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Economia
Quinta - 10 de Abril de 2014 às 21:58

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Os preços dos alimentos dis­pararam em março, fazendo a inflação oficial repetir a maior alta mensal em 11 anos. O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,92%, mes­mo resultado verificado em dezembro e maior taxa desde abril de 2003.

Tomate, batata, leite e carnes ficaram mais caros, mas as des­pesas com passagens aéreas e combustíveis também aumen­taram, informou o Instituto Bra­sileiro de Geografia e Estatísti­ca (IBGE).

A alta nos preços acumulada em 12 meses atingiu 6,15%, au­mentando as apostas em um es­touro do teto da meta do gover­no de 6,5% neste ano. O resulta­do fez subir os contratos de ju­ros de curto prazo no mercado futuro. Analistas lembraram que o Banco Central (BC) pode se ver obrigado a prolongar o ciclo de aumentos na taxa bási­ca de juros, a Selic.

"Como o Banco Central vem trabalhando com a inflação mui­to perto do topo da meta, agora não tem espaço nenhum para acomodar algum choque, como um problema climático", ava­liou Alexandre Schwartsman, sócio-diretor da consultoria Schwartsman & Associados e ex-diretor de Assuntos Interna­cionais do BC. O economista enxerga uma grande probabilida­de de que a inflação fique em torno de 6,6% ou 6,7% em 2014. "Alguém vai ter de tirar alguma mágica da cartola para ficar den­tro de 6,5%", acrescentou.

O salto de 1,92% no preço dos alimentos foi responsável por mais da metade do IPCA de mar­ço. A Estiagem prejudicou as la­vouras, impulsionando o preço de produtos importantes na ces­ta básica do consumidor como tomate, batata, hortaliças, fru­tas e feijão. O tomate ficou 32,85% mais caro, enquanto a batata subiu 35,05%.

A seca atingiu também as pas­tagens do gado, encarecendo carnes e leite. "(A alta de pre­ços) tem influência do clima, mas pode ter influência tam­bém de alguma possibilidade es­peculativa, que só mais para a frente, diante dos resultados agrícolas,que a gente vai enten­der melhor", disse Eulina Nu­nes dos Santos, coordenadora de índices de Preços do IBGE.

Os transportes também pesa­ram no bolso do consumidor em março, com aumentos nas passagens aéreas e combustí­veis. O Etanol subiu 4,07%, com reflexo sobre o preço da gasoli­na, que aumentou 0,67%. Por causa do carnaval, as tarifas aé­reas ficaram 26,49% mais caras.

Copa

O economista-chefe da Concórdia Corretora de Valores, Flávio Combat, prevê que as passagens de avião continua­rão a pressionar nos próximos meses, já que as companhias devem aproveitar o aumento da demanda por causa da Copa.

Juntos, transportes e alimen­tos responderam por pratica­mente 80% da inflação de mar­ço. Apesar dos choques pon­tuais, o índice de difusão - que mostra o porcentual de produ­tos com aumento de preço no mês - subiu de 64% em fevereiro para 71% em março, o que aponta para uma inflação mais disseminada, e não localizada. O aumento de preços acumula­do em 12 meses já estourou o teto da meta do governo em 6 das 9 atividades que integram o IPCA: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residên­cia, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais e educação. "As inflações setoriais mos­tram que a maioria delas está acima de 6%, e o que está con­tendo a inflação (pelo IPCA em 12 meses) é justamente trans­portes", apontou Eulina.

O grupo Transportes - que tem o segundo maior peso no orçamento das famílias, atrás apenas de alimentação e bebi­das - acumula alta de 3,1% em 12 meses. "Esse aumento se deve principalmente ao reajuste da gasolina", disse a coordenado­ra.

A gasolina teve reajuste abai­xo do desejado pela Petrobrás para repor a defasagem de pre­ços em relação ao mercado in­ternacional. O combustível in­tegra o grupo de bens e serviços monitorados pelo governo, que, na contramão da inflação no País, tiveram deflação de 0,02% em março.





Fonte: O Estado de S. Paulo

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