Menos de 1% dos resíduos gerados pela população de Maceió é reciclado Além da capital, apenas Arapiraca tem programa de coleta seletiva. Medida é uma das exigências da Lei Nacional de Resíduos Sólidos.
Uma atitude simples como separar lixo seco do molhado deveria fazer parte da rotina da população alagoana, mas infelizmente não é o que acontece. Falta educação ambiental e investimento dos gestores. O reflexo desta realidade é que apenas dois municípios de Alagoas fazem coleta seletiva,Maceió e Arapiraca. Na capital, cerca de 57 mil toneladas de resíduos sólidos são produzidos mensalmente, mas apenas 0,2% desse total é destinado à coleta seletiva.
A prática deveria ser seguida por todos os municípios como parte das exigências prevista na Lei nº12.305/10 de Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê também o fim de todos os lixões no país (clique aqui para saber mais).
Para a diretora de operações da Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), Nadja Barros, a cultura da coleta seletiva ainda não está amadurecida no estado, o que dificulta a realização da atividade de forma eficaz na sociedade. “É muito complicado implantar essa cultura no nosso estado, então acabamos pedindo o mínimo à população, que separe os resíduos secos (recicláveis) do molhado (orgânico)”, explica a diretora.
Selma da Silva, 45, é diarista há doze anos e conta que dos vários condomínios que ela já trabalhou, apenas um realiza coleta seletiva. “Nos outros prédios, as pessoas até tentam separar o lixo corretamente, mas elas acabam colocando tudo no mesmo local, porque não tem um destino certo para o lixo seco. A dona de um dos apartamento em que eu trabalho na Ponta Verde implantou a coleta seletiva quando era síndica, mas esse é o único condomínio que eu conheço”, afirma.
Os catadores coletam os resíduos secos
semanalmente nas residências (Foto: Jonathan
Lins/G1)
O reflexo disso é que o lixo que poderia ser reciclado acaba indo para o aterro sanitário de Maceió, o que diminui a vida útil do lugar(Clique aqui para saber mais).
As soluções para que isso não aconteça se apresentam ainda de forma bastante tímida. Atualmente, Maceió dispõe de apenas três cooperativas (Cooplum, Coopvila e Cooprel) e de um Galpão de Triagem de Resíduos Recicláveis, localizado no bairro do Benedito Bentes, que emprega 40 pessoas.
Juntos eles são responsáveis pela coleta de lixo seco da cidade, ou seja, pelo reaproveitamento dos materiais plásticos, papel, vidro e metal. Por mês, eles conseguem separar aproximadamente 125 toneladas de resíduos recicláveis.
Contrapondo as lentas alterações observadas na capital alagoana, o Benedito Bentes tem se destacado pelos avanços nas ações de coleta seletiva. Desde fevereiro deste ano, quando o Galpão de Triagem foi inaugurado em parceria com a Slum e a Prefeitura, são produzidos de 15 a 20 toneladas de resíduos reciclados por mês, que chega a aumentar durante o verão, quando o consumo é maior. Hoje, o galpão consegue gerar uma renda de cerca de R$ 20 mil mensais.
“Nosso trabalho não é apenas recolher o lixo nas residências de forma correta. Antes de receber o galpão, nós, catadores, e os moradores do bairro passamos por um processo de educação ambiental. Agora fazemos um trabalho diário, contamos com sete carrinhos de mão e dois caminhões cedidos pela prefeitura. De segunda a sábado passamos nos complexos e fazemos a coleta do lixo seco, o que não nos serve, mandamos para o aterro”, destaca Patrícia Ramos, coordenadora do galpão no Benedito Bentes.
Os catadores e a população passaram por um processo de educação ambiental (Foto: Jonathan Lins/G1)
A prefeitura de Maceió afirma que existe um projeto de estudo de concepção da coleta seletiva, como determina a lei, que já está em fase de aprovação final. A previsão é que o programa para a ampliação da atividade para outros bairros esteja em execução no prazo de 60 dias.
O projeto vai atuar como um plano diretor, do qual vai ser observado onde colocar as áreas de recibo, identificar os locais disponíveis para a realização da coleta e implantação de novos galpões e a melhor forma de promover a educação ambiental na população, por exemplo.
O primeiro passo para esse objetivo foi dado na última segunda-feira (28), com a inauguração de um espaço dedicado à oficina de materiais reciclados: a recicloteca. O local é destinado a atender escolas públicas, moradores e outros interessados no reaproveitamento de itens que normalmente seriam descartados, despertando o interesse da população sobre o reaproveitamento dos resíduos e desenvolvimento sustentável.
Depois de reciclados, os resíduos são prensados e depois vendidos (Foto: Jonathan Lins/G1)
No interior, só Arapiraca tem coleta seletiva
Arapiraca é o único representante do interior de Alagoas a desenvolver um programa de coleta seletiva, mas também está muito aquém do ideal. De acordo com informações da Secretaria de Meio Ambiente e Saneamento de Arapiraca (Semasa), todo mês são produzidas cerca de 8,6 mil toneladas de resíduos, entre lixo domiciliar, hospitalar e entulhos. Desse total, menos de 0,1% é reciclado.
No segundo maior município do estado, o programa da Coleta Seletiva começou apenas em 2013 e, assim como na capital, também não abrange toda a cidade, atendendo apenas aos bairros do Centro, São Luiz I e II, Ouro Preto e Primavera. Empresas cadastradas no programa também se beneficiam do projeto. Por enquanto, Arapiraca dispõe de um caminhão disponibilizado pela prefeitura e dos carros de mão utilizados pelos catadores, que fazem a coleta em pontos específicos duas vezes por semana.
"Nossa maior dificuldade é convencer os catadores a sair da área próxima ao aterro, onde eles residem. Eles não acreditam que o aterro vai ser extinto e resistem. Estamos realizando um trabalho de educação ambiental muito forte com eles e com toda a população, para que possa haver essa colaboração no desenvolvimento do programa da coleta seletiva em Arapiraca", declarou o do gestor de recursos humanos da Semana, Ismael Nunes.
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