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Politica Brasil
Sábado - 02 de Agosto de 2014 às 18:12

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O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró tiveram acesso a perguntas que seriam feitas por senadores antes de depor na CPI da Petrobras, segundo reportagem publicada na edição desta semana da revista "Veja".

A publicação afirma ter tido acesso a um vídeo com 20 minutos de duração no qual aparecem o chefe do escritório da estatal em Brasília, José Eduardo Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e uma terceira pessoa não identificada conversando sobre as perguntas que seriam formuladas, sobre quem as elaborou e sobre quem deveria recebê-las.

A CPI foi aberta em maio no Senado para investigar as suspeitas de superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, pela Petrobras, ao custo de US$ 1,3 bilhão, e as denúncias de que houve desvio de recursos na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

Segundo a revista, Barrocas diz a Ferreira que as perguntas enviadas a Cerveró, que depôs no dia 22 de maio, foram elaboradas por um assessor do líder do governo no Senado, um assessor da liderança do PT no Senado e um servidor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

De acordo com a reportagem, antes de seu depoimento, em 20 de maio, Gabrielli também recebeu o "gabarito" – documento com perguntas e respostas, que, segundo a revista, também teria sido repassado à atual presidente da Petrobras, Graça Foster. As perguntas teriam sido passadas a Gabrielli pelo senador José Pimentel (PT-CE), relator da CPI no Senado.

A revista "Veja" não identifica quais são as perguntas que foram antecipadas ou o conteúdo das respostas. No vídeo, os participantes da reunião se referem a essa relação como "gabarito", para ser usado nas sessões da CPI pelos depoentes.

Ao Jornal Nacional, o advogado de Nestor Cerveró confirmou a participação do cliente em um curso de "media training" à convite da Petrobras, mas afirmou que o ex-diretor da estatal não recebeu nenhuma pergunta antecipadamente.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Petrobras afirmou que só vai se pronunciar sobre o caso após avaliar as informaçõs publicadas na revista. A assessoria da liderança do PT no Senado disse que os assessores não vão se manifestar sobre a reportagem.

De acordo com a reportagem, Sérgio Gabrielli, Barrocas e Bruno Ferreira não quiseram comentar o assunto, e a Petrobras declarou colaborar com os trabalhos da CPI. O senador José Pimentel, segundo a revista, negou ter enviado a depoentes as perguntas que seriam feitas por parlamentares durante as sessões.

O G1 também ligou para o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e para o relator, senador José Pimentel (PT-CE), mas eles não foram localizados. A assessoria de Pimentel, por sua vez, disse que ele vai analisar a denúncia para depois se posicionar.

Por meio de sua assessoria, a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência disse que não iria se manifestar sobre a denúncia.

PSDB

Ainda neste sábado, lideranças do PSDB reagiram à revelação, dizendo que vão acionar o Conselho de Ética e o Ministério Público para investigar o caso.

No Rio Grande do Sul, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB e candidato à Presidência da República, disse que "as denúncias são um absurdo" e que o partido vai acionar o Judiciário e o Conselho de Ética.

"Hoje a denúncia que uma revista nacional traz é extremamente grave. Servidores da Petrobras, servidores públicos, enganando a sociedade brasileira, fazendo uma grande encenação", disse.

Em nota, o coordenador jurídico da campanha de Aécio, Carlos Sampaio, disse que houve ato de improbidade administrativa por parte dos servidores do Executivo, da Petrobras e do Senado que supostamente formularam as perguntas encaminhadas à CPI.

Por meio de sua assessoria, o líder do partido na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), disse que pedirá o afastamento do relator da CPI, José Pimentel (PT-CE). Ele sustenta que os próprios investigados na CPI podem ser processados por falso testemunho.

Na CPI do Senado, o PSDB possui apenas um integrante. Antes do início dos trabalhos, a oposição deixou vagos cargos a que tinha direito para se concentrar na CPI Mista da Petrobras, que reúne deputados e senadores.

Questionado sobre o assunto em visita ao interior de São Paulo, o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, voltou a atacar a atual gestão da Petrobras e disse que "a verdade sempre vai vencer do marketing".

"Não vai se conseguir numa democracia, com os meios de comunicação livres, com os órgãos de fiscalização ativados para fazer o seu papel, esconder os erros. Os erros vão ser revelados, quem errou deve pagar, que for inocente, tem que ser inocentado e a gente tem que salvar a Petrobras da situação que meteram ela", afirmou.





Fonte: Do G1, em Brasília

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