Petrobras pede à Justiça acesso a depoimentos de dois delatores Diretores da Toyo Setal colaboram com investigações da Lava Jato. Executivos relataram ao MPF como funcionaria 'clube' de empresas.
A Petrobras enviou nesta quinta-feira (4) ofício ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, no qual pede acesso às delações dos executivos Augusto Ribeiro Mendonça Neto e Julio Gerin de Almeida Camargo, da Toyo Setal - uma das fornecedoras da estatal. Os dois dirigentes fizreram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal do Paraná e à Polícia Federal. O pedido foi anexado ao processo nesta sexta (5).
No documento enviado ao juiz Sérgio Moro, a Petrobras argumenta ser necessário o compartilhamento das informações das delações de Mendonça Neto e Julio Camargo para que os processos de investigação internos da estatal sejam complementados.
Conforme transcrição divulgada pela Justiça Federal do Paraná na quarta (3), Mendonça Neto revelou em outubro à PF que parte da propina paga ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque era direcionada ao PT como doação oficial. A direção da legenda, porém, informou que só recebe doações "em conformidade com a legislação eleitoral vigente".
No depoimento aos procuradores da República, Mendonça Neto detalhou como funcionaria o chamado "clube" de empresas que participavam de licitações da Petrobras. O executivo da Toyo Setal afirmou que as regras para as fornecedoras da estatal participarem do acordo era semelhante a regulamentos de campeonatos de futebol.
Mendonça Neto disse ter negociado o pagamento de propina diretamente com Duque. Ele, porém, explicou que normalmente tratava do assunto com o então gerente da área de Serviços da estatal, Pedro Barusco.
Ao depor à Polícia Federal no mês passado Duque negou ter participado de esquema de cobrança de propina de empresas na Petrobras. Pedro Barusco fez acordo de delação premiada e aceitou devolver R$ 250 milhões supostamente desviados da Petrobras.
Refinarias
Augusto Mendonça Neto disse também que ele e Julio Camargo pagaram propina no âmbito das obras da Refinaria do Paraná (Repar) e da Refinaria de Paulínia (Replan). De acordo com ele, no caso da Repar, foi firmado um contrato de prestação de serviços com uma das empresas de Camargo, no valor de R$ 33 milhões. Desse total, R$ 20 milhões foram transferidos ao exterior, em uma conta indicada por Duque, denominada "Marinello".
No caso da Replan, Mendonça Neto afirmou que pagou "comissões" tanto para Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, quanto para Duque. O executivo disse que o valor giraria em torno de R$ 30 milhões.
Na denúncia que serviu de base para as prisões efetuadas no mês passado, na sétima fase da Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal afirma que a doação para partidos políticos de recursos desviados da Petrobras pode ter sido uma "mera estratégia" de lavagem de dinheiro.
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