Apesar de denúncias de corrupção, Alckmin mantém secretários Desgastado por falta de água e problemas no metrô, governador não escapa do caso Siemens
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), resolveu bancar seus secretários de Energia, José Aníbal (PSDB), e de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia (DEM), investigados por participação no caso Siemens, de suspeita de cartel. Considerando que eles devem deixar o governo na próxima reforma do secretariado, o governador pode ter comprado uma briga desnecessária.
Nesta terça-feira (1º), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou um parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) solicitando o prosseguimento das investigações sobre a participação dos secretários em irregularidades em licitações do Metrô e da CPTM.
Os dois secretários devem deixar o governo na próxima reforma do secretariado, mas a decisão de Alckmin de manter os dois apesar da investigação pode abalar o governador ainda mais neste ano eleitoral — o Palácio dos Bandeirantes já está pressionado pela iminência da falta de água no Estado e pelas constantes falhas do sistema de transporte urbano.
Nesta quarta-feira (2), Alckmin, que deve tentar a reeleição em outubro, fez questão de defender seus secretários, mesmo depois de Janot dizer que "há fortes indícios de existência do esquema de pagamento de propina pela Siemens a agentes públicos vinculados ao Metrô de São Paulo".
— Nós precisamos ser justos, há a palavra de alguém. Imagine se você já condena por antecipação? Vários nomes, como o caso de dois deputados federais — um deles secretário —, a Procuradoria disse que não tem nada a ver com isso. Nós precisamos ter cuidado para ser justo.
Segundo o Ministério Público Federal, "há atribuição de situações concretas e específicas em relação ao deputado federal Rodrigo Garcia no depoimento do investigado colaborador”. O texto segue.
— Os detalhes dados, assim como a menção a encontro pessoal entre ambos, autorizam, também, a colheita de maiores elementos contra esse parlamentar.
O relatório também diz que "o colaborador apontou, ainda, indícios de envolvimento do deputado federal José Aníbal, na medida em que relata ter sido avisado que, com a saída de Rodrigo Garcia da presidência da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deveria passar a tratar com o deputado José Aníbal, que passara a ser responsável pelos contatos políticos e pagamentos de propina".
Mudanças
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, José Aníbal e Rodrigo Garcia devem deixar o governo antes do prazo limite para os interessados em disputar as eleições deste ano — que termina no próximo sábado. Se as saídas realmente se confirmarem, o governador pode ter perdido uma boa chance de evitar mais desgastes no caso Siemens.
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