquisas inéditas sobre o uso de agroquímicos
Mato Grosso é o maior consumidor brasileiro de produtos agroquímicos como fertilizantes químicos e agrotóxicos. Os impactos desse uso desenfreado de inseticidas vêm sendo avaliados desde 2008 por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Fiocruz. Entre outras constatações, verificou-se que a incidência de agravos correlacionados como intoxicações, cânceres e más-formações aumentou entre 40% a 102% nos últimos 10 anos.
De 54 municípios mato-grossenses que possuem grandes monoculturas e consomem 70% dos agrotóxicos usados em lavouras e pastagem, Lucas do Rio Verde e Campo Verde foram escolhidos como representativos para se realizar a pesquisa. “São pesquisas inéditas com colocação de captadores de chuva no pátio de oito escolas, sendo quatro em Lucas do Rio Verde e quatro em Campo Verde”, explicou o professor-doutor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Wanderlei Pignati.
Nos dois municípios, os captadores foram instalados nas áreas urbana (2) e rural (2). Também foram colocados captadores de ar em salas de aulas para verificar os níveis de agrotóxicos no ambiente escolar e em poços artesianos para verificar a contaminação da água. “E deu bastante contaminação. Nós analisamos 27 tipos de agrotóxicos e o resultado mostrou que 83% das amostras nos 12 poços, inclusive nos que ficam nos pátios das escolas, estavam contaminadas com fungicidas, inseticidas e herbicidas”, informou.
Na chuva, dos 27 produtos analisados, foram detectados 13 tipos de agrotóxicos. “O grande problema dos agrotóxicos é a contaminação crônica, que ocorre por anos ou por décadas num nível baixo. Isso vai provocar câncer, má formação, distúrbios endócrinos e neurológicos”, destacou.
Somente em 2010, foram produzidos 6,4 milhões de hectares de soja e consumidos 113 milhões de litros de inseticidas agrícolas, no Estado.
ALTERNATIVAS
Propor alternativas para o enfrentamento dos efeitos do uso descontrolado de defensivos agrícolas no Estado é um dos objetivos do Fórum Mato-Grossense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, que esteve reunido ontem em Cuiabá.
“Num primeiro momento, estamos trabalhando ao menos por medidas de prevenção e precaução, uso de equipamentos de prevenção, técnicas de manejo, racionalização do consumo, distância de escolas, de áreas urbanas e de nascentes”, disse o procurador do Trabalho Leomar Daroncho, coordenador do Fórum.
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