Brasil tem risco baixo de importar caso de ebola, sugere estudo Método relaciona o tráfego aéreo global e a propagação da doença. Análise diz que país tem 5% de chance de importar o ebola este mês.
Um estudo que tem um brasileiro entre os autores sugere que o Brasil tem 5% de chance de importar um caso de ebola até o fim deste mês. Com um método que analisa o tráfego aéreo global e o ritmo de propagação do ebola pelo mundo, os cientistas criaram uma lista que engloba as 30 nações com maior chance de registrar casos, na qual o país está em último lugar.
A investigação científica, foi feita pelo Laboratório para Modelagem de Sistemas Biológicos e Sócio-técnico (MoBS Lab), da Universidade Northeastern, dos Estados Unidos. O brasileiro Marcelo Gomes, que é de Porto Alegre (RS), é um dos pesquisadores envolvidos no projeto.
O grupo desenvolveu um método que avalia a progressão da epidemia na África Ocidental e sua propagação internacional, baseado no atual ritmo de contaminação e no fluxo de passageiros ao redor do mundo – o que facilita a dispersão do vírus.
Os resultados, publicados pelo periódico “PLoS Currents Outbreaks” mostram que, até 31 de outubro, o Brasil tem 5% de chance de importar o vírus. Gana, Estados Unidos, França, Senegal, Costa do Marfim e Reino Unido encabeçam a lista e têm um risco maior de registrar a doença.
A pesquisa aponta que na Europa é alta a chance de alguns países serem atingidos pela epidemia em outubro. Na França, a probabilidade do país importar o vírus até 24 de outubro é de 75%. Na Grã-Bretanha, de 50%.
Em um outro modelo, que considera uma redução de 80% no tráfego aéreo internacional entre o Brasil e os países da África Ocidental mais afetados pela doença, o risco de registrar um caso diminui para 1%. Essa redução retira o país da lista de "maior risco de importação".
Com as restrições ao tráfego aéreo, essas probabilidades caem para 25% na França e 15% na Grã-Bretanha.
Os dados mais recentes, atualizados no último dia 6, calculam o risco de importação de casos da doença até 31 de outubro. Os pesquisadores vão divulgar atualizações constantemente no site do laboratório americano.
"Em função da atual difusão de informações a respeito da gravidade do ebola, naturalmente ocorre uma redução na procura por passagens aéreas aos paises afetados, por aversão ao risco. Portanto, nós acreditamos que a probabilidade referente ao cenário que já considera redução no fluxo de passageiros mais adequada", disse ao G1 o pesquisador Marcelo Gomes.
"De qualquer forma, é fundamental que as autoridades sanitárias do Brasil estejam em alerta e preparadas para agir de forma rápida e adequada em caso de ocorrência de casos suspeitos de infecção pelo vírus. Pois, embora relativamente pequena, a probabilidade não é nula", complementou o cientista, que está nos Estados Unidos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 3 de outubro foram registrados 3.439 mortes causadas pelo ebola e 7.492 casos de contaminação.
A maioria deles foi registrada na Libéria, seguido de Serra Leoa e Guiné. O levantamento da agência das Nações Unidas contabiliza ainda o primeiro caso confirmado da doença nos Estados Unidos.
Nesta semana, a Espanha confirmou o primeiro caso de contaminação fora da África. Uma enfermeira, que cuidou de dois missionários doentes (era missionários em países onde há epidemia de ebola) foi internada com a doença.
Outras três pessoas foram hospitalizadas no país e são monitoradas sob a suspeita de terem contraído o vírus letal, disseram autoridades de saúde espanholas.
Brasil não registrou nenhum caso até agora
O período de incubação da doença, segundo o ministério, pode variar de 1 a 21 dias e sua transmissão ocorre somente após o início dos sintomas, por meio do contato direto com sangue e/ou secreções da pessoa infectada (incluindo cadáveres), assim como por contato com superfícies ou objetos contaminados.
São consideradas suspeitas pessoas que estiveram em algum dos países citados acima nos últimos 21 dias e que apresentem febre de início súbito, acompanhada de sinais de hemorragia.
O Ministério da Saúde disponibilizou canais de contato para notificação imediata por parte dos profissionais de saúde de casos suspeitos pelo número de telefone: 0800 644 6645 ou pelo email: notifica@saude.gov.br.
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