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Ciência/Pesquisa
Domingo - 23 de Março de 2014 às 16:51

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Os países da região amazônica, que detêm 20% das reservas de água doce do planeta, ratificaram na sexta-feira (21) o papel "político-estratégico" desse recurso, e se comprometeram a coordenar planos para sua defesa, preservação e uso sustentável.

"A própria ONU disse que a água pode ser tema de guerras no futuro", disse o embaixador venezuelano no Brasil, Diego Molero, ao participar hoje de uma reunião em Brasília da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), integrada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

Participaram da reunião os embaixadores desses países no Brasil que integram a Comissão de Coordenação da OTCA, que se reuniu por ocasião da celebração do Dia Mundial da Água, comemorado amanhã.

Esses oito países possuem cerca de 20% das reservas mundiais de água doce, que estão concentradas na vasta bacia amazônica e sua rede de afluentes, composta por milhares de rios, dos quais 25 mil são totalmente navegáveis, o que também lhes confere um grande valor econômico.

Estudos realizados por cientistas de órgãos internacionais apontam que, de toda a água que existe no planeta, apenas 2,5% são de rios e lagos, e a maior parte está congelada nos polos.

As abundantes reservas amazônicas, no entanto, podem ser ainda maiores, em função do resultado de pesquisas que estão em andamento. Em março de 2010, geólogos da Universidade Federal do Pará (UFPA) analisam dados sobre um aquífero subterrâneo que existe nessa região, e acredita-se que ele possa duplicar as reservas de água doce do "pulmão vegetal" do planeta.

Conhecido como Alter do Chão, o aquífero se situa a cerca de 350 metros de profundidade. De acordo com cálculos preliminares, tem uma superfície de 437,5 mil quilômetros quadrados e uma espessura média de 545 metros.

O embaixador do Equador no Brasil, Horacio Sevilla Borja, afirmou que, se tais previsões forem comprovadas, as reservas hídricas da Amazônia terão um valor político muito maior, por isso a região deve se comprometer com sua defesa e preservação.

Nesse mesmo sentido se pronunciou o embaixador da Bolívia, Jerjes Justiniano Talavera.

"Durante milhões de anos, a Amazônia foi habitada por pessoas que a conservaram em paz e em harmonia com a natureza. No entanto, durante os últimos 50 anos, a mão depredadora do homem se dedicou a destruí-la, exaltada pela cultura do consumo imposta pelo capitalismo e pelos países mais desenvolvidos", afirmou.

Talavera criticou que ONGs dos Estados Unidos e da Europa pretendam dar lições sobre proteção da Amazônia, e assegurou que a chave para a preservação está nas culturas indígenas originárias.

O diplomata citou a Constituição da Bolívia de 2009 e lembrou especialmente que esse novo marco constitucional incluiu a água como um "direito humano", que, em sua opinião, constitui um "exemplo para o mundo" e, sobretudo, para os outros países da região amazônica.

O embaixador venezuelano, que preside a Comissão de Coordenação da OTCA, disse à Agência Efe que esse organismo "é parte da aliança estratégica regional" formada por outras instâncias, como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

"O sentimento latino-americano é que a Amazônia é nossa, que é de toda a região, e que não serão aceitas as intromissões externas", finalizou Diego Molero.





Fonte: EFE

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