OMS promove discussão ética sobre drogas experimentais para ebola
Dois norte-americanos infectados receberam droga experimental.
OMS vai considerar implicações de tornar esses tratamentos acessíveis.
O uso de uma droga experimental para tratar dois trabalhadores de ajuda humanitária norte-americanos infectados pelo vírus Ebola levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a considerar as implicações de tornar esses tratamentos acessíveis mais amplamente, disse a agência nesta quarta-feira (6).
A OMS, que realiza encontro de dois dias de um comitê emergencial de especialistas para decidir a resposta internacional ao surto que já matou quase mil pessoas na África Ocidental, disse que deverá promover um encontro de especialistas em ética médica na próxima semana.
Nesta segunda-feira, veículos da imprensa americana noticiaram que o médico Kent Brantly e a missionária Nancy Writebol teriam recebido uma droga experimental chamada ZMapp, produzida por uma pequena empresa californiana, para combater a doença mortal.
"Estamos numa situação incomum neste surto. Temos uma doença com uma alta taxa de mortalidade sem nenhum tratamento ou vacina comprovados", disse a diretora-geral-assistente da OMS, Marie-Paule Kieny, em comunicado.
"Precisamos pedir aos especialistas em ética orientação sobre qual é a coisa responsável a se fazer agora."
O comunicado da OMS diz que o padrão "ouro" para avaliação de novos medicamentos envolve uma série de testes em humanos, começando em pequena escala para garantir que o medicamento é seguro, e que o princípio orientador é o de "não fazer mal".
Não há vacina ou remédio registrado contra o vírus, mas há várias opções experimentais em desenvolvimento.
O tratamento dado a dois trabalhadores norte-americanos da área médica consiste em proteínas chamadas anticorpos monoclonais, que se amarram ao vírus do ebola e o desativam. Esse tratamento só havia sido testado em animais de laboratório.
A OMS tem sido criticada por uma resposta lenta ao surto de ebola, o maior em quase quatro décadas de história da doença.
Na terça-feira, três dos maiores especialistas do mundo em ebola pediram que remédios e vacinas experimentais sejam dados a pacientes com a doença e disseram ser necessária uma resposta internacional mais forte.
O número de mortos no surto de Ebola na África Ocidental chegou a 932 até 4 de agosto, em um total de 1.711 casos registrados, de acordo com balanço da OMS desta quarta-feira.
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